Brasil soma recorde de 14,8 mi de desempregados em meio à crise da pandemia

Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier

Pessoas avaliam oportunidades de emprego em cartaz no centro de São Paulo

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) – O primeiro trimestre de 2020 terminou com a maior taxa de desemprego e o maior contingente de pessoas sem trabalho na série histórica, em meio aos desafios impostos pela piora da pandemia de Covid-19 no Brasil.

Os dados divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram que a taxa de desemprego chegou a 14,7% nos três meses até fevereiro, de 13,9% nos últimos três meses de 2020.

O resultado da taxa apurada pela Pnad Contínua ficou em linha com a pesquisa da Reuters.

Além de tradicionalmente o mercado de trabalho ser o último a se recuperar em tempos de crise, ele ainda enfrentou em março o recrudescimento das infecções e mortes por coronavírus, que tornaram o Brasil o epicentro mundial da pandemia naquele momento.

“A conjuntura é de crise econômica e de restrições provocadas pela pandemia de Covid. Esse é o pior momento para o mercado de trabalho ao longo da pandemia”, afirmou a analista da pesquisa, Adriana Beringuy. “Temos dois fatores que levam a esse ambiente acentuado: a crise econômica que compromete a absorção dos desocupados e a própria sazonalidade.”

RECORDES

Em meio à complicada situação sanitária e ao cancelamento do Carnaval e de outros eventos, o primeiro trimestre terminou com 14,805 milhões de desempregados, renovando o maior contingente da série histórica da Pnad Contínua iniciada em 2012.

O número representou um aumento de 6,3% sobre outubro a dezembro e de 15,2% sobre o mesmo período de 2020.

“O primeiro trimestre é sempre de avanço da desocupação. Aumentar a desocupação no começo do ano não é algo específico, mas um comportamento esperado”, explicou Beringuy.

“Mas tivemos recordes de taxa e desocupação, e a sazonalidade pode estar trazendo o acúmulo do saldo negativo de 2020. À medida que o tempo passa, as pessoas precisam buscar trabalho e isso pressiona a taxa”, completou.

Já a ocupação caiu entre janeiro e março. O total de pessoas ocupadas no primeiro trimestre registrou perda de 0,6% sobre outubro a dezembro, somando 85,650 milhões de trabalhadores, o que marca ainda uma queda de 7,1% sobre o mesmo período do ano passado.

O nível de ocupação caiu 0,5 ponto percentual no período, a 48,4%, permanecendo abaixo da marca de 50% desde o trimestre encerrado em maio do ano passado, o que indica que menos da metade da população em idade para trabalhar está ocupada no país.

“Essa redução do nível de ocupação está sendo influenciada pela retração da ocupação ao longo do ano passado, quando muitas pessoas perderam trabalho”, disse Beringuy, observando que os impactos da pandemia só ficaram visíveis no mercado de trabalho no final de março do ano passado.

O número de empregados no setor privado com carteira de trabalho teve queda de 1,1% nos três primeiros meses do ano sobre o trimestre anterior, enquanto os que não tinham carteira assinada recuaram 2,9%.

No período, eram ainda 23,837 milhões os trabalhadores por conta própria, uma alta de 2,4% sobre outubro a dezembro.

A pesquisa destacou ainda outro recorde, com um total de 5,970 milhões de pessoas desalentadas, aquelas que desistiram de procurar trabalho devido às condições estruturais do mercado.

O total de pessoas subutilizadas, que são aquelas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas ou na força de trabalho potencial, também foi recorde no primeiro trimestre, ao chegar a 33,2 milhões.

Na véspera, o Ministério da Economia informou que o Brasil abriu 120.935 vagas formais de trabalho em abril, no resultado foi o mais baixo do ano.[nL2N2ND1ZQ]

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