Até 2025, o Paraná precisará qualificar 833,5 mil pessoas em ocupações industriais, sendo 163,9 mil em formação inicial, para repor inativos e preencher novas vagas, e 669,6 mil em formação continuada, para trabalhadores que devem se atualizar. Isso significa que, da necessidade de formação nos próximos quatro anos, 80% serão em aperfeiçoamento. Os dados estaduais, apresentados nesta semana, quando se comemora o Dia Nacional da Indústria, em 25 de maio, fazem parte do Mapa do Trabalho Industrial 2022-2025. O estudo foi realizado pelo Observatório Nacional da Indústria para identificar demandas futuras por mão de obra e orientar a formação profissional de base industrial no país.
As ocupações industriais são aquelas que requerem conhecimentos tipicamente relacionados à produção industrial, mas estão presentes também em outros setores da economia. Para o presidente do Sistema Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Carlos Valter Martins Pedro, mais do que mostrar uma necessidade das empresas, os dados mostram as oportunidades de trabalho que a indústria oferece. “A indústria é um excelente lugar para o desenvolvimento de carreiras. Os avanços tecnológicos e a normatização que existe sobre a indústria a tornam muito atrativa para quem quer ingressar em uma carreira mais técnica”, afirma.
O mercado de trabalho passa por uma transformação, ocasionada principalmente pelo uso de novas tecnologias e mudanças na cadeia produtiva e, cada vez mais, o Brasil precisará investir em aperfeiçoamento e requalificação para que os profissionais estejam atualizados. Em todo o país, a necessidade é de 9,6 milhões de trabalhadores qualificados.
A demanda por formação no estado por nível de qualificação será de:
Nível de qualificação | Demanda |
Qualificação (menos de 200 horas) | 487.119 |
Qualificação (mais de 200 horas) | 165.253 |
Técnico | 124.954 |
Superior | 56.222 |
TOTAL | 833.548 |
Em volume, ainda prevalecem as ocupações de nível de qualificação, que respondem por 74% do emprego industrial no Brasil atualmente. Contudo, chama atenção o crescimento das ocupações de nível técnico e superior, que deve seguir como uma tendência. Isso ocorre por conta das mudanças organizacionais e tecnológicas, que fazem com que as empresas busquem profissionais de maior nível de formação, que saibam executar tarefas e resolver problemas mais complexos.
As áreas com maior demanda por formação são: Transversais, Metalmecânica, Logística e Transporte, Alimentos e Bebidas, e Construção. As ocupações transversais são aquelas que permitem ao profissional atuar em diferentes áreas, como técnico em Segurança do Trabalho, técnico de Apoio em Pesquisa e Desenvolvimento e profissionais da Metrologia, por exemplo.
Estudo avalia estimativas e cenário político, econômico, tecnológico e de emprego
O Senai é a principal instituição formadora em ocupações industriais no país. Para subsidiar a oferta de cursos, em sintonia com as demandas por mão de obra do setor produtivo, o Observatório Nacional da Indústria desenvolveu a metodologia do Mapa do Trabalho Industrial, referência no Brasil. O estudo é uma projeção do emprego setorial que considera o contexto econômico, político e tecnológico. Um dos diferenciais é a projeção da demanda por formação a partir do emprego estimado para os próximos anos.
Para esse cálculo, são levadas em conta as estimativas das taxas de difusão das novas tecnologias nas empresas e das mudanças organizacionais nas cadeias produtivas, que orientam o cálculo da demanda por aperfeiçoamento, e uma análise da trajetória ocupacional dos trabalhadores no mercado de trabalho formal, que subsidiam o cálculo da formação inicial. Um trabalho de inteligência de dados e prospectiva que deve subsidiar ações e políticas de emprego e educação profissional.
O estudo agrupa as ocupações industriais em 25 áreas. Abaixo, as que mais precisarão formar até 2025:
Áreas com maior demanda por formação (inicial + continuada) | |
Área | Demanda |
Transversais | 183.439 |
Metalmecânica | 119.210 |
Logística e Transporte | 116.695 |
Alimentos e Bebidas | 103.298 |
Construção | 78.025 |
Têxtil e Vestuário | 54.500 |
Tecnologia da Informação | 28.966 |
Automotiva | 26.868 |
Madeira e Móveis | 22.999 |
Eletroeletrônica | 19.248 |
Abaixo, as ocupações com maior demanda por formação, agrupadas por nível de qualificação: superior, técnico, qualificação mais de 200 horas e qualificação menos de 200 horas:
SUPERIOR | ||
Voltados para quem tem o ensino médio completo ou equivalente, visam a formação de um bacharel ou licenciado. São de longa duração, com carga horária mínima de 2.400 horas, sendo que algumas chegam a 7.200 horas. | ||
Ocupação | Demanda em formação inicial | Demanda em aperfeiçoamento |
Analistas de tecnologia da informação | 2.171 | 13.821 |
Gerentes de produção e operações em empresa da indústria extrativa, de transformação e de serviços de utilidade pública | 682 | 4.144 |
Gerentes de comercialização, marketing e comunicação | 567 | 3.753 |
Gerentes administrativos, financeiros, de riscos e afins | 651 | 3.364 |
Engenheiros civis e afins | 682 | 2.249 |
TÉCNICO | ||
Cursos técnicos têm carga horária entre 800h e 1.200h (cerca de 1 ano e 6 meses) e são destinados a alunos matriculados ou egressos do ensino médio. | ||
Ocupação | Demanda em formação inicial | Demanda em aperfeiçoamento |
Técnicos de controle da produção | 2.446 | 14.861 |
Técnicos de planejamento e controle de produção | 1.593 | 7.277 |
Técnicos de desenvolvimento de sistemas e aplicações | 1.224 | 5.065 |
Montadores de veículos automotores (linha de montagem) | 537 | 5.487 |
Técnicos em eletrônica | 1.347 | 3.971 |
QUALIFICAÇÃO + DE 200 HORAS | ||
Os cursos de qualificação são indicados a jovens e profissionais que buscam desenvolver novas competências e capacidades profissionais para a inserção em uma ocupação. Esses cursos não demandam um nível de escolaridade específico. Ao final, o aluno recebe um certificado de conclusão. | ||
Ocupação | Demanda em formação inicial | Demanda em aperfeiçoamento |
Operadores de máquinas para costura de peças do vestuário | 5.502 | 22.353 |
Mecânicos de manutenção de máquinas industriais | 3.032 | 10.279 |
Mecânicos de manutenção de veículos automotores | 4.763 | 6.548 |
Preparadores e operadores de máquinas-ferramenta convencionais | 1.036 | 8.351 |
Padeiros, confeiteiros e afins | 2.748 | 5.699 |
QUALIFICAÇÃO – DE 200 HORAS | ||
Os cursos de qualificação são indicados a jovens e profissionais que buscam desenvolver novas competências e capacidades profissionais para a inserção em uma ocupação. Esses cursos não demandam um nível de escolaridade específico. Ao final, o aluno recebe um certificado de conclusão. | ||
Ocupação | Demanda em formação inicial | Demanda em aperfeiçoamento |
Alimentadores de linhas de produção | 27.756 | 104.684 |
Magarefes e afins | 13.957 | 54.201 |
Motoristas de veículos de cargas em geral | 7.886 | 50.449 |
Ajudantes de obras civis | 8.227 | 12.494 |
Operadores de máquinas a vapor e utilidades | 2.183 | 17.357 |
Senai Paraná com 10,8 mil vagas abertas
Para atender às necessidades do mercado de trabalho, o Senai Paraná tem portfólio com mais de 40 cursos de qualificação e aperfeiçoamento/especialização profissional, gratuitos para a comunidade. Com opções de aulas presenciais, presenciais conectadas (aulas online ao vivo), ou no formato EAD, os cursos em áreas como Tecnologia, Gestão, Construção Civil e Automotiva, estão disponíveis em 31 unidades do Senai Paraná estrategicamente posicionadas em diversas regiões do estado.
A relação de cursos disponíveis pode ser verificada pelo site ou diretamente nas secretarias das unidades do Senai em todo o Paraná.
A indústria no Paraná
A indústria responde atualmente por 26% do Produto Interno Bruto (PIB) do Paraná, a soma de todas as riquezas produzidas no estado. A Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) destaca que, atualmente, são mais de 50 mil estabelecimentos industriais instalados no Estado. A eles se somam outras quase 18 mil empresas que prestam serviços diretamente atrelados à atividade industrial, totalizando 68 mil estabelecimentos sob a representação institucional da Fiep. Juntos, eles empregam mais de 916 mil trabalhadores.
Mesmo apresentando desaceleração em seu ritmo de crescimento, devido principalmente a aumentos de custos causados pelo cenário econômico, a indústria paranaense segue com resultados relevantes. No acumulado dos últimos 12 meses, a produção industrial do estado cresceu 5,8%, enquanto a média nacional foi de 1,8%. O desempenho se reflete também no nível de emprego. No primeiro trimestre de 2022, o setor abriu 10.406 novos postos de trabalho.
Informações da Agência Fiep