Dólar cai com exterior; fundamentos sugerem moeda a R$4,50

Por José de Castro

Notas de cem dólares

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar fechou em queda ante o real nesta quarta-feira, numa sessão relativamente calma no mercado de câmbio doméstico, em meio a valorização de ativos de risco no exterior por expectativas de contínua liquidez no mundo.

No Brasil, o noticiário sobre a PEC Emergencial atraiu as atenções. O mercado chegou a repercutir negativamente notícia de que votação da proposta poderá ficar para a próxima semana, mas preferiu se concentrar em informações sobre privatização da Eletrobras e o não fatiamento da PEC Emergencial.

“O envio da MP que visa estabelecer o terreno da privatização da Eletrobras serve como sinalização do governo de que não haverá mudanças drásticas na condução da política econômica após a confusão entre o governo e a Petrobras”, disse a XP em nota.

O dólar à vista caiu 0,44%, a 5,4219 reais na venda. Na sessão, foi de 5,3904 reais (-1,01%), perto das 10h, a 5,4441 reais (-0,03%), às 11h38.

O alívio nas cotações aqui também teve influência do mercado externo, numa sessão de ganhos generalizados para moedas emergentes e correlacionadas às commodities –caso do real.

O chair do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), Jerome Powell, repetiu que o mercado não deve esperar mudança na política monetária até que a economia esteja claramente melhorando –endossando, assim, perspectiva de contínuo suporte financeiro aos ativos e à economia.

Toda a liquidez anunciada por BCs globais ao longo de 2020 para combater os efeitos financeiros da pandemia não foi suficiente para fazer o real replicar a recuperação vista em vários de seus pares, com analistas justificando o movimento local do câmbio a partir do nível elevado de incerteza fiscal –combinado com juros reais negativos.

Em termos de fundamentos externos, o real deveria estar em torno de 4,50 por dólar, segundo Robin Brooks, economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês).

Brooks citou o déficit em transações correntes de janeiro, mas avaliou que os fluxos de investimento estrangeiro estão “saudáveis”.

O Banco Central espera um salto nos investimentos diretos em fevereiro para 6,5 bilhões de dólares, ante o valor de 1,838 bilhão de dólares em janeiro. Se confirmado, será o maior fluxo mensal em quase um ano. O déficit em transações correntes foi de 7,253 bilhões de dólares em janeiro, abaixo do esperado pelo mercado, segundo pesquisa da Reuters com analistas.

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