Por Hugh Bronstein e Maximilian Heath e Hallie Gu
BUENOS AIRES/PEQUIM (Reuters) – As exportações de cevada da Argentina para a China deverão atingir um recorde de cerca de 1 milhão de toneladas em 2021, segundo fontes do setor e dados comerciais, em momento em que Pequim busca alternativas à sua tradicional fornecedora do grão, a Austrália, com quem trava um conflito diplomático.
A cifra representaria um salto frente às 300 mil toneladas de cevada argentina exportada para a China no ano passado, e demonstra como a Argentina busca cobrir espaços antes ocupados pelo grão australiano, depois de Pequim aplicar em 2020 uma tarifa de 80,5% sobre as compras de cevada do país da Oceania.
Empresas agroexportadoras já apresentaram ao governo argentino declarações de vendas de 1,1 milhão de toneladas de cevada da safra 2020/21, cuja colheita terminou há algumas semanas. Operadores disseram que a maior parte desses embarques irá para a China.
“Está claro que neste ano todas as exportações de cevada da Argentina irão para a China”, disse Agustín Baque, operador internacional de cevada no país sul-americano. “Estimo que nos próximos meses a China comprará cerca de 400 mil toneladas adicionais”, acrescentou.
Muitos dos embarques argentinos que começarão a ir para a China antes tinham como destino a Arábia Saudita, que até o ano passado era a principal compradora do cereal do país latino-americano e que começou a se abastecer de cevada australiana.
A China está importando grandes volumes de grãos para utilizá-los como ração na reconstrução de seu rebanho de porcos, dizimado por um surto de peste suína africana, em momento em que suas reservas de milho são baixas.
Uma fonte na China, próxima ao comércio de grãos, disse que é esperado que a Argentina exporte pelo menos 900 mil toneladas de cevada à China em 2021.
“As exportações de cevada da Argentina para a China cresceram fortemente e estão em níveis recordes”, disse uma segunda fonte chinesa com conhecimento do comércio de grãos, que acrescentou que está prevista a entrega de 500 mil toneladas de cevada argentina ao gigante asiático entre fevereiro e março.
“O principal motivo continua sendo cobrir o déficit deixado pela situação com a cevada australiana, enquanto os preços domésticos do milho estão altos e as reservas limitadas”, disse a fonte, que pediu para não ser identificada por não estar autorizada a conversar com a imprensa.
Outros países beneficiados pela necessidade chinesa de cevada são França, Canadá e Ucrânia.