Estudo relaciona clima extremo a recém-nascidos abaixo do peso na Amazônia

Por Jack Graham

Rua inundada na cidade de Anamã, no Amazonas

(Thomson Reuters Foundation) – Um novo estudo que liga a ocorrência de chuvas extremas com o peso mais baixo dos recém-nascidos na região amazônica brasileira ressalta os impactos de longo prazo que as temperaturas extremas relacionadas às mudanças climáticas podem provocar, afirmaram pesquisadores nesta segunda-feira. 

Chuvas excepcionalmente fortes e enchentes durante o período de gravidez foram ligadas ao nascimento de bebês prematuros e abaixo do peso no Estado do Amazonas, de acordo com pesquisadores da Fiocruz e da Universidade britânica de Lancaster. 

Foram comparados 300 mil nascimentos ao longo de 11 anos com dados climáticos locais e a conclusão foi de que os bebês nascidos após chuvas extremas tinham mais probabilidade de nascer abaixo do peso ideal, o que é uma indicação de que, quando adultos, eles podem obter níveis mais baixos de saúde, educação e renda. 

Até mesmo as chuvas intensas não-extremas estão ligadas a uma chance 40% maior de uma criança nascer abaixo do peso ideal, de acordo com o estudo, divulgado nesta segunda-feira na publicação científica Nature Sustainability.

O coautor do estudo Luke Parry afirmou que as chuvas pesadas e inundações podem causar aumento na ocorrência de doenças infecciosas como a malária, escassez de alimentos e problemas de saúde mental em mulheres grávidas, levando ao nascimento de bebês abaixo do peso. 

“É um exemplo de injustiça climática, porque essas mães e essas comunidades estão muito, muito longe das fronteiras do desmatamento na Amazônia”, disse Parry à Thomson Reuters Foundation.

“Elas contribuíram muito pouco com as mudanças climáticas, mas estão sendo atingidas primeiro e pior”, acrescentou o pesquisador, dizendo que estava “surpreso com o quão graves são os impactos.” 

As enchentes severas no rio Amazonas são cinco vezes mais comuns do que há algumas décadas, de acordo com um artigo publicado em 2018 na revista científica Science Advances. 

Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro visitou o Acre, que está em estado de emergência após inundações.

Parry disse que a população local adaptou seu estilo de vida para lidar com as mudanças climáticas, mas que “a extensão do aumento dos níveis dos rios e das chuvas já excedeu as capacidades adaptativas das pessoas”. 

Os impactos negativos são ainda piores para mães adolescentes e indígenas. 

O estudo diz que “a longa negligência política da província Amazônica” e “o desenvolvimento desigual no Brasil” precisam ser abordados para resolver “o fardo duplo” das mudanças climáticas e da desigualdade sanitária. 

A pesquisa propõe intervenções políticas que incluam a cobertura de saúde pré-natal e o transporte para que adolescentes de áreas rurais possam terminar o ensino médio, além do aprimoramento de um sistema de aviso antecipado para as cheias. 

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