Relator da CPI da Covid quer convocar ex-cunhada de Bolsonaro

Por Maria Carolina Marcello

REUTERS/Adriano Machado

BRASÍLIA (Reuters) – O relator da CPI da Covid no Senado, Renan Calheiros (MDB-AL), anunciou que pretende sugerir ao colegiado que convoque a ex-cunhada do presidente Jair Bolsonaro Andrea Siqueira Valle, que em áudios obtidos pelo site UOL sugere que o presidente estaria envolvido em um esquema para se apropriar de parte dos salários de seus assessores quando era deputado federal.

O tema em si, conhecido como “rachadinha”, não tem relação direta com a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), criada no Senado para apurar a gestão federal no combate à pandemia do coronavírus e repasses da União a Estados e municípios. Mas soma-se às denúncias mais recentes sobre irregularidades na compra de vacinas contra a Covid-19 por parte do governo federal e configura mais um abalo no discurso anticorrupção do presidente.

Além disso, segundo Renan, é fundamental a CPI convocar a ex-cunhada do presidente porque ela “pode explicar se houve espelhamento do esquema das rachadinhas no governo federal”.

“Como se sabe, Carlos Bolsonaro é peça fundamental no ministério paralelo e Flávio Bolsonaro um influente filtro de indicações”, disse Renan em postagem no Twitter, referindo-se a dois dos filhos do presidente e ao grupo de aconselhamento de Bolsonaro que teria fornecido orientações contrárias ao que o meio científico e organizações internacionais preconizam durante a pandemia.

“A oitiva dela não é para incriminar, mas para esclarecer fatos relacionados a presença dessas pessoas no governo. Ela cita um coronel reformado. São muitos os indícios e testemunhos da participação de militares em irregularidades com as vacinas Covaxin e AstraZeneca”, seguiu o relator na publicação na rede social.

Baseada em gravações de áudio da ex-cunhada de Bolsonaro, fornecidas por uma fonte, a reportagem do UOL traz pela primeira vez uma menção direta de envolvimento do presidente em um caso como esse.

Conhecido como rachadinha, o esquema envolve a retenção pelo parlamentar de parte dos salários pagos a seus assessores de gabinete.

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro apresentou formalmente acusações contra o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho mais velho do presidente, por sua suposta participação em um esquema do mesmo tipo quando era deputado estadual.

O Palácio do Planalto não respondeu imediatamente a um pedido de comentário da Reuters sobre a reportagem do UOL. Contatado pelo UOL, o advogado Frederick Wassef, que representa Bolsonaro, negou ilegalidades.

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