Casamento e a chegada dos filhos: como manter a harmonia?

Trago alguns dados que podem assustar. Uma pesquisa realizada pelo site de parentalidade ChannelMum.com aponta que 23% dos casais divorciam-se após a chegada do primeiro filho, mais precisamente antes do bebê completar um ano de vida.

Minha intenção aqui não é desencorajar casais a terem filhos. Pelo contrário, precisamos entender o que está faltando (ou sobrando) nesses casamentos ao ponto de transformar o sonho de ter filhos no pesadelo do divórcio.

Como Terapeuta de Casais, posso afirmar que pontos importantes são ignorados quando pensamos na organização dessa nova dinâmica familiar. Entre eles posso ressaltar a extrema necessidade da elaboração de ACORDOS entre o casal e a falsa romantização do puerpério (período pós-parto).

Primeiro precisamos entender que a gravidez é vista de forma bem diferente pelo novo “papai” e pela nova “mamãe” – já falamos sobre essas diferenças nessa coluna. Após a chegada do bebê essas divergências passam a ficar mais evidentes, já que os cursos para gestantes preparam os futuros papais apenas para a troca de fraldas e para as atividades mais “operacionais”. O foco é o cuidado do bebê, a amamentação do bebê, o sono do bebê, o enxoval do bebê… enquanto o psicológico dos adultos envolvidos recebe uma descarga de indiferença e o casamento fica na última colocação da escala de prioridades.

Ok, Elaine, mas então o que fazer para evitar que meu casamento entre na dura estatística do início desse conteúdo?

Vamos à algumas medidas práticas que podem te ajudar:

• Durante a gravidez é importante que ambos (papai e mamãe) se informem sobre o puerpério e sobre as mudanças hormonais da mulher que acarretarão uma oscilação de humor e das emoções.

• Mesmo considerando as diferenças entre os bebês e a dinâmica de cada família algumas coisas são comuns a todos os seres desse mundão no pós-parto: o corpo dói e a privação do sono tortura. Façam acordos que permitam ambos descansar. Dividam as responsabilidades. A impressão de que o outro não está se importando com o seu desgaste é um dos principais motivos de discussão nesse período.

• Ajuda nesse período é sempre bem-vinda. A vovó, a madrinha, a babá… Porém, cuidado! Entendendo que a ajuda é temporária, não retire o papai das atividades que ele terá que realizar quando o casal não contar mais com o apoio de terceiros, ele não estará preparado. O ideal é que o papai seja sempre o “SEGUNDO” colo do bebê. A ajuda vem depois.

• Sempre que possível, conversem sobre o casamento, sobre vocês, se olhem, se beijem. Entendam que mesmo que o foco não seja o ato sexual vocês não podem se perder como casal. Aproveitem a ajuda da vovó e saiam para tomar um sorvete de mãos dadas. Parece inadequado ao momento, mas eu garanto que não é.

• Comuniquem-se. Falem o óbvio. Não contem com o famoso: “ele já deveria saber”. Facilitaria se o papai fizesse o bebê dormir hoje? Peça. Suas emoções estão afloradas hoje, converse. Isso aproximará vocês.

O momento é desafiador sim, mas a sensação de ver uma nova vida sendo moldada por vocês compensa qualquer desgaste. Unam-se, conversem, aceitem errar, admitam vulnerabilidades e acima de tudo, se respeitem. Assim a harmonia reinará. Eu garanto!

Sobre a autora

Elaine Damasceno (@elaine_damascenoo) é terapeuta de casais e idealizadora da Comunidade Vida de Casada, um espaço de acolhimento a mulheres que buscam evolução como esposas. Psicanalista formada pelo Instituto Brasileiro de Psicanálise Clínica (IBPC); certificada em Coach com formação em Professional e Self Coaching pelo Instituto Brasileiro de Coaching (IBC); especialista em Inteligência Emocional com ênfase em Família (IBC); especialista em Análise Comportamental (IBC); Graduada em Comunicação Social – Jornalismo – Unopar. Casada com Bruno Santos, mãe de 3 (Nicolle, Luiza e Theo).