Vereadoras acusam “desproporcionalidade” e “distorção” no caso da Igreja do Rosário

Pela quarta sessão consecutiva, os vereadores da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) discutiram em plenário o caso da Igreja do Rosário. Desta vez, Maria Leticia (PV), Professora Josete (PT) e Carol Dartora (PT), em tom de acusação, afirmaram que o debate sobre a participação de Renato Freitas (PT) no ato estaria distorcido por “fake news”, levando à “desproporcionalidade” das acusações contra o parlamentar. No contraponto, Osias Moraes (Republicanos) reiterou que as filmagens mostram a invasão do templo acontecendo.

Foto: Divulgação/CMC

“Eu vou esperar os documentos e as provas”, disse Maria Leticia, abrindo o debate sobre o assunto e criticando a “condenação prévia” do vereador Renato Freitas, que responde a quatro representações no Conselho de Ética da CMC por ter participado do ato contra o racismo que terminou com a entrada dos manifestantes no templo. “Existe outra violência aí, quando [a repercussão da] a invasão da igreja supera a da morte de homens negros. Ninguém falou de racismo estrutural aqui. Negar que essas violências foram de cunho racial, foram racistas, é negar o racismo estrutural. É absurdo como negam o racismo estrutural”, acusou.

Para a Professora Josete, a discussão sobre o ato na Igreja do Rosário é vítima da intolerância política. “Somos contra distorções que visem unicamente a prejudicar a imagem dos manifestantes e dos movimentos sociais, especialmente do Partido dos Trabalhadores, e atacar os nossos parlamentares. Estive na praça e presenciei um ato simbólico e justo, clamando pela proteção da vida das pessoas pretas, em uma igreja historicamente vinculada à população negra. O vereador Renato Freitas já pediu desculpas aos fiéis e a toda comunidade católica. Nós reconhecemos a importância do seu mandato para a CMC e para a população periférica da cidade”, afirmou a parlamentar.

“Sabemos que, infelizmente, alguns vereadores de Curitiba, parte da imprensa e lideranças políticas, algumas delas pré-candidatas, e até mesmo o genocida que hoje é presidente da República, têm usado esse episódio com o intuito de criminalizar a esquerda e seus representantes. Denunciamos e repudiamos a série de ataques de cunho racista que nossos colegas de bancada, Renato Freitas  e Carol Dartora, têm sofrido desde o ocorrido, pois esse movimento tem apenas o intuito de desvirtuar o debate central, que é o combate ao racismo e o genocídio da população negra”, concluiu Josete.

“Considerando a polarização que foi feita e a politização da situação, distorcida, e que notícias falsas foram divulgadas nas redes sociais, especialmente nas bolsonaristas, manipulando e desinformando as pessoas em relação ao que aconteceu, a gente olha o pedido de cassação como algo extremamente desproporcional. Se todo o ocorrido foi distorcido, a CMC levar a cabo a cassação de uma representação legítima, negra e periférica, que enfrenta inúmeras barreiras para ocupar esse espaço, mostra quanto o racismo estrutural barra a nossa entrada e dificulta a nossa presença”, acrescentou Carol Dartora. Hoje, acompanhando a sessão, estavam os ex-vereadores Angelo Vanhoni, Dr. Rosinha e André Passos, do PT.

Autor de uma das representações contra Renato Freitas em análise no Conselho de Ética, Osias Moraes (Republicanos), respondeu às críticas das parlamentares. “Não posso me calar sobre os fatos terem sido distorcidos. Os fatos estão claros nas filmagens. Havia um ato legítimo contra o racismo em frente à igreja e, os ativistas, aqueles que estavam protestando, subiram as escadarias da igreja, e isso é fato. Não há fake news nisso. Está gravado, lá, para todo mundo ver. Que o padre foi lá e pedir para eles baixarem o som e que ele foi chamado de fascista e racista. Isso é fato claro, não é fake news. Tentar transformar esse fato em racismo é leviano e imoral”, contrapôs.

Solidariedade

Depois da vereadora Carol Dartora expor os ataques que vem sofrendo pelas redes sociais desde o dia da manifestação, com ameaças e injúrias raciais, parlamentares têm se posicionado sobre o fato, demonstrando solidariedade a ela e a Renato Freitas. “A CMC apoia as manifestações pacíficas. Na [última] reunião da Mesa Diretora afirmamos que as pessoas têm que ter muito cuidado para que, ao quererem a solução para o caso da Igreja do Rosário, não cometam outros crimes, como injúria e racismo. A vereadora Carol Dartora e também o vereador Renato Freitas vêm sofrendo essas perseguições. Não podemos admitir esse tipo de atitude”, reiterou Tico Kuzma (Pros), presidente da CMC.

“Quero deixar a minha solidariedade à vereadora Carol Dartora, vítima de alguns perfis com racismo. Isso é incabível e inaceitável. Deixo o meu repúdio e peço que a Polícia Civil possa encontrar esses racistas infelizes que atacam a vereadora”, disse, hoje, Osias Moraes. “Quero deixar meu apoio à vereadora Carol e repudiar as agressões que ela sofreu nos últimos dias”, registrou Indiara Barbosa (Novo), durante a sessão.

Mais sobre o caso

Informações da Câmara Municipal de Curitiba.

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