Com país em alerta, Curitiba oferece vacinação e mantém vigilância contra o sarampo

Nas últimas semanas, o Brasil acendeu novamente o alerta para o sarampo, doença altamente contagiosa que atinge principalmente as crianças. Depois de um surto em 2018 e 2019 e queda nos casos em 2020 e 2021, a confirmação de dois casos no estado de São Paulo neste ano preocupa as autoridades de saúde novamente, principalmente por causa da baixa cobertura vacinal. 

Foto: Adobe Stock

Os casos foram confirmados nos municípios de São Paulo e São Vicente, no dia 13 de abril. No Paraná, dois casos estão sob investigação. 

“A confirmação de casos em São Paulo é uma coisa bastante preocupante, porque essa reintrodução [dos casos de sarampo] ocorreu pela queda da cobertura vacinal da nossa população”, diz a médica Sonia Raboni, chefe do setor de infectologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná. 

O principal motivo do alerta é o alto contágio e gravidade do sarampo. “Uma pessoa infectada pode transmitir para várias outras pessoas a doença”, afirma Raboni. “O risco de uma pessoa que não teve sarampo e não teve imunidade ter contato com uma pessoa infectada é muito grande”. 

A situação em Curitiba 

Em Curitiba, os últimos casos de sarampo foram registrados em 2020. A vacina contra a doença segue disponível como imunização de rotina nas 107 unidades de saúde do município. 

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) foi procurada para falar sobre a procura pela vacina na capital. A SMS, porém, informou que, como a campanha oficial de vacinação contra o sarampo não começou, a pasta ainda não tem dados de como anda a vacinação nos públicos-alvo. 

Sobre o surgimento de novos casos no Brasil, a SMS disse que “observa com atenção os sinais de circulação de vírus e bactérias de doenças infecciosas como o sarampo e está em constante vigilância” e que “tem subsídios para execução de ações de controle de doenças e agravos”.  

Os moradores de Curitiba podem verificar por meio do aplicativo “Saúde Já” se estão com doses pendentes da vacina contra o sarampo. O app mostra as vacinas já recebidas, as que devem ser tomadas e as que estão em atraso. 

Quem deve se vacinar contra o sarampo 

A vacina contra o sarampo é a única forma de prevenção da doença. É aplicada uma dose da vacina tríplice viral (que protege contra sarampo, caxumba e rubéola) quando a criança completa um ano de vida, e uma dose da tetra viral (contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela) aos 15 meses de idade. 

Em locais com circulação do vírus do sarampo, bebês entre 6 e 11 meses e 29 dias devem receber uma “dose zero”. Depois, deve-se manter o esquema vacinal previsto, respeitando o intervalo de 30 dias entre as doses. 

Foto: Américo Antonio/SESA

O Calendário Nacional de Vacinação, recomendado pelo Ministério da Saúde, também indica que crianças, adolescentes e adultos de até 29 anos devem ter registro de duas doses da vacina contra o sarampo, feitas após um ano de idade. Adultos de 30 a 49 anos devem ter pelo menos uma dose desta vacina. 

A Campanha Nacional de Vacinação contra o Sarampo, realizada simultaneamente à imunização da Influenza, começou no Paraná no dia 4 de abril para trabalhadores da saúde. A partir do dia 2 de maio até 3 de junho acontece a segunda etapa, contemplando as crianças de seis meses a cinco anos (4 anos, 11 meses e 29 dias).

Cobertura vacinal 

Em 2016, o sarampo chegou a ser considerado erradicado no Brasil. Naquele ano e em 2017, o país não registrou casos da doença. Nos anos seguintes, porém, um avanço no mundo todo levou a um surto de sarampo. Dados do Ministério da Saúde apontam que, em 2018, foram confirmados 10.346 casos da doença. Em 2019, foram 20.901 registros. Após ampla campanha de vacinação, em 2020 foram 8.448 casos de sarampo e em 2021, 668. 

Para que haja um controle do contágio do sarampo, é necessário que a cobertura vacinal seja superior a 95%. Nos últimos anos, porém, a cobertura está em queda, o que levou ao aumento dos casos após 2018. 

Segundo dados do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações, em 2016, quando o sarampo foi considerado erradicado no Brasil, a cobertura vacinal no país era de 95,41%. Em 2017, já caiu para 86,24%. Em 2018 e 2019, anos de surto da doença e amplas campanhas de vacinação, a taxa aumentou para 92,91% e 93,12%, respectivamente. 

Nos anos da pandemia de covid-19, porém, a cobertura vacinal caiu muito no Brasil. Enquanto em 2020 a taxa foi de 79,57%, em 2021 baixou para 71,95%. A queda pode ser explicada porque as famílias evitaram ir aos hospitais com medo do risco do coronavírus e, também, por uma recente desconfiança em relação às vacinas no país. 

Ano 2016 2017 2018 2019 2020 2021 
Total 95,41 86,24 92,61 93,12 79,57 71,95 

Identificação e prevenção 

O sarampo é uma doença infecciosa viral. Os pacientes apresentam sintomas respiratórios como tosse, coriza e secreção intensa nasal, mas o quadro pode evoluir para manchas pelo corpo, febre alta e complicações pulmonares e neurológicas. 

A doença pode ser confundida com a varicela, popularmente conhecida como catapora, por causa das manchas pelo corpo. As duas atingem principalmente as crianças, mas são diferentes: na varicela, as manchas são lesões em formato de bolhas, que se rompem e formam crostas, geralmente na região do tronco. No sarampo, elas são mais avermelhadas, se espalham por todo o corpo e não formam bolhas. 

A principal diferença para os pais diferenciarem as doenças nas crianças, porém, está nos sintomas clínicos. “Normalmente, na varicela, não há sintomas respiratórios. Diferente do sarampo, que tem muita manifestação respiratória”, diz a médica Sonia Raboni. 

As duas doenças são transmissíveis por via respiratória. “Por isso, é extremamente importante que, no caso de suspeita de qualquer uma dessas doenças, a criança faça um isolamento e que os pais levem a um médico para a confirmação do diagnóstico. Se confirmado, que mantenha o isolamento em casa”, recomenda Raboni. 

Como o sarampo (e também a varicela) é uma doença altamente contagiosa transmitida por gotículas e aerossóis, o uso de máscaras pode auxiliar na prevenção. Com a flexibilização das medidas preventivas contra a covid-19, a população deixou de usar máscaras e, assim, pode aumentar a transmissão de infecções respiratórias e outras doenças 

Mas a forma mais efetiva de prevenção contra o sarampo é a vacina. Com a retomada das aulas presenciais, a circulação da doença é mais propícia, ainda mais se as crianças não estiverem vacinadas. Com os novos casos confirmados no estado de São Paulo, é importante que a população se atenha para prevenir um novo surto de sarampo. 

“A vacinação é a única forma de controle dessa doença. Nós podemos voltar a erradicar do nosso país o sarampo, com toda a população-alvo vacinada. 95% de cobertura vacinal é um desafio, mas isso já foi conseguido antes e é possível, desde que a população volte a ter confiança nas vacinas, o que é extremamente importante”, finaliza Sonia Raboni.  

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