Por Pedro Fonseca
RIO DE JANEIRO (Reuters) – A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) informou nesta segunda-feira que o Brasil vai receber na terça-feira um segundo lote de 2 milhões de doses prontas da vacina da AstraZeneca importadas da Índia, em uma nova tentativa de recuperar o tempo perdido por atrasos na produção local do imunizante.
O cronograma original da Fiocruz previa a entrega das primeiras doses envasadas pela instituição ao Ministério da Saúde no começo de fevereiro, mas um atraso na importação do insumo farmacêutico ativo (IFA) produzido na China adiou esse calendário em cerca de um mês.
Com o atraso, a Fiocruz viabilizou junto a AstraZeneca a importação de doses prontas do imunizante produzidas pelo Instituto Serum, da Índia, com um primeiro lote de 2 milhões entregue em janeiro e um segundo agora confirmado para terça-feira.
“A iniciativa é parte de uma estratégia paralela à produção de vacinas a partir da chegada do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), com o objetivo de contribuir com o fornecimento de vacinas para o Programa Nacional de Imunizações frente ao quadro sanitário do país”, disse a Fiocruz em nota.
Além do segundo lote de 2 milhões, o Ministério da Saúde incluiu em seu cronograma de vacinação mais duas remessas de 4 milhões de doses cada a serem recebidas da Índia, uma em março e outra em abril.
Paralelamente, a Fiocruz deu início neste mês ao envase de 2,8 milhões de doses com o IFA importado da China, que finalmente foi recebido no início deste mês. Mais dois lotes de IFA estão previstos para 27 de fevereiro, o que permitirá, segundo a Fiocruz, o envase de 12 milhões de doses.
A vacina da AstraZeneca é o pilar central do programa de vacinação brasileiro e o governo federal encomendou material suficiente para que a Fiocruz envase 100,4 milhões de doses. Além disso, a instituição prevê produzir mais 110 milhões de doses com IFA próprio, a partir do segundo semestre.
No entanto, essa produção depende da assinatura do contrato de transferência de tecnologia, o que estava previsto para o ano passado, mas ainda não ocorreu. Segundo a Fiocruz, o grau de detalhamento necessário para esse tipo de documentação exigiu um tempo maior de preparação e o documento deverá ser assinado até março.
Até o momento, o Brasil tem dependido principalmente da CoronaVac, da chinesa Sinovac e envasada no país pelo Instituto Butantan, para sua campanha de vacinação.
Até o momento, o Ministério da Saúde disponibilizou aos Estados apenas 11,8 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19, sendo 9,8 milhões da CoronaVac e 2 milhões da AstraZeneca.
Só para vacinar os principais grupos de risco –trabalhadores de saúde, idosos, indígenas e pessoas com morbidades– são necessárias 104,2 milhões de doses de vacina, para um total de 49,6 milhões de pessoas (duas doses por pessoa, mais 5% de perda operacional), de acordo com o plano de vacinação do governo federal.
Cidades como Rio de Janeiro, Salvador, Porto Alegre e Cuiabá foram obrigadas a suspender a vacinação na semana passada por falta de imunizantes.