Certamente você já ouviu que o ciúme apimenta a relação. Venho com toda a experiência em atendimento a casais dizer que sim, o ditado procede – o ciúme é um ingrediente que pode deixar o relacionamento mais gostoso.
A grande questão é que não é raro perdermos a mão nesse tempero e o que era para ser um ‘incremento’ vira um excesso, um peso e, por vezes, nos faz perder o prato todo.
Buscando a ótica positiva, o ciúme saudável é aquele que é demonstrado em situações pontuais, é o zelo, o cuidado. São atitudes que não geram desconforto para nenhuma das partes, apenas uma sensação de estar sendo protegido e valorizado. O ciúme positivo é o tempero que deixa aquele gostinho leve, quase imperceptível ao final de cada garfada.
Por outro lado, podemos identificar o ciúme como um sentimento prejudicial quando o zelo e o cuidado dão lugar ao controle, ao sentimento de posse e à vigília constante. Tais sentimentos alimentados pela insegurança.
Nesse caso, há sofrimento, tanto da parte de quem sente quanto de quem recebe, e é nesse contexto que o tal tempero vira um ingrediente destrutivo, dando forma a relacionamentos abusivos, sufocantes e até fatais.
Como diferenciar o ciúme saudável do doentio
Ao nos entregarmos para um relacionamento, temos a tendência de romantizar algumas atitudes ruins a fim de fazer dar certo. Alguns comportamentos devem ser vistos como um sinal de que algo não vai bem e precisa ser ajustado e/ou corrigido. Entre eles:
- Exigência de exclusividade: Alimenta ao outro a sensação de que ele/ela é a única pessoa que se importa e quer seu bem. Incentiva o afastamento de amigos e familiares.
- Excesso de controle: Faz com que o outro sinta-se na obrigação de relatar e justificar todos os seus passos. Onde foi, com quem e por quê.
- Monitoramento: Invasão de telefones, redes sociais, e-mails. Em alguns casos exige ter a senha de tudo.
- Exclusão da vida social: O casal deixa de participar de eventos a fim de evitar que o outro se interesse por alguém.
Fique atento ao ciúme patológico
O ciúme dado como patológico é progressivo e perigoso, portanto, tão logo identificado, deve passar por acompanhamento profissional. O tratamento consistirá em entender as causas, ressignificá-las e treinar habilidades para lidar com possíveis gatilhos emocionais.
Sobre a autora
Elaine Damasceno (@elaine_damascenoo) é terapeuta de casais e idealizadora da Comunidade Vida de Casada, um espaço de acolhimento a mulheres que buscam evolução como esposas. Psicanalista formada pelo Instituto Brasileiro de Psicanálise Clínica (IBPC); certificada em Coach com formação em Professional e Self Coaching pelo Instituto Brasileiro de Coaching (IBC); especialista em Inteligência Emocional com ênfase em Família (IBC); especialista em Análise Comportamental (IBC); Graduada em Comunicação Social – Jornalismo – Unopar. Casada com Bruno Santos, mãe de 3 (Nicolle, Luiza e Theo).