Nos últimos anos, as crises político-econômicas no Brasil e a pandemia de Covid-19 contribuíram para alterar o mundo do trabalho e a forma das pessoas interagirem e consumirem.
Houve migrações regionais, mudanças na composição das famílias (jovens ainda morando com os pais, casamentos e decisão por ter filhos adiados), entre outros fatores que mudaram significativamente o que conhecemos como lar. E nesse cenário, o imóvel passou a ter uma importância maior na vida das pessoas.
Neste contexto, o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) traz luz ao tema ao fornecer informações relevantes e atualizadas sobre a população brasileira e que ajudarão a indústria imobiliária a atender melhor os consumidores a partir de produtos mais adequados.
Alguns destaques do Censo 2022
- Somos agora 203,1 milhões de pessoas, com aumento de 6,45% frente ao censo demográfico anterior, realizado em 2010. Isso representa um acréscimo de 12,3 milhões de pessoas no período.
- A taxa de crescimento anual da população do país foi de 0,52%.
- Temos um potencial de famílias compradoras de imóveis que caiu de 51,4 para 48,3 milhões de famílias (renda a partir de 1,5 salário mínimo).
- Houve um aumento no número de domicílios, que chegou a 90,7 milhões no ano de 2022, um aumento de 34% em relação a 2010.
- Houve uma redução no número médio de moradores por residência, que caiu de 3,31, em 2010, para 2,79, em 2022 — uma queda de 18,7% (O estado que possui a maior média de moradores por domicílios é o Amazonas, de 3,64 habitantes por casa, enquanto no Rio Grande do Sul tem a menor média, de 2,54).
- Entre as cidades mais populosas do país ocorreu uma alteração. Salvador (BA) foi ultrapassada por Brasília (DF) e por Fortaleza (CE), caindo da terceira para a quinta colocação.
- A região Sudeste tem 84,8 milhões de habitantes, o que representa 41,8% da população do país
- Os três estados brasileiros mais populosos – São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro – concentram 39,9% da população brasileira.
- A região Centro-Oeste é a menos populosa, com 16,3 milhões de habitantes, ou 8,0% da população do país.
- Em 2022, as concentrações urbanas abrigavam 124,1 milhões de pessoas, 61%.
- Cerca de 44,8% dos municípios brasileiros tinham até 10 mil habitantes, mas apenas 12,8 milhões de pessoas, ou 6,3% da população do país, viviam em cidades desse porte.
- O estado com o maior número de habitantes do país segue sendo São Paulo, com 44,4 milhões de pessoas. O menos populoso é Roraima, com 636 mil habitantes.
- Em relação a 2010, houve uma troca no grupo dos cinco estados mais populosos do país. O Rio Grande do Sul, que antes ocupava a quinta colocação, foi ultrapassado pelo Paraná.
E a demanda do mercado imobiliário?
Com todas estas mudanças que vêm ocorrendo, a Datastore, empresa que possui o maior bigdata do mercado imobiliário (conjunto de dados) da América Latina, disponibiliza uma análise trimestral (Dataseries) desde 2007, com dados interpretados pelo estatístico Marcus Araújo, fundador e CEO da Companhia.
Neste segundo trimestre de 2023 o Dataseries aponta para uma demanda de intenção de compra das famílias para 24 meses da ordem de 28,07%, ou seja, 13,5 milhões de famílias. Reflexo dos juros altos por sete ciclos e ambiente político ainda muito conturbado desde outubro de 2022. E ajuda o mercado a entender melhor a dinâmica atual.
Um ponto importante que Araújo salienta é que “a demanda imobiliária apresentou uma queda leve, de apenas 0,17% em relação ao primeiro trimestre de 2023, indicando que as turbulências do primeiro semestre frustraram a intenção de comprar um novo imóvel”.
“Mas, há de se destacar que é a menor queda registrada desde o início de 2022. Podemos inferir que a demanda imobiliária estacionou e pode, a depender da política econômica, diga-se queda dos juros, começar a aumentar já no segundo semestre de 2023, que normalmente é mais aquecido que o primeiro semestre. Vamos acompanhar juntos! Já a queda do volume de compradores potenciais se deu pela atualização do novo Censo 2022”, pontua.
No mesmo período, quanto às regiões, Araújo também apontou que “a demanda no Centro-Oeste e Sul voltaram para a casa dos 30% e venceram a crise. O Centro-Oeste pelo agronegócio e o Sul pelo desemprego baixíssimo. O Nordeste caiu bem menos que o esperado e podemos afirmar que começa a se recuperar. E surpreendentemente o gigante Sudeste sentiu as turbulências, a inflação e os juros altos. Não é à toa que os lançamentos caíram no primeiro semestre, mas sabemos que o volume da demanda brasileira em termos de representatividade continua aqui. O Norte ainda está em queda”.
Outro número destacado por Araújo diz respeito a velocidade de vendas, medido pelo interesse em adquirir imóveis em 12 meses.
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“A intenção de comprar um imóvel nos próximos 12 meses se manteve estável, ou seja, chegamos ao fundo do poço da baixa velocidade de vendas e o poço é raso, pois 44% é um excelente número, bem acima dos percentuais alcançados em 2016 a 2019 quando sempre ficava entre 30% e 39%, novamente há uma alta probabilidade de termos uma retomada da velocidade de vendas no segundo semestre. Quando a Selic está alta, mas a inflação está baixa, sob controle, cria-se uma mola comprimida na demanda, ao mínimo sinal de queda dos juros as pessoas voltam a comprar imóveis”, para Araújo.
É importante ressaltar que mesmo com a população com crescimento em níveis baixos, temos uma demanda imobiliária interessante, principalmente nos lançamentos, pois, os estoques de imóveis nem sempre atendem os desejos dos consumidores. Vamos acompanhar os próximos resultados.