Prestes a completar 100 jogos pela Seleção, Bia Zaneratto relembra trajetória: ‘Turbilhão de sentimentos’

Seleção Brasileira estreou nesta Copa América enfrentando o único rival que já levantou a taça da competição. Na ocasião, as Guerreiras aplicaram uma goleada de 4 a 0 sobre a Argentina. Três dos quatro gols têm um ingrediente em comum: Bia Zaneratto, que iniciou a jogada do primeiro, marcou o segundo de pênalti e serviu Adriana no terceiro. Contra o Uruguai, mais uma assistência, desta vez para Debinha; contra a Venezuela, um gol de cabeça e uma assistência para Ary Borges. A Imperatriz é uma constante numa equipe em renovação e, aos 28 anos, já é uma das mais experientes do elenco. Prestes a completar 100 jogos com a Amarelinha na semifinal contra o Paraguai, ela relembrou o início dessa caminhada. 

Foto: Thais Magalhães/CBF

“É muito louco para mim. Quando criança, eu só sonhava em jogar futebol, não tinha a dimensão do que isso se tornaria ou de onde eu chegaria. E hoje, me ver vestindo a Amarelinha há tantos anos, passando por tantas gerações… Tive a oportunidade de ir pela base, primeiro no sub-17, depois para o sub-20, tive um processo um pouco melhor do que outras gerações que encontrei quando cheguei na Principal. Acho que também é muito importante que isso continue e com cada vez mais oportunidades e expressão para as meninas. Me ver aqui hoje como uma das mais velhas é um orgulho muito grande por estar vivendo todo esse processo, vendo a evolução que ocorreu na modalidade de um modo geral, e eu fico muito feliz por isso”, disse.

Zaneratto disputa sua segunda Copa América. Na primeira, em 2018, além de levantar a taça, ela foi a artilheira do Brasil no torneio, com seis gols. Caso a Seleção se sagre campeã continental mais uma vez, a camisa 16 poderá participar de sua quarta Copa do Mundo e de sua terceira Olimpíada. Em 99 jogos disputados até aqui desde a estreia com a Amarelinha, ela marcou 33 gols e obteve 53 vitórias, 15 empates e 16 derrotas.

“É um currículo muito vasto, mas a gente sempre quer e sabe o quão necessário seria um título dessas competições. Fico muito orgulhosa de ter participado de todas elas, mas sempre fica aquele gostinho de quero mais. Espero continuar tendo a oportunidade de disputar e conquistar títulos como a Copa e principalmente uma Olimpíada e agora, é claro, a Copa América. Estamos aqui e sabemos da importância dessa competição, então estamos trabalhando muito para conquistar mais uma”, garantiu.

De Araraquara para o mundo


Quem vê a artilheira forte e confiante de hoje, porém, mal se lembra daquela menina que, há 11 anos, juntava-se a suas referências na equipe principal. Natural de Araraquara, no interior de São Paulo, Zaneratto lembrou da timidez nas primeiras convocações.

“Eu era mais carcacinha, na verdade. Hoje sou mais encorpada, mais forte, e minha força física é minha principal característica, mas, naquela época, eu ainda era uma menina, que estava começando e tendo suas oportunidades aqui na Seleção pela primeira vez. Mas acho que já tinha um diferencial de meia-atacante e não só como atacante, e isso já me destacava um pouquinho. Eu era muito tímida quando mais nova. Agora me sinto mais solta, mais à vontade, já estou caminhando para ser uma das mais experientes. Acho que, naquela época, eu tinha muita timidez, a Marta sempre chegava para brincar comigo, a Cris também, mas eu ainda me sentia um pouco envergonhada, do meu jeitinho de interior. Sempre vai ser muito especial o fato de representar a Seleção Brasileira, seja num amistoso, seja numa competição. Isso me deixa muito feliz, por fazer parte do grupo e também por jogar ao lado de craques, de referências da modalidade como Marta, CristianeFormiga”, disse.

Na memória


O primeiro gol com a Amarelinha veio em 2015, na goleada de 4 a 1 contra a Suíça na Copa Algarve. Mas uma lembrança é especial para a atacante: a goleada por 5 a 1 contra a Suécia, na Olimpíada do Rio. Na ocasião, no estádio Nilton Santos lotado, Zaneratto marcou dois gols — o primeiro na força, o segundo na técnica —, e nunca mais largou a camisa 16. Era a Imperatriz apresentando suas credenciais e caindo nas graças da torcida, que passou a gritar seu nome em todas as partidas.

“Foi um turbilhão de sentimentos, de gratidão, um momento realmente especial, a família toda ali, vivendo esse momento comigo. Sabia que o Brasil todo estava assistindo, o estádio lotado para ver a gente… Acho que era um cenário muito favorável e muito especial para a Seleção Feminina. Brasil x Suécia foi muito especial para mim, o primeiro gol numa Olimpíada, extravasar ali na comemoração, fazer dois gols contra a Suécia… Meu pai, minha mãe, todo mundo que estava lá se emocionou muito e é um dia e uma competição que sempre estarão marcados na minha vida”, disse, destacando a importância da família em sua trajetória.

“Minha família é muito especial e, ao mesmo tempo, é minha base. O Heitor (irmão), que é o moleque da minha vida, eu chamo ele de ‘rei’ porque eu me espelho nele, me fortaleço nele e vejo muita esperança quando olho para cada sorriso dele. É muito profunda nossa ligação, assim como a que tenho com meus pais. Independentemente de onde eu esteja jogando, no Brasil, na China, na Coreia, estamos sempre fazendo ligação antes dos jogos, sempre muito presentes e prestativos, sempre ali para me dar uma palavra de apoio”, contou.

Um L de amor


Em janeiro de 2021, pouco antes de disputar mais uma Olimpíada, Zaneratto e a família sofreram um duro golpe. A camisa 16 perdeu a avó, dona Luzia, vítima da Covid-19. Desde então, a artilheira passou a celebrar seus gols dedicando-os a ela. 

“Sempre fico emotiva quando toco no nome da vó, porque foi realmente muito difícil perdê-la. Mas, ao mesmo tempo, sinto que, de onde quer que ela esteja, ela está me apoiando, me olhando, me cuidando. É impressionante: acontece um gol, me remete a ela, como se fosse uma coisa maior, uma conexão que temos e que me fortalece, me faz continuar cada vez mais dando o meu melhor em campo, e eu sei que esse laço é eterno. Desde que comecei a dedicar a ela, comecei a marcar mais (risos). Acho que é por ser algo muito especial, que sei que ela está sempre torcendo por mim. Ela cuidou muito de mim, eu também cuidei muito dela, então existe uma conexão muito forte entre a Bia e a dona Luzia”, disse.

Quando entrar no campo do estádio Alfonso López nesta terça-feira, Zaneratto será referência para várias de suas companheiras de equipe. Num momento de renovação da Canarinho, muitas integrantes do elenco estão estreando com a Amarelinha em competições oficiais. Para a Imperatriz, a mistura de gerações pode render muitos frutos.

“É uma mescla muito importante. A Pia tem dado oportunidade para todas, da mais nova à mais velha. Isso é muito importante e cada vez mais estamos tendo entrosamento dentro e fora de campo, é uma vibe muito legal, com as mais novas com uma animação muito maior e colocando as mais velhas para entrarem no clima, então acho que essa ligação entre uma geração e outra está dando muito certo e espero que a gente continue com essa alegria, porque ela vai fazer muita diferença. Temos demonstrado bons resultados, mas ainda temos algo a mais para dar, para melhorar. Nos próximos jogos, acho que a gente deve demonstrar isso, já que a dificuldade vai aumentando nessa reta final, mas acredito que estamos preparadas e que vamos com tudo em busca de mais um título”, concluiu.

Brasil e Paraguai se enfrentam nesta terça-feira (26), às 21h (horário de Brasília), em busca de uma vaga na decisão da Copa América. A partida será transmitida por SBT e SporTV.

Informações da CBF.

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