Congresso não é delegacia de polícia, diz Lira às vésperas de instalação da CPI da Covid

Por Maria Carolina Marcello

Presidente da Câmara, Arthur Lira

BRASÍLIA (Reuters) – O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), avaliou nesta segunda-feira, véspera de instalação da CPI da Covid no Senado, que uma investigação do Legislativo neste momento é uma “perda de tempo” e poderá atrasar votações importantes.

Lira lembrou que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) irá demandar ações e estruturas do Legislativo, do Executivo Federal, de Estados e municípios.

“É perda de tempo neste momento se instalar uma CPI, porque o Congresso não é delegacia de polícia neste momento, é a Casa de leis. Neste momento precisamos produzir que facilitem a vida do cidadão”, disse o presidente da Câmara em entrevista à Jovem Pan.

“Neste momento em nada vai contribuir para a diminuição de mortes ou o aumento de vacinas, que é o que nós precisamos”, afirmou.

O presidente da Câmara já declarava essa posição mesmo antes de se eleger para o comando da Câmara, assim como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que fiava-se na prerrogativa de analisar a conveniência e o momento oportuno para determinar a criação e instalação da CPI.

Pacheco, no entanto, se viu forçado a criar a comissão a partir de decisão monocrática do ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso, depois chancelada pelo plenário da corte.

“Estamos brigando com nós mesmos, politizamos demais a crise”, avaliou Lira nesta segunda.

“Nós agora estamos às vésperas da instalação de uma CPI. Eu continuo na mesma posição: não seria o momento de todos nós estarmos focados em encontrarmos soluções, vacinas, situações de convívio em vez de estarmos agora neste momento paralisando uma das Casas –porque vai paralisar– para tentarmos encontrar culpados?”, disse.

Questionado, o presidente da Câmara também comentou os mais de 100 pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro e a iniciativa de partidos, movimentos sociais, juristas e lideranças religiosas que discutem a unificação de vários dos argumentos já apresentados para compilar um “superpedido”.

Lira considerou a movimentação e a pressão naturais, uma vez que o país está “dividido”, referindo-se aos índices de apoio a Bolsonaro e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“É normal, é democrático. O Brasil está literalmente dividido. Você tem aí um ex-presidente com 30%, e o atual presidente com 30%”, avaliou.

Lira lembrou ainda que cabe ao presidente da Câmara não apenas avaliar os fatos e argumentos das peças, mas também a “oportunidade” e a “conveniência” de dar prosseguimento a elas. Segundo ele, 90% a 95% dos pedidos “não têm absolutamente nenhuma razão de ter sido apresentado, a não ser um fato político que queira se gerar”, e alguns outros têm “muito pouca coisa”.

“Então neste momento, neste momento, não é conveniente você tratar de um assunto dessa gravidade com esse tamanho. Então qualquer pedido de impeachment precisa ser oportunizado, é uma mudança drástica na sociedade brasileira.”

O deputado voltou a dizer que “no tempo adequado” irá analisar e se pronunciar sobre os pedidos “de forma responsável”.

“Quem errou, se errou, quem cometeu erros, dolo, falta de boa gestão no recurso público com relação à Covid, estará necessariamente responsabilizado no tempo adequado.”

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