Copa do Mundo: recorrência de batidas de cabeça entre jogadores pode levar a quadro degenerativo cerebral

Nesta edição da Copa do Mundo, alguns casos de batidas entre cabeças dos jogadores marcaram a competição pela sua intensidade. O risco desses episódios é quase inevitável no futebol pela sua característica de contato e isso traz um alerta sobre os perigos momentâneos e até mesmo posteriores deste tipo de choque. O neurologista do Hospital Edmundo Vasconcelos, Manoel Antônio de Paiva Neto, explica que dependendo da gravidade e recorrência deste impacto, pode-se chegar a um quadro degenerativo cerebral.

Foto: Reprodução/Adobe Stock

“Traumas de crânio ocorridos durante partidas podem variar desde ferimentos leves até lesões mais graves. Quando há uma concussão – alteração de nível de consciência –, precisamos ficar atentos em dois cenários: o primeiro está relacionado a um trauma posterior sem a recuperação do primeiro e, o segundo, quando há múltiplos desse tipo de trauma durante a vida. Esses são os exemplos que podem trazer riscos neurológicos futuros”, conta o médico.

A primeira situação citada pelo especialista é classificada como Síndrome do Segundo Impacto. Nesses casos, há possibilidade de ocasionar danos cerebrais com morte celular e inchaço pela não recuperação completa do trauma – que desperta uma série de alterações metabólicas e funcionais no cérebro. “Essas alterações demandam, às vezes, semanas para se resolverem e, portanto, quando há um segundo trauma nesse período, as chances de consequências negativas são altas”.

O segundo cenário ganha um novo nome: encefalopatia traumática crônica e assim como comentado pelo neurologista, refere-se a múltiplas concussões. O resultado nada positivo dessa sequência de traumas é um quadro degenerativo cerebral, refletindo em problemas psiquiátricos. “O contexto pode ser marcado por demência e sintomas de doença de Parkinson, que podem ter início anos após o término da prática esportiva”, alerta Neto.

Diferente do que pode parecer, as concussões são traumas de baixo impacto, resultantes do movimento de aceleração e desaceleração do crânio – o que não retira a gravidade do problema. Para isso, vale ter acompanhamento rápido na partida e uma continuidade dos cuidados para evitar qualquer outra adversidade. De acordo com o médico, o primeiro ato é a retirada deste paciente do jogo.

“O ideal é que esses atletas sejam observados e acompanhados nos dias após o trauma. Não é necessário exames de imagem em todos que sofrem concussão. Uma tomografia de crânio sem contraste pode ser indicada em casos de cefaleia persistente, vômitos, perdas de consciência que duram vários minutos ou piora neurológica como sonolência e perda de força”, conclui.

Entre no grupo do Massa News
e receba as principais noticias
direto no seu WhatsApp!
ENTRAR NO GRUPO
Compartilhe essa matéria nas redes sociais
Ative as notificações e fique por dentro das notícias
Ativar notificações
Dá o play plus-circle Created with Sketch Beta. Assista aos principais vídeos de hoje
Colunistas plus-circle Created with Sketch Beta. A opinião em forma de notícia
Alorino
Antônio Carlos
Claudia Silvano
Edvaldo Corrêa
Fabiano Tavares
Gabriel Pianaro
chevron-up Created with Sketch Beta.