IGOR SIQUEIRA
RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – O técnico Abel Ferreira está livre para comandar o Palmeiras na Copa do Brasil, contra o São Paulo, após ser julgado duas vezes nesta segunda-feira (10), no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).
O treinador foi absolvido em um processo (confusão contra o São Paulo) e condenado em outro (expulsão contra o Fortaleza).
Mas como já cumpriu a suspensão automática pelo cartão vermelho no segundo caso, não tem mais “dívidas” disciplinares a pagar.
As decisões foram em primeira instância. Portanto, cabe recurso a elas.
O QUE FOI AVALIADO
Abel foi absolvido no primeiro processo porque os auditores entenderam que o árbitro de campo estava perto para avaliar o comportamento dele durante uma confusão com Calleri à beira do campo no jogo contra o São Paulo. O técnico levou amarelo. Ainda que tenha havido um suposto xingamento ao árbitro Raphael Claus, os auditores não decidiram aplicar punição por isso.
No segundo processo, Abel foi condenado a um jogo de suspensão pelo cartão vermelho contra o Fortaleza, pela Copa do Brasil. Mas como já tinha cumprido a automática, não precisa ficar fora de mais um jogo. Os auditores decidiram pela condenação no caso por conta do xingamento registrado na súmula e na resistência de Abel em sair do campo, gerando mais uma paralisação da partida.
PALMEIRAS PREOCUPADO NO JULGAMENTO
A defesa do Palmeiras fez questão de expor a preocupação com a série de cartões e julgamentos envolvendo Abel Ferreira. Havia o temor de perder o treinador para o jogo contra o São Paulo, pelas quartas de final da Copa do Brasil.
“Sendo bastante sincero, para a gente não é nada confortável ficar defendendo, defendendo o Abel. Não é gostoso para o tribunal, para os advogados do Palmeiras. A gente teve uma denúncia anterior. É ruim fazer no mesmo julgamento duas denúncias sobre o mesmo técnico. A gente tem no Palmeiras a sensação de que na metade dos casos e, de fato, fica até preocupado a gente percebe que o Abel merecia a expulsão. Mas em outra metade a gente tem a certeza que a expulsão não deveria ter ocorrido. Esse é um desses casos que deixa a defesa e o treinador desgostoso. (…) Uma expulsão desnecessária é julgada previamente a um jogo que decide se o Palmeiras passa de fase em uma das competições mais importantes do país, que tem premiação que impacta no orçamento anual”, afirmou André Sica, advogado do Palmeiras.
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Os auditores da primeira comissão disciplinar se manifestaram nos seus votos sobre o tratamento dado a Abel.
“Não julgamos a fama do Abel Ferreira. Julgamos a conduta. Ele é um dos mais vitoriosos técnicos. Ele esteve aqui pela primeira vez em 18 de janeiro de 2021. Ele elogiou o funcionamento do nosso tribunal. Teve amplo direito de defesa. Prestou depoimento. Ele já foi punido seis vees no artigo 258 (atuar de forma contrária à ética desportiva) de lá para cá. Isso talvez seja a fama. Mas julgamos a conduta”, disse o auditor Alcino Guedes, presidente da comissão.
“Quero repudiar insinuações de que existe uma perseguição contra o técnico. Julgamos os fatos, as condutas, as ocorrências. O fato de eventual punição vir a atingir presença ou participação de jogador, dirigente ou treinador não influencia o agendamento do julgamento, a pauta e muito menos no juízo que as comissões fazem”, reforçou José Maria Philomeno, que relatou o primeiro processo.
Ao fim do julgamento, Sica pediu a palavra mais uma vez para um acréscimo ao que tinha dito durante a sustentação.
“Quero me manifestar em respeito completo ao tribunal. Mas a preocupação não foi em momento de marcação. Mas o clube sentiu que esta expulsão, em si, foi injusta. Sendo injusta, causa mais desconforto ainda ter que defender em um momento tão importante. Mas fiquem tranquilos que o respeito pelo tribunal é o mais absoluto. Tínhamos a certeza que o trabalho seria o mais técnico possível”, disse o advogado palmeirense.