Frequentemente recebo essa demanda no consultório. O afastamento do casal após o nascimento dos filhos (principalmente após o primeiro) atinge 95% dos casais, portanto, é bastante normal.
Para começar, vamos a um dado um pouco mais assustador: segundo uma pesquisa realizada pela ChannelMum.com, no Reino Unido, o afastamento após a chegada do filho evolui para o divórcio em um quinto dos casais, antes mesmo do primeiro ano do bebê.
Minha intenção não é te desmotivar a ter filhos, tampouco fazer com que vocês culpem esses “pacotinhos de amor” pela crise do seu casamento. Quero deixar aqui um alerta e dicas do que fazer para que você não entre nessa estatística.
Para começar, vamos pensar na etapa inicial da vida do casal, que pode ser antes mesmo do casamento. Compartilhar com o cônjuge (ou ainda namorado/noivo) sua expectativa com relação a ter ou não filhos vai impedir frustações futuras. Até porque, para a maioria das divergências existe um ponto de equilíbrio, mas no caso de ter filhos esse plano não é possível, afinal não podemos ter ‘meio’ filho. É importante que, se seu sonho de ser mãe é algo inegociável, mas seu futuro marido já tem outros filhos ou por qualquer outro motivo não quer ter mais filhos, repense nesse casamento.
Então o exame positivo veio, o sonho se concretizou. Minha dica aqui é que você entenda que homens e mulheres vivem a gravidez de formas diferentes, respeite isso. Mulheres passam horas pesquisando nomes, ideias de chá revelação, projetos de quartos… Homens pensam como vão pagar os custos de um bebê, se a cadeirinha vai se adaptar ao carro, quanto custa um pacote de fraldas, etc. Não entender essa diferença é abrir as portas para cobranças e acusações do tipo: “você está me deixando sonhar sozinha”, ou ainda “você está gastando demais nesse enxoval”.
Durante a gravidez, não podemos esquecer que esse novo papai e essa nova mamãe são, antes de tudo, marido e mulher. Momentos românticos, elogios, presentes, contato físico/sexual não podem ser esquecidos. É nesse momento que percebo os casais se perdendo. O único assunto passa a ser o bebê, e isso está errado.
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O bebê nasceu… Que sonho, que momento especial! Agora é que separam os homens dos meninos. A mulher passa por uma explosão hormonal, assim como por uma sobrecarga física e emocional absurda. Para o homem, cabe a paciência, a ajuda e a compreensão. Para a mulher fica o cuidado e o entendimento que essa fase de entrega 100% é passageira. Delegar funções ao papai vai fazer com que a dinâmica fique mais leve. Para o casal fica a consciência de que tudo que for plantado nessa etapa será colhido depois.
Ainda que o sexo não seja o foco nesse momento, investir em massagens, carinho, toque nunca é demais, isso fará com que a conexão física não se perca. Empatia nesse momento é a palavra de ordem. Entender o sentimento, as preocupações e os medos do outro fará com que o casal se complemente nessa fase. Fácil? Ninguém falou que seria, porém se as ações forem conscientes o processo ficará mais leve. Eu garanto.
Sobre a autora
Elaine Damasceno (@elaine_damascenoo) é terapeuta de casais e idealizadora da Comunidade Vida de Casada, um espaço de acolhimento a mulheres que buscam evolução como esposas. Psicanalista formada pelo Instituto Brasileiro de Psicanálise Clínica (IBPC); certificada em Coach com formação em Professional e Self Coaching pelo Instituto Brasileiro de Coaching (IBC); especialista em Inteligência Emocional com ênfase em Família (IBC); especialista em Análise Comportamental (IBC); Graduada em Comunicação Social – Jornalismo – Unopar. Casada com Bruno Santos, mãe de 3 (Nicolle, Luiza e Theo).