Conselho Consultivo é necessário em empresas e precisa funcionar

Existe um ditado muito particular sussurrado à boca pequena: “se quer que algo não saia do papel, crie um Conselho”. Na prática, esse fantasma que assombra a definição dessa organização corporativa não faz jus ao seu papel, cada vez mais relevante e decisivo.


Um Conselho serve para dar vida às empresas, agir como bússola, medir instabilidades e orientar se é preciso recuar ou avançar mais. “E quando é hora de criar um Conselho? É já! É ontem!”, disse, Luís Mário Luchetta, empreendedor e especialista em governança corporativa e um dos convidados do recente Talk Show promovido pela Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assespro-PR).

Trajetórias de crescimento muitas vezes estão ligadas ao sucesso da participação ativa do Conselho Consultivo – assunto que foi o tema central do Talk. Acreditando no papel da estrutura, ainda lá nos anos 1990, Marcel Malczewski e seu sócio, Wolney Betiol, montaram seu Conselho antes de terem seu CNPJ. “Éramos dois caras que não sabíamos fazer nem fluxo de caixa quando começamos, mas já fomos atrás de um Conselho”, sorriu. Narrando suas experiências, Marcel garantiu que, se não fosse o Conselho, jamais teriam chegado tão longe. Os sócios e amigos são donos da Bematech, provedora de soluções completas de automação comercial, empresa com parceria desde 2015 com a TOTVS, considerada a maior empresa de tecnologia do país. “Não sei se nossa empresa existiria. Ao olharmos outras experiências, vemos que, realmente, o maior motivo do insucesso das empresas é a discussão societária. No nosso caso, se não tivéssemos um Conselho com pessoas mais experientes e que estavam fora do calor das discussões, para apaziguar os ânimos, não sei se estaríamos contando essa história”.

A criação do Conselho Consultivo faz parte das ações da governança, um sistema para fortalecer a gestão da empresa através da atuação conjunta do pessoal da diretoria, fiscalização e controle, por exemplo, com o intuito de qualificar e dar transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade aos processos de administração. A construção de um Conselho dura em média seis meses e suas reuniões devem acontecer pelo menos uma vez por mês.

Ao lado de Lucas Ribeiro, presidente da Assespro-PR, Marcel e Luís Mário destacaram o bê-á-bá para a arquitetura de um Conselho robusto e funcional, de grande importância para as empresas. Vale lembrar que o Conselho Consultivo não está à frente dos negócios, mas orienta boas práticas e dá sugestões.

Veja as principais recomendações:

Famosos são dispensáveis

Não é preciso trazer nenhum expert no assunto, alguém de outra cidade ou, como brincou Lucas Ribeiro, ninguém “nível Nasa”. “Convide alguém conhecido, não é bom que seja seu amigo, mas que você tenha algum relacionamento e que tenha dinâmica de ajudar na empresa”, orienta Marcel. “Não precisa convidar esse ou aquele famoso só para dizer que você tem tal pessoa no seu Conselho. Não crie um Conselho para inglês ver. Ele precisa funcionar”.

Não é preciso muitos membros

O ideal, de acordo com os participantes do Talk, é de que até seis membros participem do Conselho. Três, devem ser da empresa mesmo. Os demais, de fora dela, para terem uma visão neutra e apresentarem ideias inovadoras. É interessante, também, que os perfis de cada um dos convidados sejam diferentes, assim como suas experiências, para que as contribuições possam ser realmente enriquecedoras. No caso dos conselheiros que já atuam na empresa, como já recebem salário, não é necessário pagar pela participação no grupo; a regra não vale para quem é convidado para compor o grupo. Estima-se um aporte mensal que varia de R$ 2 a R$ 10 mil para cada conselheiro externo.

Reunião do Conselho não é festa

Uma taça de vinho ou um chope depois da reunião é aceitável, mas tornar a discussão toda um momento de descontração, perde todo o sentido. “O Conselho é para cuidar do teu negócio e não um evento social”, alerta Luís Mário. “Não adianta trazer os caras mais legais para compor o Conselho. Ele serve para melhorar a empresa”.

Não importa o tamanho de sua empresa

O importante é criar um Conselho Consultivo. Decisões assinadas apenas pelos sócios da empresa possivelmente não garantem bons resultados. Micro e pequenas empresas podem e devem ter seu próprio Conselho, nem que ele seja com menos membros do que a recomendação dos profissionais. O importante é oxigenar soluções e pensar no crescimento e bom andamento dos negócios.

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