Assessores de Vinicius Junior afirmam que polícia tentou ‘minimizar’ denuncia de racismo

IVAN FINOTTI

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Fotos: Joilson Marconne / CBF

BARCELONA, ESPANHA (FOLHAPRESS) – O assessor pessoal do jogador Vinicius Junior, Felipe Silveira, que afirmou ter recebido uma banana das mãos de um segurança do estádio RCDE, em Barcelona, antes do jogo do Brasil contra a Guiné, no sábado (17), fez uma denúncia formal à polícia na manhã deste domingo (18).

Segundo um dos membros da equipe de Vinicius Junior, que estava presente no momento do insulto racista e que acompanhou Silveira à delegacia próxima ao estádio, “a gente mais uma vez nota como eles não consideram o racismo crime na Espanha”.

O primeiro policial que os atendeu fez um “alerta” de que havia a possibilidade de um juiz encarar o gesto como uma brincadeira, e não como uma ofensa. Já o segundo policial lamentou o fato e comentou que Samuel Eto’o, atleta camaronês, sofreu muito com atitudes racistas quando jogou pelo Barcelona, entre 2004 e 2009.

Silveira não quis falar com a imprensa. De tarde, ele e o restante do estafe do jogador deixaram a Espanha em direção a Portugal, para acompanhar o jogo da seleção brasileira contra Senegal em Lisboa, na terça (20), às 16h (horário de Brasília).

Na delegacia, Silveira solicitou que possíveis imagens feitas no momento do incidente sejam anexadas à denúncia. Segundo seu colega, “a gente não tem muita expectativa ou esperança de punição”.

“O que mais me chamou a atenção ontem [sábado], depois do ato de racismo, foi como todas as pessoas, as autoridades, os chefes de segurança, todos minimizaram e tentaram dizer que aquilo era algo normal. Que a gente deveria deixar para lá, que é a cultura espanhola e vida que segue.”

Silveira denunciou ter recebido uma banana das mãos de um segurança ao entrar no estádio antes da partida. Ele estava acompanhado de três outros membros da equipe de Vinicius Junior, incluindo o empresário do jogador.

Os três, que eram brancos, entraram sem serem abordados, mas quando chegou a ver de Silveira, um segurança teria empurrado uma banana em seu peito e dito “mãos para o alto que essa aqui é minha pistola”.

Não bastasse o ato criminoso, ele aconteceu justamente na partida em que a CBF escolheu para ser um marco no combate ao racismo. A seleção estava de uniforme preto pela primeira vez em seus 109 anos de história e os jogadores do Brasil e de Guiné se ajoelharam ou se sentaram no gramado durante o minuto de silêncio.

Inscrições como “Racismo é crime”, “Com racismo não tem jogo” e “Vamos expulsar o racismo” foram exibidos nos telões e nas placas de publicidade, enquanto, antes do jogo e no intervalo, artistas brasileiros negros eram ouvidos nos alto falantes.

“Enquanto eu jogava com a já histórica camisa preta e me emocionava, meu amigo foi humilhado e ironizado na entrada do estádio”, afirmou Vinicius Junior em postagem no Twitter. “Para deixar tudo público, pergunto aos responsáveis: onde estão as imagens das câmeras de segurança?”, cobrou.

A partida contra a Guiné terminou em goleada: 4 a 1 para o Brasil. Joelinton e Rodrygo abriram o placar e Guirassy, da Guiné, fez de cabeça ainda no primeiro tempo. Na etapa complementar, Éder Militão e o próprio Vinicius, de pênalti fecharam o placar.

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