O Paraná, que responde por 83% de toda a produção nacional da seda, vai ganhar um importante polo, que vai unir moda, turismo e cultura. O governador Carlos Massa Ratinho Junior anunciou nesta quinta-feira (22), em participação virtual no I Congresso Internacional da Associação Brasileira da Seda (Abraseda) e 37º Encontro Estadual de Sericicultura, a criação do Palácio da Seda, em Curitiba.
Em fase final da elaboração do projeto, o equipamento vai ser instalado na histórica Casa Andrade Muricy, na esquina da Rua Saldanha Marinho com a Alameda Dr. Muricy, na região central de Curitiba. De acordo com o governador, o Palácio da Seda está sendo projetado para ser um espaço cultural pulsante que reunirá arte, ciência, exposições e incentivo à criatividade do design com a seda.
“A cultura da seda dá ao Paraná um lugar privilegiado por produzir o fio com maior qualidade do mundo. Vamos instalar o Palácio da Seda em um prédio histórico de Curitiba com o objetivo de transformá-lo em referência internacional. Vai representar o potencial e a liderança do Paraná na produção da seda”, afirmou Ratinho Junior. “Queremos reunir jovens estilistas de moda em um ambiente compartilhado para que possam criar a partir desta matéria-prima tão nobre”.
O Palácio da Seda se somará às instituições culturais do estado e será um local de encontros e visitação para a população e turistas do mundo inteiro que passam pela capital.
Histórico
A Casa Andrade Muricy foi construída entre 1923 e 1926, em estilo eclético. Sede de vários órgãos públicos no decorrer dos anos, foi tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Paraná, em 1977. O imóvel leva nome do escritor curitibano José Cândido de Andrade Muricy (1895-1984), neto do médico baiano que batiza a Alameda onde se situa o edifício.
O local fica em anexo à Superintendência da Cultura do Paraná e estava há alguns anos desativado.
Produção
De acordo com dados da Secretaria estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab), o Paraná conta com mais de 1,8 mil produtores de casulo de seda em 176 municípios, que ocupam 4.700 hectares de plantação de amoreiras (que são alimentos para os bichos). São 2,2 mil toneladas produzidas anualmente, o que representa 83% de toda a seda do país. 96% do material vai para exportação, especialmente para a Europa.
O Norte e Noroeste são as regiões que mais se destacam. Nova Esperança é a maior produtora, seguida por Astorga, Diamante do Sul, Cândido de Abreu e Jardim Alegre.
A sericicultura gera perto de 8 mil empregos diretos e indiretos, sendo particularmente atraente para pequenas áreas, entre 2 e 5 hectares. O bicho-da-seda se alimenta da folha da amoreira, uma cultura limpa que utiliza preferencialmente adubo orgânico.
Projeto
Como forma de estimular o setor, o Governo do Paraná, por meio da Universidade Estadual de Londrina (UEL), desenvolve o projeto Seda Brasil o Fio que Transforma, composto por professores de várias áreas e que busca fomentar uma rede econômica e produtiva, com o intuito de incentivar novos empreendedores para o desenvolvimento da cadeia da seda de forma sustentável.
O projeto existe desde 2016 e reúne pesquisadores de diversas áreas (Design, Biologia, Química e Zootecnia). Busca melhorar a qualidade da seda e ampliar a quantidade de produtores, a partir do entendimento genético do bicho-da-seda e do produto final; a possibilidade de produzir entressafra, no inverno; o uso medicinal para tratar feridas crônicas e queimaduras; e a ampliação das áreas livres de defensivos agrícolas. A primeira fase da ação contou com investimento de R$ 300 mil.
Informações da AEN