Planalto diz à CPI não ter registros de passeios de Bolsonaro divulgados nas redes sociais

Por Lisandra Paraguassu

REUTERS/Ueslei Marcelino

BRASÍLIA (Reuters) – Em resposta a um pedido da CPI da Covid, o Gabinete da Presidência da República informou aos senadores que não constam nos registros do Palácio do Planalto visitas do presidente Jair Bolsonaro ao comércio de Brasília ou do entorno do Distrito Federal, apesar de os deslocamentos estarem fartamente documentados nas redes sociais de Bolsonaro.

Em sua resposta à CPI, o chefe de gabinete de Bolsonaro, Célio Faria Júnior, informou que “em pesquisas realizadas nos arquivos deste Gabinete Pessoal, não foram identificados registros oficiais de deslocamentos do senhor presidente da República a comércio de Brasília ou ao entorno do Distrito Federal, no período indicado.”

O chefe de gabinete acrescentou, ainda, que deslocamentos realizados em “caráter privado” não fazem parte da agenda oficial da Presidência.

O ofício foi em resposta a um requerimento do senador Eduardo Girão (Podemos-CE), um dos membros da “tropa de choque” do governo na CPI, mas que se classifica como independente. O senador pediu os registros de passeios do presidente ao entorno desde início de março de 2020.

A resposta oficial do Gabinete da Presidência disfarça sob a justificativa de passeios em “caráter privado” uma negativa de responder à CPI sobre ações das quais o próprio presidente se vangloria.

No início do mês, em um discurso no Palácio do Planalto, Bolsonaro reclamou do pedido da CPI e afirmou: “Eu sempre estive no meio do povo, estarei sempre no meio do povo”.

“Recebo agora documentos da CPI, para eu dizer onde estava nos meus últimos fins de semana, 50? Não interessa onde eu estava. Respeito a CPI. Estive no meio do povo, tenho que dar exemplo”, afirmou.

Nas redes sociais do presidente é fácil encontrar os registros de seus passeios pelo entorno de Brasília. Desde o final de março deste ano, Bolsonaro fez visitas a diversos bairros em pelo menos sete finais de semana.

No dia 20 de março, um sábado, foi ao comércio de Ceilândia, maior cidade do Distrito Federal. Nos finais de semana seguintes, foi a Taguatinga, São Sebastião, voltou à feira de Ceilândia e visitou Cristalina, cidade de Goiás próxima a Brasília.

No dia 9 de maio, fez um passeio de moto com centenas de motoqueiros pelas ruas de Brasília, e no último final de semana participou de manifestações com evangélicos e agropecuaristas na Esplanada dos Ministérios.

Desde o início da pandemia, o presidente frequentemente desrespeita regras básicas de distanciamento social. No final de março do ano passado, ainda com o comércio fechado no Distrito Federal, foi a Ceilândia para criticar as medidas adotadas pelo governo local, participou de vários atos de apoio a seu governo e que pediam o fechamento do STF, manteve viagens pelo Brasil e tem o hábito de fazer o que chama de “paradas não programadas” em pequenas cidades pelo caminho.

Em todas essas visitas, Bolsonaro causa aglomerações, raramente usa máscaras e faz questão de criticar as medidas de restrição de circulação, que são apontadas por especialistas como muito necessárias para conter a propagação da Covid-19.

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