Por Jamie Freed e David Shepardson e Laurence Frost
SYDNEY/WASHINGTON/PARIS (Reuters) – Chuvas de destroços de motores a jato em áreas residenciais registradas em ambos os lados do Atlântico chamaram a atenção de reguladores e levaram à suspensão de serviço de alguns aviões da Boeing mais antigos. Os incidentes ocorridos no sábado envolveram um 777 da United Airlines em Denver, nos Estados Unidos, e um cargueiro 747 da Longtail Aviation, na Holanda, colocando a fabricante de motores Pratt & Whitney no centro das atenções.
A Pratt & Whitney disse que está coordenando com os reguladores a revisão dos protocolos de inspeção. Após uma falha de motor no Colorado, quando o vôo 328 da United deixou cair destroços em um subúrbio ao norte de Denver antes de pousar com segurança, a Boeing recomendou a suspensão dos 777 que usam a mesma turbina PW4000, e o Japão tornou isso obrigatório. A Agência de Segurança da Aviação da União Europeia (Easa) pediu nesta segunda-feira mais informações sobre os motores da Pratt em função dos dois eventos. Uma mulher sofreu ferimentos leves no incidente na Holanda, que espalhou as lâminas da turbina na cidade de Meerssen. Uma foi encontrada cravada no teto de um carro. A Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) disse que em breve emitirá uma diretiva de aeronavegabilidade de emergência. Ambos os incidentes envolvem o tipo de motor PW4000 usado em um número relativamente pequeno de aviões mais antigos. Alguns deles estão em terra por causa da pandemia o que limita as prováveis repercussões. No entanto, eles trazem uma nova dor de cabeça para a Boeing, à medida que a companhia tenta se recuperar da crise muito mais séria envolvendo o 737-MAX, que teve voos suspensos por cerca de um ano após duas quedas que mataram centenas de pessoas. “Esta é certamente uma situação indesejável tanto para a Boeing quanto para a Pratt, mas de vez em quando surgirão problemas com os aviões e os motores”, disse Greg Waldron, editor da publicação Flight Global. “O 777-200 com motor PW4000 está lentamente saindo de serviço”, disse ele, e a queda na demanda causada pelo Covid-19 significa que as companhias aéreas que forem forçadas a suspendê-lo “devem ser capazes de preencher quaisquer lacunas de rede” com 787 ou outros 777 equipados com turbinas da General Electric.
DESCOBERTAS INICIAIS
Os 777-200 e os 777-300 envolvidos nos incidentes são modelos mais antigos, com consumo de combustível menos eficiente, operados por cinco companhias aéreas: United, Japan Airlines; ANA; AsianaAirlines e Korean Air. A maior parte está em processo de substituição. A Boeing afirmou que 69 dos 777 em operação no mundo que usam o motor PW4000 tiveram operações recentes e que outras 59 unidades estão em terra. As turbinas da Pratt & Whitney equipam menos de 10% dos mais de 1.600 777 entregues.
A análise do jato de 26 anos de idade da United que sofreu pane no motor mostrou que a maior parte dos danos ocorreu na turbina direita, afirmou a agência de segurança de transportes dos EUA (NTSB). Partes da fuselagem do motor se desprenderam e duas lâminas da turbina quebraram, causando outros danos.