Zagueiro se cala antes de ser afastado pelo Santos por suspeita de esquema de apostas

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Calado durante os 30 minutos da reunião no Centro de Treinamento Rei Pelé, Eduardo Bauermann já imaginava que o único desfecho possível era o seu afastamento. O zagueiro nem esboçou defesa e foi retirado do elenco profissional, em comunicado divulgado pelo Santos na manhã desta terça-feira (9).

Foto: Raul Baretta / Santos FC

Em supostas conversas do jogador com um apostador, por WhatsApp, ele teria reconhecido que recebeu R$ 50 mil para levar cartão amarelo em partida contra o Avaí, pelo Campeonato Brasileiro do ano passado. Ele não teria cumprido o combinado, mas aceitado forçar expulsão na rodada seguinte, diante do Botafogo. O jogador recebeu o vermelho após o final da partida, o que não é aceito por algumas casas de apostas.

Os diálogos foram divulgados pela revista Veja.

Orientado por seu advogado, Bauermann decidiu não se pronunciar.

A decepção do Santos é porque o defensor tinha negado inicialmente qualquer participação em esquema de manipulação de resultados e os dirigentes acreditaram em sua palavra. O clube chegou a colocar seu departamento jurídico à disposição do seu atleta.

Seu futuro na agremiação é considerado difícil, segundo pessoas ouvidas pela Folha de S.Paulo. Não lhe foi dado prazo para ser reincorporado ao elenco, se é que isso acontecerá.

Bauremann recebeu um reajuste salarial em setembro do ano passado e passou a ganhar cerca de R$ 180 mil mensais.
Para tentar atenuar a fúria dos apostadores, que teriam perdido R$ 800 mil, segundo as conversas divulgadas, ele teria se comprometido a dar R$ 50 mil mensais até quitar a “dívida”.

Seguindo o UOL, também teria se comprometido a repassar parte do dinheiro que receberia em uma futura venda para o exterior, o que poderia acontecer no final deste ano.

Ele é um dos jogadores que estão em nova denúncia apresentada pelo Ministério Público de Goiás na última segunda-feira (8). A investigação engloba jogos do Campeonato Brasileiro das séries A e B de 2022 e estaduais deste ano.

O desdobramento acontece após a análise do conteúdo de computadores e celulares apreendidos em fase anterior da Penalidade Máxima, como foi batizada a operação. Para o Ministério Público, o líder da quadrilha de apostadores é Bruno Lopes de Moura, um atleta de futsal. Segundo o promotor Fernando Cesconetto, outras 16 pessoas ainda podem se tornar réus.

Nos desdobramentos das investigações, iniciadas a partir de denúncia do presidente do Atlético-GO, Adson Batista, novos jogadores passaram a ser considerados suspeitos. São dez, no total.

Nas 13 partidas investigadas, em sete há suspeitas que atletas tenham recebido dinheiro para levar cartões amarelos de forma proposital, outras duas para que fossem expulsos e quatro para que pênaltis fossem cometidos. Nem todas as ofertas foram aceitas.

O Ministério Público quer o pagamento de R$ 2 milhões aos cofres públicos e cita “danos morais coletivos”. Pede também a condenação de todos os envolvidos.

Os sites de apostas e os clubes são considerados vítimas no processo.

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