Quarta dose da vacina contra covid-19: por que Curitiba não convoca novos públicos?

A vacina contra a covid-19 continua disponível nas 107 unidades de saúde de Curitiba para os públicos já convocados. Porém, desde o final de junho, o município não chama novos públicos, ‘estacionando’ na quarta dose (segundo reforço) para a população acima de 40 anos*.

Outras capitais brasileiras já estão aplicando este imunizante em toda a população acima de 18 anos, como São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. No Paraná, Maringá, na região Norte, e Pinhais, na Região Metropolitana da capital, também vacinam toda a população adulta. Já alguns municípios, como Piraquara, estão imunizando pessoas acima de 25 anos. Um dos motivos para o avanço seria o estoque de doses nos municípios.

Segundo a Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba (SMS), a capital não chamou novos públicos porque segue as notas técnicas do Ministério da Saúde, que através do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 (PNO), define a inclusão de novos grupos para receber o imunizante e também a distribuição das doses.

A capital deve ampliar a campanha de imunização contra o coronavírus quando houver recomendação do Ministério e houver doses disponíveis.

Curitiba adota a mesma orientação seguida pelo Paraná, que também “parou” a vacinação na quarta dose para pessoas com mais de 40 anos. A Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) afirma que os municípios podem definir estratégias próprias, e por isso algumas cidades paranaenses já estão vacinando outros públicos com o segundo reforço. 

Confira a nota da Sesa:

O Paraná segue o Plano Nacional de Imunizações (PNI) e as orientações do Ministério da Saúde e, por este motivo, aguarda a recomendação oficial para avançar a imunização para outras faixas etárias.

A estratégia do Estado em aguardar a orientação nacional está diretamente relacionada com o fato de que é o próprio Governo Federal que adquire e distribui os imunizantes para todas as unidades da federação. Quando o Ministério da Saúde formaliza a inclusão de um novo grupo para vacinação, ele garante que haverá disponibilidade de imunizantes para atender integralmente essas pessoas.

Os municípios possuem autonomia para definição de estratégias específicas de acordo com a realidade local de cada um.

*Em Curitiba, pessoas acima de 18 anos que tomaram a vacina Janssen na primeira dose já foram chamadas para o segundo reforço.

Há riscos de não tomar o segundo reforço?

No dia 20 de junho, o Ministério da Saúde liberou o segundo reforço para a população geral com mais de 40 anos. Essa dose deve ser tomada quatro meses após a imunização com a terceira dose.

Como citado pelas secretarias de saúde, elas aguardam a pasta para definir o avanço da imunização. “A decisão de oferecer a segunda dose ou não para aqueles abaixo de 40 anos depende de parâmetros epidemiológicos como incidência, mortes e internações desse grupo”, explica Emanuel Maltempi de Souza, professor do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da Universidade Federal do Paraná (UFPR). 

De acordo com o professor, que também é um dos responsáveis pela vacina desenvolvida na universidade, desde o dia 1º de julho, 80% das mortes pela covid-19 em Curitiba foram de pacientes com mais de 50 anos. Destes, 40% eram idosos acima dos 80 anos.

Já os outros 20% do total de mortes na capital estariam distribuídos igualmente entre as demais faixas entre 0 e 49 anos.

“Esses dados indicam que a população acima de 50 anos é aquela de maior risco. Os casos mais graves nas faixas abaixo de 40 provavelmente são de pacientes com fatores adicionais de risco. Essa análise sugere que os grupos que devem ser privilegiados são aqueles acima de 40 anos e que têm alguma comorbidade, independentemente da idade”, afirma o professor Emanuel. 

A análise do especialista vai ao encontro com um dado divulgado pela Secretaria de Saúde de Curitiba, que relatou ao Massa News que, em 2022, apenas 0,28% das pessoas abaixo de 40 anos que foram infectadas pela doença na capital precisaram de internamento.

Apesar de não haver riscos das pessoas abaixo de 40 anos sem comorbidades deixarem de tomar a quarta dose no atual momento da pandemia, Souza afirma que a vacina não deixa de ser importante para este público:

“No caso de haver vacina suficiente, a aplicação de dose de reforço  em grupo de menor risco é altamente recomendável, pois reduz a transmissão”.

O professor lembra, porém, que o vírus SARS-CoV-2 se mostra muito eficaz em gerar variantes com características diferentes, que podem comprometer outros públicos. “Toda essa análise pressupõe que não aparecerá uma nova variante com características novas. Por exemplo, variantes com maior letalidade em grupos de menor faixa etária ou maior escape à vacina, entre outros”, explica.

Onde se vacinar em Curitiba

A vacina contra a covid-19 está disponível em 107 unidades de saúde de Curitiba para todos os grupos que foram convocados. No site Imuniza Já Curitiba é possível ver os endereços e horários de vacinação.

Veja os públicos já chamados:

• 1ª dose:  Todos com 3 anos completos ou mais;
• 2ª dose: Todos com 3 anos completos ou mais;
• 1º reforço: Todos com 12 anos ou mais; 
• 2º reforço: Pessoas imunossuprimidos com 12 anos ou mais; profissionais de saúde; pessoas de 18 a 39 anos vacinadas na 1ª dose com Janssen, pessoas com 40 anos ou mais;
• 3º reforço: Pessoas imunossuprimidas com 18 anos ou mais; pessoas com 40 anos ou mais vacinadas com Janssen na 1ª dose; ou profissionais da saúde vacinados com Janssen na 1ª dose;
• 4º reforço: Pessoas imunodeprimidas com 18 anos ou mais vacinadas com a Janssen na 1ª dose.