Novos depoimentos obtidos com exclusividade pela equipe do Tribuna da Massa indicam que Ana Paula Campestrini e Wagner Cardeal Oganauskas teriam a mesma amante, mas escondiam o relacionamento extraconjugal do outro. Esse teria sido um dos motivos que teriam levado ao pedido de separação do casal, que ficou junto por 17 anos. Oganauskas está preso suspeito de ter encomendado a morte da ex-esposa. Ela foi executada com 14 tiros no último dia 22 na porta do condomínio onde morava, em Curitiba.
- Caso Ana Paula Campestrini: ex-marido teria pago R$ 38 mil a atirador pela execução
- Polícia aponta possível emboscada no assassinato de Ana Paula Campestrini
Uma amiga que conhecia os dois na época em que ainda eram casados passou a frequentar a casa da família e estranhou que havia outra mulher morando com eles, identificada apenas como Vera. “Quando a gente conheceu, ficou sabendo que o Wagner ajudou muito ela a se divorciar, ela tinha um filhinho pequeno que eles [Wagner e Ana Paula] cuidavam como se fosse filho deles”, conta.
“A gente achava estranha porque a Vera cuidava da casa como se fosse dela”, conta a testemunha. Com o tempo, a intimidade entre os amigos aumentou e essa amiga passou a ouvir desabafos e confissões. Em 2018, ano da separação, Ana sentiu confiança em contar que era bissexual e que se relacionava com Vera. “Ela se descobriu bissexual com a Vera e tinha uma relação com a Vera, que morava com eles”.
A testemunha também disse no depoimento que não se sentia à vontade de tocar no assunto porque Wagner seria abertamente homofóbico. “Ele falava de homossexualidade e sempre mostrava que aquilo não era de Deus, mostrava nitidamente o machismo e a homofobia dele”.
- Contradições apontam presidente e diretor de clube como autores da morte de Ana Paula; assista
- Polícia faz perícia em clube comandado por suspeitos de assassinato
Ainda em 2018, Vera viajou com Wagner para a Croácia para acompanhar a filha mais velha do casal em uma competição de judô. Segundo ela contou para a polícia, Ana não quis viajar porque não gostava de frio e sugeriu que Vera viajasse com o esposo até o país europeu. “Lá ficamos sabendo que houve uma ligação entre ela [Vera] e o Wagner, acredito que íntima”.
Ana Paula viu aí a oportunidade de deixar o casamento. “Ela aproveitou essa situação pra falar que não estava mais feliz com o casamento, que ela amava ele, mas como amigo porque sempre foi uma criatura do bem”, diz a testemunha, acrescentando que os conflitos começaram aí. Para não perder a esposa, Oganauskas teria feito ofertas para Ana Paula. “Primeiro, ele pediu pra ela continuar em casa, que ela tivesse a vida que quisesse ter, contanto que fosse entre quatro parede. Ele gostava da Ana, mas pra ele o que importava era a visão da sociedade, o pavor dele era que as pessoas soubessem que ela era bissexual”, revela a testemunha.
- Polícia aponta possível emboscada no assassinato de Ana Paula Campestrini
- Caso Ana Paula: veja o que ex-marido e suspeito de dar os tiros disseram em depoimentos
Mesmo assim, ela decidiu ir embora de casa e, a partir disso, segundo a testemunha, começaram as ameaças. “(Ele disse que) se ela saísse ela ia ficar sem nada, porque ele não ia bancar a vida de luxo pra ela”. Meses depois, o ex-marido deixou de pagar o auxílio e dificultar a relação de Ana Paula com os filhos, conforme o relato da testemunha.