RAFAEL FANTIN
LONDRINA, PR (FOLHAPRESS) – O ex-aluno de 21 anos que abriu fogo no Colégio Estadual Professora Helena Kolody, em Cambé, no norte do Paraná, e matou dois estudantes estava em uma cela com outro suspeito de participar do crime, isolado dos outros presos. O atirador foi encontrado morto na cadeia na noite desta terça-feira (20).
A informação foi dada pelo advogado Marcelo Gaya, que assumiu a defesa.
A morte do atirador do colégio de Cambé foi confirmada pela Polícia Militar e pela Secretaria de Segurança Pública (Sesp) do Paraná. A causa ainda não foi informada. A PM, contudo, diz que a suspeita é que ele teria se enforcado na cela.
Atirador de colégio divida cela com outro suspeito do crime
Gaya afirma que esteve na Casa de Custódia nesta terça e teve um rápido contato com o preso, que havia passado por audiência. Segundo o advogado, o atirador estaria em um local isolado com um outro preso, que também foi detido durante as investigações sobre o atentado na escola.
“Eles [policiais] se preocuparam em garantir a segurança dos dois. Como sabemos, a Casa de Custódia, como outras unidades, está superlotada. Eles tiveram o cuidado de não deixar no seguro [área reservada a presos que correm risco de morte] e nem com a massa carcerária. Eles colocaram os dois separados dos demais, pois é um fato que jamais aconteceu em nossa região”, disse o advogado.
“Parece-me que ele estava com outro rapaz, mas não havia nenhuma animosidade. Então, estavam no mesmo ambiente”, acrescentou o defensor.
O advogado não entrou em detalhes sobre quem seria a pessoa que estava com o autor do atentado na cela separada.
O Departamento de Polícia Penal do Estado do Paraná já instaurou procedimento interno para apurar o caso. A Polícia Civil do Paraná também iniciou investigação.
Atirador de colégio pode ter cometido suicídio
Segundo o diretor-adjunto do IML de Londrina, Maurício Nakao, a morte foi comunicada pela Casa de Custódia entre 22h e 23h de terça. Após inspeção de policiais na cela onde o atirador estava detido, o corpo deu entrada no necrotério por volta da 1h desta quarta-feira.
Questionado, o diretor não informou se ele estava sozinho na cela. Ele confirmou que o boletim de ocorrência aponta para a presença de um “artefato parecido com uma corda”.
“É o que o consta no boletim. Mas não vamos fazer nenhum parecer antecipado. O perito também teve acesso à cena onde foi encontrado esse corpo. Então isso será trazido de forma técnica e formal através do laudo pericial”, disse.
O atirador estava sob custódia desde segunda-feira (19). De acordo com o Governo do Paraná e a Polícia Militar, ele foi preso e levado para Londrina (PR), cidade vizinha a Cambé.
Bullying seria motivação para ataque em colégio
Segundo o delegado-chefe da Polícia Civil de Londrina, Fernando Amarantino Ribeiro, o ex-aluno disse que sofria bullying quando frequentou a escola (até 2014) e que teria planejado o ataque, nos últimos meses, para se vingar.
“Ele alega que, no período em que estudou no colégio, do primeiro ao sétimo ano, sofria bullying dos alunos que tinham a idade dele à época, 15 anos. O objetivo dele, hoje, era atacar jovens com essa faixa etária”, afirmou o delegado.
Ainda de acordo com Ribeiro, o atirador afirmou ter sido diagnosticado com esquizofrenia e passar por acompanhamento junto à Secretaria de Saúde de Rolândia (PR), outra cidade vizinha, onde morava. “Isso tudo vai ser averiguado, nomes dos profissionais, medicamentos. Ele alega que tem perturbações, vê pessoas e coisas e ouve vozes. São as palavras que ele utilizou.”
O ex-aluno usou um revólver calibre 38, adquirido em Rolândia, e entrou na escola com 50 munições e sete carregadores. Para ter acesso à unidade, afirmou que pretendia solicitar seu histórico escolar. Ele foi, então, ao banheiro e, na saída do local, deu início ao ataque. Após ferir ao menos dois jovens, acabou sendo dominado.
O piscineiro Joel de Oliveira, 62, diz ter sido responsável por desarmar o ex-aluno.
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