Dominguetti diz à CPI que Luís Miranda buscou intermediar venda de vacina ao governo; deputado nega

Por Ricardo Brito

REUTERS/Adriano Machado

BRASÍLIA (Reuters) -O policial militar Luiz Paulo Dominguetti, que afirma ser representante de uma empresa que negociou a venda de doses da vacina da AstraZeneca contra Covid-19 ao Ministério da Saúde, disse nesta quinta-feira à CPI da Covid do Senado que o deputado federal Luís Miranda (DEM-DF) teria tentado intermediar a venda de imunizantes pela Davati Medical Supply, empresa que o PM disse representar, para a pasta.

Para supostamente comprovar suas declarações, Dominguetti apresentou durante sessão da CPI um áudio do que seria uma conversa do deputado com Cristiano Alberto Carvalho, apontado por ele como presidente-executivo da Davati. Miranda teria dito, segundo a conversa, que poderia ajudar na intermediação.

Dominguetti afirmou que recebeu o áudio de Cristiano no dia 24 de junho, embora não tenha dito quando foi a data da conversa. Cinco dias depois, ele disse ter dado a entrevista para o jornal Folha de S.Paulo em que acusou o então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, de pedir propina de 1 dólar por dose de vacina vendida para garantir a venda de 400 milhões de doses para o ministério.

Luís Miranda, que chegou a comparecer pessoalmente à CPI durante o depoimento de Dominguetti, negou que tenha buscado intermediar uma eventual venda de vacinas pela Davati ao ministério.

Dominguetti, que é PM da ativa na corporação em Minas Gerais e que afirma atuar como representante para complementar renda, confirmou à CPI a acusação que fez ao jornal contra Roberto Dias, que teve sua exoneração anunciada pela pasta após a publicação da denúncia. O ex-servidor seria ligado ao líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), que, no entanto, nega ser o padrinho da indicação dele ao cargo que ocupava.

Após a apresentação do áudio por Dominguetti, senadores começaram a duvidar da versão dada por ele sobre a gravação apresentada à CPI, dizendo não ter ficado claro que a conversa tratava de vacina. A comissão determinou a apreensão do telefone celular do depoente.

“Não venha achar aqui que todo mundo é otário”, disse o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), ressaltando estranhar o surgimento do áudio durante o depoimento. “Eu sempre pedi cautela quando aparece jabuti na árvore.”

Dominguetti justificou ter divulgado esse áudio porque não poderia faltar com a verdade quando tinha sido perguntado se soube de algum parlamentar teria tentado intermediar a compra de vacinas.

“Meus dados telefônicos e emails estão à disposição da CPI, independente de qualquer apreensão. Minha decisão sempre é de contribuir”, disse ele.

Durante a fala de Dominguetti, Miranda foi à sala da CPI e conversou, ao pé do ouvido, com senadores da comissão, o que gerou reações de senadores da base aliada do governo do presidente Jair Bolsonaro na CPI.

Senadores alinhados ao governo –entre eles o filho do presidente Flávio Bolsonaro (Patriotas-RJ), que não é membro da CPI– chegaram a defender também a apreensão do telefone celular de Luís Miranda para fazer a verificação do relato feito. Aziz, entretanto, rejeitou a medida.

Na semana passada, em depoimento à CPI, Miranda e seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, disseram que avisaram Bolsonaro sobre alegadas irregularidades no contrato de compra pelo governo da vacina indiana contra Covid-19 Covaxin e o deputado disse ter ouvido do presidente que Barros estava envolvido no caso.

Aziz afirmou que vai pedir a reconvocação de Luís Miranda para depor à CPI.

Na companhia de outros integrantes do colegiado, da base e da oposição, o presidente da CPI disse ter conversado com o deputado federal posteriormente. Segundo Aziz, Miranda negou que o áudio da conversa seja recente, disse se tratar de uma gravação de 2020 e que não se referia a vacinas, mas a outros negócios.

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