Gentilezas urbanas: construção civil aposta em ações inspiradoras

Talvez você já tenha escutado falar do tema gentilezas urbanas. Basicamente, são cortesias e cuidados que contribuem para melhorar a qualidade de vida nas áreas urbanas, principalmente através de ações e comportamentos que promovem um convívio pacífico, harmonioso e respeitoso entre os cidadãos, especialmente em espaços públicos e compartilhados.

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Tapume do Futuro - ALTMA/AGL | Divulgação

Alguns exemplos são ceder o lugar no transporte público para idosos e gestantes; descartar o lixo corretamente; ajudar na preservação de parques, praças e monumentos; ações voluntárias como mutirões de arborização; reforma de espaços públicos; bibliotecas de ruas… Com estas práticas, as cidades acabam se tornando mais acolhedoras, inclusivas e seguras.

A indústria imobiliária tem dado atenção à pauta de gentilezas urbanas, com muitos exemplos inspiradores. Em geral, uma obra acaba tendo impactos no trânsito, na circulação de pedestres, na rotina dos vizinhos, na geração de sujeiras nas ruas, além de todo o impacto com ruídos dos equipamentos utilizados nos canteiros.

Mas isso tem mudado nos últimos anos, onde muitos casos práticos de empresas preocupadas com esta mudança têm sido implementados. Conversamos com executivos do setor e compartilhamos abaixo projetos e ações em andamento.

Construtora maringaense aposta em conceitos do Novo Urbanismo

A criação de espaços públicos acessíveis e inclusivos em seus empreendimentos tem sido um dos conceitos aplicados no desenvolvimento de produtos imobiliários da Bravo Empreendimentos, empresa que está na vanguarda da inovação e que possui sede em Maringá, no Noroeste do Paraná. É uma abordagem onde há uma proposta diferenciada de moradia, mais focada no compartilhamento e na valorização do morar.

Para Evandro Rodrigues, CEO da Bravo, “inovamos ao investir nesta cultura de inclusão da comunidade em nossos empreendimentos. Pensamos desde o acesso aos edifícios, inclusão de espaço mall nos térreos e passeios abertos, que facilitam o trânsito de pedestres e ajudam a resolver um problema urbanístico”. Na prática, são espaços vibrantes e que promovem a interação social das pessoas.

E a iniciativa se diferencia porque não existe incentivo da municipalidade neste sentido, pelo Plano Diretor vigente. Para o executivo, “seriam necessárias políticas públicas que potencializassem este tipo de iniciativa, tais como uma melhoria dos coeficientes de aproveitamento dos terrenos e consequente melhor ocupação do uso do solo”.

Outro exemplo adotado pela empresa é a implantação de um estande de vendas (loja conceito), que partiu da ideia de uma reforma de um imóvel no Centro Velho de Maringá. Observem as etapas desta belíssima revitalização. Além dos processos inerentes ao disposto nas normas de certificação de qualidade, a Bravo planeja implementar ações como disponibilizar água para pets, tapumes interativos com bombas para encher pneus de bicicleta, carregamento de celulares, entre outros.

A empresa possui três empreendimentos em construção, todos no modelo de moradia por assinatura com a Housi, sendo que o BE Bonifácio (previsão de entrega para outubro de 2026) e o Be Garden (previsão de entrega para julho de 2026) seguem esta lógica de gentilezas urbanas.

Incorporadora curitibana aposta em espaço de uso coletivo

A ALTMA, incorporadora de Curitiba, também está seguindo a tendência das gentilezas urbanas. Em parceria com a HIEX, transformaram um terreno onde será construído o primeiro empreendimento residencial no modelo student housing de Curitiba em um espaço de uso coletivo para lazer, prática de esportes e eventos abertos à comunidade: o HUB ALTMA HIEX, no Prado Velho.

O terreno ficaria sem utilidade por quase dois anos e com a iniciativa se tornará uma praça de uso comunitário em frente ao campus principal de uma das maiores universidades do Paraná. No local será construído o primeiro condomínio multiresidencial de moradia estudantil do estado. As obras iniciarão em 2024, mas o terreno já está sendo usado pela comunidade da universidade, além da população do bairro.

O espaço de 2.000 metros quadrados, que tem quadras de beach tennis, vôlei e basquete, foi imaginado depois de estudo de diagnóstico sobre as características e preferências dos moradores da região, com o propósito da ativação do terreno para gerar experiências antes da entrega do empreendimento. Com módulos que podem ser aproveitados para diferentes atividades, a praça também tem infraestrutura para apresentações artísticas, eventos gastronômicos e encontros organizados pelos moradores.

O projeto foi desenvolvido pela Urbideias, um estúdio-laboratório de urbanismo, pioneiro no Sul do país. Segundo o arquiteto e urbanista Richard Viana, um dos sócios do escritório, a proposta é oferecer algo de bom para a cidade, sem a expectativa de retorno financeiro.

“Quando ofereço algo positivo para a cidade, a cidade também me oferece algo bom. Projetos que envolvem gentilezas urbanas atraem empresas interessadas em inovação e preocupadas com o bem-estar das pessoas, um valor elementar e inegociável”, avalia.

O HUB ALTMA HIEX mobilizou estudantes de Design em um concurso cultural para as intervenções artísticas nos muros internos do espaço. Por sugestão da consultoria contratada para o projeto, também foi promovido um concurso de fotografia com o tema “A Vida Universitária Fora da Sala de Aula”, que teve o envolvimento de universitários de várias instituições de ensino superior brasileiras, além de estudantes estrangeiros.

“As fotos selecionadas estão em exposição no espaço. Tivemos participações até de estudantes da Itália. O engajamento reforçou a importância de oferecer espaços como o hub dentro do ambiente urbano”, sustenta o arquiteto.

Além disso, para outro lançamento previsto para o primeiro semestre de 2024, no Portão, em cooperação com a AGL, a incorporadora planeja a implementação de tapumes inteligentes, com painel de experiências informativas e interativas, que incluem coleta de resíduos recicláveis e orgânicos.

De acordo com Gabriel Falavina, diretor de desenvolvimento imobiliário da ALTMA, “é preciso reconhecer que nossa intervenção gera responsabilidade, porque é capaz de trazer consequências e impactos positivos ou negativos para a sociedade. As gentilezas urbanas são formas de compensar transtornos, mas não apenas isso. Tirar o muro de alinhamento predial de um projeto, doando o recuo para a via pública, é um exemplo, já que permite ampliar a calçada e, com paisagismo e iluminação, melhorar a experiência dos pedestres. Subutilizar o potencial construtivo para colocar mais verde e menos concreto em um projeto é também uma forma de contribuir com o paisagismo da cidade e qualidade de vida da população”, explica.

Outro exemplo que teve a adesão da ALTMA foi a revitalização da sede da associação de moradores da Vila Joanita, comunidade fundada há mais de 50 anos, onde residem cerca de 400 famílias atualmente.

Localizada entre o Tarumã e o Bairro Alto, a área está em processo de regularização e, por iniciativa do Instituto WF, recebeu o projeto social com o apoio de empresas do setor da construção civil. Com investimento de R$ 400 mil na reforma, o espaço agora recebe atividades educacionais e culturais, além de fortalecer lideranças comunitárias femininas.

O salão tem banheiros, mesas, cadeiras, pia, bebedouro e acessibilidade. Além de diversos outros voluntários e colaboradores, cerca de cem pessoas trabalharam diretamente na obra.

“A participação da ALTMA na iniciativa foi uma oportunidade de contribuir com algo útil para uma comunidade que precisa de apoio. No projeto da Vila Joanita, com parte dos recursos do empreendimento que fizemos em um local mais nobre, conseguimos auxiliar uma região importante para a cidade,que precisa de atenção”, conclui Falavina.

As gentilezas urbanas vão além da mera construção de edifícios e empreendimentos. Trata-se de uma filosofia que valoriza a integração e o benefício para a comunidade, priorizando o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas. Os exemplos citados contribuem com a responsabilidade socioambiental, fomentam a participação cidadã e enriquecem a experiência urbana. Assim teremos cidades cada vez mais humanas e justas.

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