PIB do Brasil cresce 1,2% no 1º tri e retoma patamar pré-pandemia

Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier

REUTERS/Ricardo Moraes

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) – A economia do Brasil registrou crescimento no primeiro trimestre de 2021 e retornou ao patamar pré-pandemia, dando sequência à recuperação dos danos causados pela pandemia de Covid-19, embora o ritmo tenha perdido força.

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1,2% entre janeiro e março, terceiro trimestre seguido de ganhos, mas bem abaixo da alta de 3,2% no quarto trimestre de 2020.

Ainda assim, o resultado foi suficiente para levar o PIB de volta ao patamar do quarto trimestre de 2019, período pré-pandemia.

O dado informado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira ainda é o mais elevado para um primeiro trimestre desde 2011 (+1,4%) e também ficou acima da expectativa em pesquisa da Reuters de ganho de 1,0% no período, depois de expansão de 3,2% no quarto trimestre de 2020.

“A gente vinha numa recuperação lenta e gradual até antes da pandemia. Após o auge das restrições do segundo trimestre, o PIB voltou a crescer. O bom é que chegamos ao nível pré-pandemia pela primeira vez recuperando perdas fortes do primeiro semestre de 2020”, disse a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

Em relação ao primeiro trimestre de 2020, o PIB registrou aumento de 1,0%, ante expectativa de alta de 0,8% nessa base de comparação.

O ano de 2021 começou cheio de incertezas, envolvendo desde nova rodada de pagamento de auxílio emergencial à lentidão na vacinação contra o coronavírus.

A situação sanitária no Brasil se agravou no final de fevereiro e, em seguida, o Brasil se tornou o epicentro global da pandemia de Covid-19, chegando a ultrapassar 4 mil mortes em 24 horas.

A crise, com sistemas de saúde muito sobrecarregados, levou várias localidades a intensificarem as medidas de isolamento, voltando a fechar comércios não essenciais e restringindo ainda mais a mobilidade.

Mas a economia ainda assim respondeu bem à situação, com resultados positivos generalizados do lado da produção.

“Nesse primeiro trimestre tivemos também restrições e isolamentos, mas menos intensos e o PIB foi menos impactado. Especialmente comércio e serviços”, explicou Palis.

AGRO

O destaque foi a Agropecuária, com expansão de 5,7% no primeiro trimestre sobre os três meses anteriores diante da melhora na produtividade e no desempenho de alguns produtos, sobretudo, a soja. Foi a taxa trimestral de crescimento mais elevada desde o primeiro trimestre de 2017 (+12,2%).

Enquanto isso, a Indústria cresceu 0,7% impulsionada pela alta de 3,2% das indústrias extrativas. O único resultado no vermelho foi a queda de 0,5% das indústrias de transformação.

“Todos os subsetores da indústria cresceram, menos a indústria de transformação, que tem o maior peso, impactada pela indústria alimentícia, que afetou o consumo das famílias”, disse Palis.

Os Serviços, que contribuem com 73% do PIB, apresentaram alta de 0,4% no período.

Já do lado das despesas, a Formação Bruta de Capital Fixo, uma medida de investimento, saltou 4,6% em relação ao quarto trimestre, influenciados, de acordo com o IBGE, pelo aumento na produção interna de bens de capital e no desenvolvimento de softwares, alta na construção e os impactos do Repetro, regime aduaneiro especial que permite ao setor de petróleo e gás adquirir bens de capital sem pagar tributos federais.

Taxas negativas foram registradas entre as despesas –de 0,1% nas das famílias e de 0,8% nas do governo.

“O aumento da inflação pesou, principalmente, no consumo de alimentos ao longo desse período. O mercado de trabalho desaquecido também”, explicou Palis, destacando ainda a redução no pagamento do auxílio emergencial pelo governo.

Em relação ao setor externo, as Exportações de Bens e Serviços aumentaram 3,7%, enquanto as importações cresceram 11,6%.

REVISÕES

O primeiro trimestre foi ainda marcado por intensas incertezas sobre o cenário fiscal, e também por inflação alta e desemprego persistentemente elevado.

O cenário para o segundo trimestre contempla ainda indefinições relacionadas à pandemia e ao ritmo de vacinação, mas com expectativa de sustentação da demanda diante da nova rodada de pagamento de auxílio emergencial e retomada de programas de ajuda. Outra preocupação que entra agora no radar é a de risco hidrológico, como levantado pela própria Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia.

Ainda em relação à situação da Covid-19 no país, está em andamento uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado para investigar a gestão da pandemia pelo governo federal e o uso de recursos da União repassados a Estados e municípios para combater a doença, com risco de desgaste político.

O governo elevou sua previsão para a expansão da economia este ano a 3,5%, de 3,2% antes, enquanto a pesquisa Focus mais recente aponta que os especialistas consultados veem expansão da economia neste ano de 3,96%, indo a 2,25% em 2022. E o Banco Central passou a apertar a política monetária diante das pressões inflacionárias, com a Selic subindo 1,5 ponto percentual desde março–da mínima histórica de 2,00% para 3,5%.

“O número (do primeiro trimestre) é bem positivo e muito provavelmente vai justificar uma continuidade no processo de revisão das estimativas do PIB brasileiro no ano de 2021. A tendência é de caminhar para taxa de crescimento do PIB este ano na faixa entre 5% e 5,5%, evidentemente ainda condicionado à evolução do quadro da pandemia nos próximos meses e das influências do ambiente externo”, avaliou o consultor econômico da Alta Vista Investimentos, José Mauro Delella.

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