Três Guardas Municipais participaram da morte do adolescente Caio José Ferreira Lemes, de 17 anos. Segundo os agentes, o garoto levou um tiro na nuca e outro na mão porque estava com uma faca de 25 centímetros, dentro do boné.
Essa versão foi colocada em cheque com a divulgação de imagens de câmeras de segurança de um local próximo de onde o crime aconteceu. Elas mostram Caio correndo, sem camisa, e sendo perseguido pelos Guardas Municipais. A gravação mostra que não há nenhum indício de que ele estivesse armado. As câmeras nos uniformes dos agentes, que deveriam estar filmando, não foram acionadas.
Crime forjado
Na tarde desta segunda-feira(3) dois dos guardas envolvidos na morte do menino se apresentaram à polícia, no 11º Distrito Policial. Nenhum deles quis conversar com o delegado, sob orientação do advogado. O que os dois guardas não sabiam era que, mais cedo, o terceiro envolvido na perseguição já havia prestado depoimento e aberto o jogo sobre o que aconteceu no Campo Comprido e que confirma o que a família de Caio garantia: que ele não morreu em confronto.
Segundo o depoimento do guarda, os dois companheiros, que ficaram em silêncio na delegacia, forjaram um crime. Ele entregou os colegas e foi claro ao dizer que faca foi plantada para justificar os disparos, que teriam sido acidentais.
Essa versão reforça o que uma testemunha do crime já havia dito à polícia. Ela também alegou que a faca não estava com Caio e que foi colocada ao lado do corpo após os disparos. Mesmo com a confissão do colega, a defesa dos dois guardas insiste em dizer que foi legítima defesa.
Guardas seguem afastados
Até o fim do inquérito, os guardas seguem afastados e com o porte de arma suspenso. Eles devem responder por fraude processual e, um deles, por homicídio culposo.
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