A queda na renda mensal da população pode afetar ainda mais a situação de insegurança alimentar no Brasil. As filas de pessoas em busca de comida cresceram em todo o país e as doações não são suficientes.
A fila para pegar comida em uma das maiores comunidades da América Latina, Paraisópolis, com 100 mil habitantes, começa cedo. Dona Erineide Bela dos Santos, dona de casa, chegou às dez da manhã. “Tenho arroz, né, mas assim, já ajuda uma mistura, como é final do mês, as coisas é tudo fraca, né?”, lamenta ela.
Muita gente vai buscar o que, às vezes, é a única refeição do dia. “É o almoço da gente e a janta, né, tem que correr atrás, se não dá certo em um lugar, vai em outro que dá certo”, conta Maria José Ferreira dos Santos.As quentinhas têm arroz, feijão, legumes, porém, a mistura nem sempre.
A empreendedora social e integrante da ONG Mãos de Maria ” afirma que “mesmo o arroz e o feijão, nesse momento há muito dificuldade pra conseguir, pra mandar a operação”. Em Paraisópolis dá para ver um pouco a dimensão da situação vivida por muitos brasileiros. Nos últimos tempos, a fila aumentou e o número de marmitas seguiu o caminho contrário: já foram dez mil, hoje são apenas 500.
“Nós tínhamos um pico de doações que pararam e as pessoas se acostumaram com o novo normal, que uma parte fica no home office a a outra passa fome”, afirma o presidente do G10 favelas, Gilson Rodrigues.
Um levantamento da fundação Getúlio Vargas, divulgado esta semana, mostra que três em cada dez brasileiros vivem com menos de R$ 500 por mês, na chamada situação de insegurança alimentar. O valor não compra nem uma cesta básica.”O que você precisa ter é uma política social robusta, que enxergue os pobres na medida das suas necessidades, e que seja, se mantenha ao longo do tempo”, afirma Marcelo Neri, economista e diretor da FGV social.
No estado mais rico do país, uma em cada 5 pessoas (17,85%) está nessa condição. Em Paraisópolis, pelo menos 30 mil moradores dependem da distribuição de alimentos, de acordo com o G10 favelas. Ainda mais agora em julho, quando as crianças que se alimentam nas escolas estão de férias.
Informações de SBT News