Quase tão difícil como a decisão de se casar, o dilema entre tentar uma restauração do casamento e optar pelo divórcio tem virado a cabeça de muitos casais por esse mundão afora. Primeiro, porque divorciar-se é quase tão caro quanto casar (sim, não estou exagerando), segundo que, por mais que a modernidade imprima a frase: “se não der certo, separa”, ninguém casa com a intenção de separar.
Nesse contexto, entender quando é hora de desistir pode poupar sua saúde física e mental, proteger seus filhos de cenários responsáveis por traumas e até, quem sabe, te liberar para um novo amor (porque não?).
Em toda minha jornada com casais, posso traçar alguns pontos que indicam que o casamento merece ainda um gás extra de atenção e energia. Por outro lado, outros indicam que sim, é hora de recalcular essa rota, economizando um desgaste ainda maior.
Obviamente que é uma somatória de fatos, a dinâmica de cada casal é única, mas algumas bandeiras de desistência devem ser levantadas quando:
- Houver agressões físicas: não tem negociação. É a prova máxima que o casamento chegou ao fim, até porque, nenhuma agressão começa ‘do nada’. Muito provavelmente esse casal já vem de um histórico de falta de respeito, quebra de acordos e abusos psicológicos.
- Objetivos diferentes: tem alguns assuntos que podemos pensar em buscar um ponto de equilíbrio. Outros, não existe meio termo. Ter ou não filhos é um desses que não dá para equilibrar. Ela não abre mão do sonho de ser mãe. Ele não suporta pensar na possibilidade. Seria justo então esse ‘ceder’, pensando que o fruto dessa divergência será uma vida? Minha resposta quanto profissional é NÃO!
- Traições sucessivas: costumo dizer que quem trai uma vez talvez não traia duas, mas quem trai cinco, muito provavelmente trairá seis. E se for para assim ser, de que adianta dividir a caminhada?
Da mesma forma, precisamos entender que algumas situações rotuladas como O FIM podem sim ter sucesso, desde que os dois cônjuges estejam dispostos a assumir a responsabilidade da restauração. São eles:
- Dificuldade de comunicação: “eu falo A e ela entende B, definitivamente não dá mais”! Opa, opa, opa… Talvez não seja bem assim. A falta de diálogo, ou ainda, de estratégias de diálogo, tem sim a possibilidade de ser corrigida. Nesse caso, o casal pode contar com ajuda profissional. Exige dedicação, empatia e treino, mas asseguro que dá resultado.
- Família de origem x cônjuge: “ele prefere ajudar a mãe a me ajudar”. Situação desconfortável, eu sei. Porém essa postura vem de lacunas em outras fases da vida ou até do exemplo que teve na casa dos pais. Entender quais foram essas lacunas e/ou organizar a lista de prioridades pode sim equilibrar essa relação.
- Divergência na criação dos filhos: “não quero que meu filho tenha essa criação”. Lamento informar, mas seu filho vai continuar sendo dele/dela mesmo após o divórcio. Se essa for a única barreira entre esse casal vale dedicar-se ao meio termo de opiniões. O divórcio não é a solução.
Olhar para si, entender onde está a sua responsabilidade nessa relação e identificar até onde você pode ir sem se ferir é a grande resposta que você procura para o dilema: separar ou não. O amor é uma decisão, não um sentimento. Um casamento sólido se constrói, porém o trabalho é em equipe, sozinha (o) você não vai sair do lugar. Eu garanto!
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Sobre a autora
Elaine Damasceno (@elaine_damascenoo) é terapeuta de casais e idealizadora da Comunidade Vida de Casada, um espaço de acolhimento a mulheres que buscam evolução como esposas. Psicanalista formada pelo Instituto Brasileiro de Psicanálise Clínica (IBPC); certificada em Coach com formação em Professional e Self Coaching pelo Instituto Brasileiro de Coaching (IBC); especialista em Inteligência Emocional com ênfase em Família (IBC); especialista em Análise Comportamental (IBC); Graduada em Comunicação Social – Jornalismo – Unopar. Casada com Bruno Santos, mãe de 3 (Nicolle, Luiza e Theo).