Dólar cai, mas se afasta de mínimas com piora externa; mercado analisa Copom

Por José de Castro

Notas de cem dólares

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar se afastou das mínimas da sessão, mas ainda contrariou o movimento externo e fechou em queda ante o real nesta quinta-feira, com os mercados analisando os efeitos da surpresa “hawkish” do Banco Central ao elevar na noite da véspera os juros em magnitude maior que a esperada e indicar novos acréscimos.

O dólar à vista caiu 0,37%, a 5,5672 reais.

Na mínima, a cotação recuou 1,97%, para 5,4776 reais. Na máxima, reduziu a perda para apenas 0,02%, a 5,58673 reais.

No exterior, o índice do dólar saltava 0,5% e ia aos picos da sessão no fim da tarde. Apenas cinco moedas de 33 se valorizavam contra o dólar nesta quinta.

O dólar lá fora foi às máximas do dia junto com os rendimentos dos Treasuries, títulos do Tesouro dos EUA, que no vencimento de dez anos superaram 1,75% e bateram máximas em 14 meses. Esse movimento aumentou a pressão sobre ativos de risco e acabou tirando fôlego do real, que vinha em alta mais acentuada com a repercussão ao Copom.

“Se a gente isolar Brasil, a tendência é o real se valorizar”, disse Helena Veronese, economista-chefe na Azimut Brasil Wealth Management. “Mas as variáveis mais importantes para o câmbio aqui são a instabilidade da política fiscal e o movimento dos juros no mundo.”

De toda forma, nesta sessão o mercado reagiu bem à sinalização “hawkish” (dura com a inflação) vinda do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.

Na noite de quarta-feira, o BC surpreendeu parte dos analistas ao elevar a Selic em 0,75 ponto percentual, para 2,75% ao ano, na primeira alta de juros em cerca de seis anos. A expectativa predominante era de uma alta de 0,50 ponto percentual. Ainda assim, o Copom falou em “processo de normalização parcial” da política monetária, sugerindo que a taxa não subirá a ponto de zerar o estímulo monetário neste ano.

A combinação entre um Copom “hawkish” após um Fed “dovish” (mais leniente com a inflação) reaviva entre investidores expectativa de aumento do diferencial de juros a favor do Brasil. A queda contínua desse spread nos últimos anos minou a atratividade do real, que passou de destino de “carry trade” a moeda de financiamento dessas operações, num contexto de escalada do risco fiscal doméstico.

O Fed é o Federal Reserve, banco central dos EUA, que na véspera sinalizou manutenção dos juros perto de zero até 2023.

“A surpresa ‘hawkish’ (do Banco Central) é um relevante catalisador de curto prazo para uma melhor ação de preço do real”, disseram profissionais do Citi em nota.

Mas outras variáveis seguirão afetando o real nos próximos meses.

Em relatório, o UBS revisou para cima projeções para o dólar, mesmo depois da elevação da Selic. Para Fabio Ramos e Roque Montero, mesmo a aprovação recente da PEC Emergencial –que estabelece gatilhos contra aumentos de gastos– foi vista pelos mercados como “pouco demais, tarde demais”, devido à sua aprovação tardia e aos novos desafios.

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