Por mais segura e madura que seja a mulher (esposa) vai dizer: NÃO. Por mais fiel e parceiro que seja, o marido vai dizer: NÃO TEM NADA A VER. E aí fica a dúvida: amizades nesse formato podem atrapalhar o casamento? A minha resposta como profissional da área é: SIM, pode atrapalhar e, inclusive, ser motivo de divórcio.
Casou, das duas uma: ou a amiga solteira torna-se amiga do casal, recuando na proximidade com o homem, entendendo que por mais que a amizade seja mais antiga que o relacionamento, ela perdeu o espaço, ou mais cedo ou mais tarde essa amizade será pauta de discussão.
Cada um tem uma história para contar sobre o tema. Alguns garantem que já testemunharam casamentos duradouros rodeados por amizades solteiras do sexo oposto. Concordo que pode haver exceções, mas o padrão é que tal situação não costuma acabar bem. Posso argumentar minha opinião com dois simples motivos.
O primeiro é que, por mais que a parte “comprometida” dessa amizade não tenha intenções, a atração física pode acontecer por qualquer uma das partes. Até porque, onde há amizade, há também admiração, e se há admiração, há uma linha bem estreita para atração.
Outro ponto é que a relação de amizade sempre será mais leve que de um casamento, afinal, sua amiga será apenas a parte ouvinte de fases ruins, no máximo conselheira. Já sua esposa será a pessoa que fará parte desses momentos, que terá que discutir com você formas de sair da crise.
É como se a amiga ficasse apenas com os dias ensolarados das quatro estações do ano. Qual é a relação mais leve? E aí pode surgir aquele pensamento: “puxa, com ela é tudo tão gostoso, tão alegre… Por que não”? Juro, nessa caminhada acompanhando casais já vi muita esposa ser trocada pela “amiga gente boa”. A única questão que não é analisada nesse câmbio é que quando a amiga passa ser a pessoa que vai dividir os BOs, deixa de ser tão gente boa assim. Cilada, Bino!
- “O ciúme é o tempero da relação”. Será?
- Casou? Não pare de beijar!
- Um casal saudável também discute. Não fuja das DRs!
Então, se você é marido, tente se colocar no lugar da sua esposa. Imagine ela trocando mensagens com um amigo no meio da tarde, mandando fotos do seu dia… ruim, né? Então pronto. Converse com sua amiga, diga a ela que você não gostaria de saber que sua esposa mantém uma relação assim e se afaste. A consideração será mantida (obviamente, se a amizade era só amizade mesmo).
Se você é a amiga, recue! Por tudo de bom que deseja ao seu amigo, se afaste. Entenda que todos os momentos compartilhados na solteirice estarão para sempre no coração de ambos, mas que agora você não é prioridade na vida dele. A roda da vida girou, ciclos são iniciados e encerrados a todo momento. Caso tenha contato com a esposa, a acolha. Ela não é sua adversária, porém não force uma amizade apenas para estar perto do seu amigo.
Se você é a esposa (primeiro mostre esse conteúdo ao seu marido), converse sobre o desconforto que dividi-lo te causa. Dê exemplos fazendo-o imaginar como se sentiria se fosse o contrário. Assuma seu lugar, não aceite brechas, você não se casou para isso.
E por fim, cada um ocupando seu devido lugar, usando de bom senso e empatia (com um pouco de sorte, é claro) a história acabará com um “felizes para sempre”.
Sobre a autora
Elaine Damasceno (@elaine_damascenoo) é terapeuta de casais e idealizadora da Comunidade Vida de Casada, um espaço de acolhimento a mulheres que buscam evolução como esposas. Psicanalista formada pelo Instituto Brasileiro de Psicanálise Clínica (IBPC); certificada em Coach com formação em Professional e Self Coaching pelo Instituto Brasileiro de Coaching (IBC); especialista em Inteligência Emocional com ênfase em Família (IBC); especialista em Análise Comportamental (IBC); Graduada em Comunicação Social – Jornalismo – Unopar. Casada com Bruno Santos, mãe de 3 (Nicolle, Luiza e Theo).