Flu supera trauma, vence Boca na prorrogação e leva 1ª Libertadores

LUIZA SÁ E RODRIGO MATTOS

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Foto: Reprodução/Fluminense

RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – O Fluminense é campeão da Libertadores da América. O Tricolor venceu o Boca Juniors por 2 a 1 na prorrogação neste sábado (4), no Maracanã, e conquistou seu primeiro troféu da maior competição do continente. Germán cano abriu o placar, Advincula empatou e John Kennedy fez o gol decisivo no tempo extra.

O Fluminense supera o pesadelo de 2008 e finalmente conquista sua primeira Libertadores. Há 15 anos, o Tricolor das Laranjeiras perdeu nos pênaltis para a LDU (EQU) no mesmo Maracanã. Agora, o Flu se consagra na prorrogação.

A decisão foi tensa, dentro e fora de campo. A partida teve poucas chances no primeiro tempo, e o gol do Fluminense foi construído ao maior estilo Dinizismo: com os pontas Keno e Arias na direita e tabelando antes de Cano finalizar com perfeição.

No segundo tempo, Marcelo vacilou na marcação e viu Advincula fazer de fora da área. O Fluminense se lançou ao ataque e perdeu grande chance com Diogo Barbosa no último lance do tempo normal.

Na prorrogação, o Flu se impôs e marcou com John Kennedy, que ficou fora do time titular e entrou no fim do tempo normal. Ele levou o segundo cartão amarelo pela comemoração e acabou expulso. Fabra agrediu Nino, levou o vermelho no final do primeiro tempo da prorrogação e facilitou a vida dos cariocas.

O técnico Fernando Diniz, antes de colocar JK em campo, segurou o rosto do atacante e profetizou: “Você vai fazer o gol do título”. Ele não parou um segundo no banco e comemorou cada desarme nos minutos finais.

Cano, autor do primeiro gol, termina a Libertadores como artilheiro isolado. O argentino “fez o L” 13 vezes na competição continental. O segundo foi Paulinho, do Atlético-MG, com sete.

O Boca Juniors perdeu a oportunidade de igualar o Independiente como maior vencedor da história da Libertadores. O Boca segue com seis, enquanto o Rojo tem sete. O argentino não venceu nenhuma partida no tempo normal durante o torneio.

Gol e polêmica no primeiro tempo

A final começou muito nervosa. O Fluminense com a bola e tentando encontrar espaços, mas o Boca Juniors recuado e disposto a picotar a partida o tempo todo. Já ciente da postura defensiva do rival, Fernando Diniz povoou o meio-campo e escalou o volante Martinelli na vaga do atacante John Kennedy.

O Flu assustou com Nino e Cano na bola parada, enquanto o Boca teve dois contra-ataques. No primeiro, Merentiel chutou no meio. No segundo, Cavani optou pelo passe e estragou o lance.

Aos 27 minutos, um lance polêmico. Valentini cabeceou Ganso numa disputa na área sem bola. Wilmar Roldán não viu, e o VAR não recomendou a checagem da suposta agressão.

No minuto 36, quando a partida caminhava para o empate no intervalo, a torcida do Fluminense fez o L. Keno tabelou com Arias e cruzou rasteiro para finalização perfeita de Cano. 1 a 0 para o Tricolor.

O gol teve participação direta do técnico Diniz, que pediu a todo tempo para os pontas Keno e Arias ficarem juntos na direita. Na construção, Marcelo, Martinelli, Ganso, Keno e Arias estavam no setor e Cano esperava livre na área. Povoar atletas no mesmo setor é uma característica do Dinizismo.

Boca sai da defesa na etapa final

O Boca Juniors voltou com postura mais agressiva na etapa final. Logo aos cinco minutos, Felipe Melo sentiu um problema muscular e precisou ser substituído por Marlon.

Aos 16, Arias se enroscou com Fabra e pediu pênalti. Roldán, mais uma vez, deixou seguir. No minuto 24, Equi Fernández assustou em finalização de fora da área, mas o goleiro Fábio defendeu bem.

Cada vez mais confortável no Maracanã, o Boca empatou com Advincula, no minuto 27. O lateral-direito passou com facilidade por Marcelo e bateu de canhota, colocado. 1 a 1. Samuel Xavier, após atendimento médico, não foi liberado a retornar e o gol saiu com 11 contra 10.

Com o empate, Diniz fez quatro substituições no Fluminense: entraram Guga, Diogo Barbosa, Lima e John Kennedy e saíram Samuel Xavier, Marcelo, Martinelli e Ganso. Kennedy, em poucos instantes, botou fogo no jogo. Merentiel, aos 43, quase fez de fora da área. Arias, no minuto 48, desperdiçou cobrança de falta frontal. No último lance, Lima deu um bolão para Diogo Barbosa, que errou quase na pequena área. O 1 a 1 se manteve no tempo normal.

O herói da prorrogação

Quando colocou John Kennedy em campo, Fernando Dinzi disse que o atacante faria o gol do título. E aos 8 minutos da prorrogação, ele estufou as redes do goleiro Romero para fazer 2 a 1. Felipe Melo e Marcelo, que foram substituídos, choraram no banco de reservas.

John Kennedy, porém, levou o segundo cartão amarelo por ter comemorado com a torcida e deixou o Fluminense com um a menos. O Tricolor colocou David Braz e tirou Keno para fechar a defesa, mas teve a vida facilitada quando Fabra acertou Nino no rosto e foi expulso no fim do primeiro tempo da prorrogação.

O Boca Juniors se lançou ao ataque no segundo tempo do tempo extra, mas o Fluminense conseguiu manter a vitória que dá ao clube o inédito título da Libertadores. Guga, inclusive, teve a melhor chance e acertou a trave em contra-ataque.

A consagração do Dinizismo

Fernando Diniz chegou à seleção brasileira e agora é campeão da Libertadores. O técnico foi questionado por vários anos pelo estilo diferente, que sempre busca o protagonismo.

Na sua segunda passagem pelo Fluminense, Diniz adaptou sua forma de ver o futebol e se encontrou. Aos 49 anos, o treinador vê o Dinizismo no auge.

Cano implacável

O centroavante do Fluminense superou Fred e se tornou o maior artilheiro do Fluminense na Libertadores, com 16 marcados. Foram 13 apenas na atual edição.

Fred, atualmente, é diretor de planejamento do Tricolor. O ídolo se aposentou no ano passado e deixou a lacuna muito bem representada pelo argentino.

Final tensa

A prévia da decisão da Libertadores teve muita confusão: ingressos falsos, quebra de barreira da polícia e falta do telão para os argentinos. Dentro de campo, houve gritos de “racistas” da torcida do Fluminense para a do Boca.

Houve reclamações de ambas as partes, mas, principalmente da torcida do Boca Juniors. A organização da Conmebol foi muito questionada.

Visitantes indigestos

Apesar de ser minoria no estádio, a torcida do Boca Juniors ocupou uma boa parte da arquibancada nos setores mistos. Depois do gol, os cantos ficaram mais baixos, mas voltaram a empolgar no começo do segundo tempo. Com o gol, o volume subiu. Se antes os tricolores cantavam mais alto, depois a tensão aumentou e os argentinos fizeram barulho. Com o gol do Flu na prorrogação, os brasileiros voltaram à liderança do “torcedômetro”.

FICHA TÉCNICA
FLUMINENSE 2 x 1 BOCA JUNIORS (ARG)

Local: Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ)
Data: 4 de novembro de 2023 (sábado)
Horário: 17h (de Brasília)
Árbitro: Wilmar Roldan (COL)
Assistentes: Alexander Guzman (COL) e Dionísio Ruiz (COL)
VAR: Juan Lara (CHI)
Cartões amarelos: Keno, John Kennedy, Nino e Cano (Fluminense) e Cavani, Figal, Langoni e Fabra (Boca Juniors)
Cartões vermelhos: John Kennedy (Fluminense) e Fabra (Boca Juniors)
Público: 69.232
Renda: 31.702.250,00
Gols: Fluminense: Cano, aos 36 minutos do 1T, e John Kennedy, aos 10 minutos da prorrogação; Boca Juniors: Advincula, aos 27 minutos do 2T
Fluminense: Fábio, Samuel Xavier (Guga), Nino, Felipe Melo (Marlon) e Marcelo (Diogo Barbosa); André, Martinelli (Lima) e Ganso (John Kennedy); Arias, Keno (David Braz) e Cano. Técnico: Fernando Diniz.
Boca Juniors: Sergio Romero; Advíncula, Figal (Valdez), Valentini, Fabra; Pol Fernández, Ezequiel Fernández (Saracchi), Medina (Taborda) e Barco (Langoni); Merentiel (Janson) e Cavani (Benedetto). Técnico: Jorge Almirón.

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