Bolsonaro diz que vai decidir se tomará vacina da Covid depois que último brasileiro for vacinado

Por Maria Carolina Marcello

Presidente Jair Bolsonaro em cerimônia no Palácio do Planalto

BRASÍLIA (Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira que decidirá sobre tomar ou não a vacina contra a Covid-19 apenas depois que “o último brasileiro for vacinado”, acrescentando que a posição se trata de um “exemplo que o chefe tem que dar”.

Ao longo da pandemia, que já matou mais de 325 mil pessoas no Brasil, Bolsonaro disse diversas vezes que não tomaria o imunizante, mas recentemente mudou de discurso e admitiu a possibilidade de ser vacinado.

“Depois que o último brasileiro for vacinado, se estiver sobrando uma vacina, eu vou decidir se me vacino ou não, esse é o exemplo que chefe tem que dar, igual no quartel”, disse Bolsonaro em transmissão semanal ao vivo em redes sociais, acrescentando que já teve Covid no ano passado.

Bolsonaro, de 66 anos, poderia ser vacinado contra a Covid-19 em Brasília a partir de sábado, quando a capital federal passará a imunizar a faixa etária dele.

O presidente, no entanto, questionou diversas vezes os imunizante contra Covid-19.

Ele chegou a comemorar como uma vitória pessoal a breve interrupção no ano passado dos testes com a CoronaVac, vacina da chinesa Sinovac, conduzidos pelo Instituto Butantan, após a morte de um voluntário em um suicídio não relacionado ao imunizante.

“Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”, publicou o presidente à época, insinuando que a CoronaVac poderia causar “morte, invalidez e anomalias”. A CoronaVac representa atualmente 80% de todas as doses aplicadas no país, sem qualquer registro de efeitos adversos graves.

Em outubro, Bolsonaro desautorizou o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e o fez recuar de anúncio sobre a assinatura de protocolo de intenções para a compra de 46 milhões de doses da vacina produzida em parceria com o Butantan — instituto ligado ao governo do Estado de São Paulo, de João Doria (PSDB), desafeto político do presidente.

Bolsonaro publicou em rede social, na ocasião, que a vacina “não será comprada”, em resposta a apoiador que questinonava a origem chinesa do imunizante. Em outra publicação, Bolsonaro afirmou que “o povo brasileiro não será cobaia de ninguém”.

Hoje a CoronaVac responde por mais de 80% das doses aplicadas no Brasil até agora entre as vacinas contra Covid-19, sem qualquer relato de efeito adverso grave.

O presidente também travou embate com a Pfizer, por considerar que o contrato oferecido pelo laboratório trazia cláusulas abusivas. O presidente resistia, principalmente, ao fato de a empresa se eximir de responsabilização civil no caso de eventuais efeitos adversos.

Nesse contexto, Bolsonaro chegou a afirmar, quando comentava os possíveis efeitos colaterais do imunizante, que “se você virar um jacaré, é problema seu”.

Só mudou de posição depois de projeto aprovado pelo Congresso autorizando a União a assumir essa responsabilidade, e diante das crescentes críticas ao governo pelo ritmo lento do programa de vacinação no país.

Os ataques contra as vacinas respingaram também no Supremo Tribunal Federal. No mesmo dia em que o STF formava maioria pela obrigatoriedade da vacinação contra a Covid-19, em dezembro do ano passado, o presidente defendia que só deveria se imunizar quem quisesse.

“Ninguém pode obrigar ninguém a tomar a vacina… Se o cara não quer ser tratado, que não seja, eu não quero fazer uma quimioterapia e vou morrer, problema é meu, pô”, afirmou.

“Alguns falam que estou dando um péssimo exemplo. Ô imbecil, ô idiota que está dizendo dou péssimo exemplo, eu já tive o vírus, eu já tenho anticorpos, para que tomar de novo?”, questionou, apesar de a evolução da pandemia ter mostrado que pessoas que já foram infectadas podem contrair novamente a doença.

Mesmo neste ano, antes da mudança de tom no discurso do presidente sobre as vacinas, Bolsonaro afirmou, em março: “Tem idiota nas redes sociais, na imprensa, ‘vai comprar vacina’. Só se for na casa da tua mãe! Não tem para vender no mundo!”

(Reportagem adicional de Gabriel Araujo, em São Paulo)

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