Paranaenses vindos da Ucrânia em avião da FAB desembarcaram em Curitiba nesta sexta

Os paranaenses que fugiram da guerra na Ucrânia no avião da Força Aérea Brasileira (FAB) finalmente chegaram ao estado. O desembarque de Murilo Maia, 23 anos, Francisco Jurescu, 62 anos, e Albanir Roberto, 52 anos, ocorreu por volta das 14 horas desta sexta-feira (11), no Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Os três foram resgatados em Varsóvia, na Polônia, principal destino dos refugiados por fazer fronteira com a Ucrânia.

Foto: José Fernando Ogura/AEN

Murilo é jogador de futebol e foi de Curitiba para a Ucrânia em 6 de fevereiro para atuar em uma temporada de jogos no país. Albanir, dono de uma academia de futebol em Varsóvia, e Luiz, treinador de jogadores, moravam na cidade polonesa, mas foram ao país vizinho para treinar atletas locais. A guerra começou no dia 24 do mesmo mês, então todos decidiram sair imediatamente. De lá, foram todos para a Polônia. “Infelizmente tivemos que sair de lá, porque os acontecimentos realmente estão muito pesados. Não tinha sentido mais ficar”, declarou Luiz.

Albanir nem consegue acreditar que está em terras paranaenses. “É um sonho realizado. Foi muito difícil tudo que nós passamos, o cansaço da viagem, desde o momento da saída da Ucrânia até agora, não só pela questão física, mas a questão emocional. A cada momento, não recebíamos informações boas, as coisas estavam ficando cada vez piores. Senti muito medo. Achei que não conseguiria sair, recebemos a informação de que as tropas estavam chegando, mas não tínhamos ideia de tempo”, disse.

Os paranaenses faziam parte de um grupo de 43 brasileiros, entre eles 12 menores de idade, que desembarcaram em Brasília por volta do meio-dia desta quinta-feira (10). No total, foram trazidos 52 adultos, incluindo pessoas de outras nacionalidades, como ucranianos e argentinos, e 16 menores de idade. Também foram transportados dez animais de estimação, entre cães e gatos. O resgate foi realizado dez dias após o início da invasão russa.

O voo da FAB saiu da Polônia e passou por Portugal e Cabo Verde antes de chegar ao Brasil, em Brasília. De lá, os paranaenses foram em um mesmo voo de uma companhia aérea para o Rio de Janeiro por volta de 9h30 da manhã desta sexta, e só então, vieram para a capital paranaense, onde todos moravam antes da ida para a Europa.

“Nós sabíamos que seria um processo difícil, mas não tanto. Só que se formos comparar com outros brasileiros, até foi fácil. Muita gente passou muita dificuldade com crianças pequenas, famílias inteiras. Mas ainda assim temos que agradecer porque não foi tão difícil quanto o de várias pessoas”, afirmou Murilo.

A mãe do jogador, Angélica Maia, que o recebeu no aeroporto, não escondia a emoção. “Fomos abençoados por ele poder sair em segurança. Agora é a hora de matar a saudade”, disse. Apesar da alegria, ela demonstrou indignação e tristeza com os rumos da guerra. “Ainda tem gente pra trás, brasileiros, ucranianos, russos. A guerra não é justa pra ninguém. A gente tá feliz do Murilo estar aqui, mas vamos continuar rezando pela paz, para que cesse essa guerra. Não é tempo disso”, lamentou.

Futuro

Para Murilo, o plano do futuro é recomeçar. “Minha expectativa é buscar o que eu não tive lá em outro lugar. Recomeçar. Já sei que nada vai acontecer lá, então tenho que pensar no que vai ser daqui para frente. Infelizmente todos temos planos e queríamos que ocorressem da melhor maneira possível, mas tivemos que nos adaptar à situação”, ressaltou.

Albanir tem uma academia de futebol em Varsóvia, na Polônia, onde morava, e agora vai permanecer no Brasil por um tempo para então planejar o que fará no futuro. Sua prioridade no momento é ficar com a família. “É um momento difícil, nada melhor do que chegar na sua casa, ver seus familiares, ficar um tempo em off pra poder recuperar tudo que aconteceu. Nós vimos muita coisa. É um baque para o mundo”, afirmou.

Apesar da alegria por retornar ao estado, Albanir reforça o quanto a Ucrânia precisa de ajuda. “O nosso desgaste passa, mas os ucranianos estão precisando da atenção do mundo”, disse.

O treinador conta que presenciou cenas horríveis, que deixarão marcas em sua vida, mas que agora, o foco é olhar para o futuro. “Muitos chegavam lá e tinham que se despedir em um minuto, os filhos pequenos abraçando as pernas dos pais para que eles não fossem embora. É uma coisa muito triste. Agora é tentar descansar um pouquinho, respirar com a família e ver o que fazer para frente”, disse.

Informações da Agência Estadual de Notícias

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