Por Marco Aquino e Carlos Valdez
LIMA (Reuters) – Na cama, Ana Estrada diz se sentir “feliz e contente” com a decisão histórica das autoridades peruanas de não recorrer do veredicto de um tribunal que reconheceu seu direito a uma morte assistida.
O veredicto foi surpreendente em um país de maioria católica, onde a eutanásia é ilegal.
“É um caso isolado, mas espero que sirva como precedente”, disse Estrada, de 44 anos, à Reuters, depois que os ministros da Justiça e da Saúde decidiram na noite de terça-feira respeitar um parecer de um juiz segundo o qual ela tem direito a uma “morte digna”.
Estrada, que é psicóloga, sofre há três décadas de poliomiosite, uma doença rara e incurável que ataca os músculos progressivamente. Ela precisa de um respirador a maior parte do tempo.
Cerca de cinco anos atrás, Estrada iniciou uma batalha legal para poder decidir tirar a própria vida “quando chegar a hora”.
A eutanásia não é permitida em muitos países, e muitos se opõem fortemente à prática no Peru, onde o aborto e o casamento gay também são proibidos. Na América Latina, a Colômbia permite o procedimento sob certas condições.
O veredicto da semana passada determina que o serviço de saúde estatal EsSalud proporcione “todas as condições” necessárias para a eutanásia de Estrada, que precisa ocorrer dentro de 10 dias a partir da data em que ela decidir tirar a vida.