MPPR denuncia ex-marido por morte de Ana Paula e aponta lesbofobia

O Ministério Público do Paraná ofereceu nesta quinta-feira (8) denúncia criminal por homicídio triplamente qualificado contra Wagner Cardeal Oganauskas, apontado como responsável pela morte da ex-esposa Ana Paula Campestrini em Curitiba, no dia 22 de junho. A vítima foi atingida por diversos tiros quando chegava em sua casa, no bairro Santa Cândida, na capital. A mulher deixou três filhos, de 16, 11 e 9 anos.

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Além do ex-marido, que seria o mandante do crime, também há outros dois denunciados. Marcos Antônio Ramon teria sido o autor dos tiros, conforme aponta o inquérito policial. Também responderá na Justiça um terceiro suspeito, Felipe Rodrigues Wada, de 18 anos. O nome dele surgiu recentemente no caso e, segundo o MPPR, ele teria agido para obstruir as investigações.

Lesbofobia

Na denúncia proposta por meio da 1ª Promotoria de Justiça de Crimes Dolosos contra a Vida, com base nas investigações conduzidas pela Polícia Civil, o MPPR sustenta que a motivação do crime teria sido o fato de o ex-marido não aceitar o novo relacionamento mantido pela vítima, com uma mulher. Conforme a denúncia, o acusado teria passado a “empreender diversos constrangimentos e problemas contra a vítima”, principalmente ao dificultar o livre acesso dela aos filhos do casal (executado por meio de alienação parental) e aos bens adquiridos durante o casamento (ocultação de bens).

“Assim, motivado pela lesbofobia demonstrada com o inconformismo perante o novo relacionamento da ofendida […] e munido de egoísmo ao não acatar às reiteradas decisões judiciais em prol da devida divisão de bens entre os ex cônjuges”, Oganauskas teria decidido pagar recompensa no valor de R$ 38 mil em troca da morte da ex-esposa.

Câmeras desligadas

Para executar o crime, Oganauskas teria, intencionalmente, autorizado a emissão de carteirinha do clube do qual era presidente para que a Ana Paula pudesse levar os filhos ao local. Também fez com que as câmeras de segurança do clube fossem desligadas, para que Ramon pudesse seguir a vítima dali até sua casa, executando o crime sem ser reconhecido ou identificado e dirigindo uma moto sem placas, de acordo com a polícia e com o MPPR.

O terceiro denunciado, acusado de fraude processual, teria, a pedido de Ramon, apagado de seu celular as conversas mantidas com o mandante do homicídio. O objetivo dessa ação era induzir os peritos e autoridades judiciais a erro.

Machismo

Foram consideradas como qualificadoras para o homicídio o fato de ter sido praticado em razão do sexo feminino da vítima (feminicídio), ter sido utilizado recurso de dissimulação que dificultou sua defesa e o motivo torpe. A conduta dos denunciados, reforça o Ministério Público, demonstra “inaceitável machismo e intolerável misoginia, que naturalizam a violência de gênero e perpetuam a desigualdade entre homens e mulheres, o que é rechaçado pela Constituição Federal”.

Dois dos denunciados (Oganauskas e Ramon) estão presos temporariamente, mas o MPPR já apresentou o requerimento para a prisão preventiva da dupla.

Defesa

A defesa dos denunciados Wagner Cardeal Oganauskas e Marcos Antônio Ramon afirma “que a oferta de denúncia pelo MP é consequência natural da conclusão do inquérito e que formulará defesa no curso do processo”. Os advogados de Wada ainda não foram localizados.

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