A Polícia Civil concluiu o inquérito que investiga a execução da diarista Ana Paula Campestrini, que aconteceu no último dia 22 no bairro Santa Cândida, em Curitiba. O ex-marido dela, Wagner Cardeal Oganauskas, foi indiciado por homicídio quintuplamente qualificado, enquanto o amigo dele, Marcos Antônio Ramon, responderá por homicídio triplamente qualificado.
Os dois suspeitos do crime apontados pela polícia estão presos temporariamente, mas a polícia já pediu à Justiça a conversão da prisão temporária em preventiva, segundo a delegada Tathiana Guzella. Ela explica que o pedido foi feito “primeiramente, para garantia da ordem pública, e segundo pela conveniência da própria instrução criminal”. “Ficou demonstrado que tanto o atirador quanto o mandante são pessoas de alta periculosidade porque têm conhecimento das leis; houve planejamento minucioso por mais de dois meses para cometimento do crime”, assegura a delegada.
Pelo menos 40 pessoas foram ouvidas pelas autoridades para chegar à conclusão da autoria e da motivação do crime.
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Oganauskas responderá por homicídio com as seguintes qualificadoras: feminicídio (assassinato da vítima pelo fato de ela ser mulher), motivação torpe mediante pagamento, uso de meio cruel, emboscada com impossibilidade de defesa da vítima, e assegurar vantagem de outro crime (relacionado aos cinco processos que tramitam na Vara da Família). Já Ramon foi indiciado por homicídio com três qualificadoras: uso de meio cruel, emboscada sem chance de defesa para a vítima, e motivo torpe.
O inquérito policial foi encaminhado ao Ministério Público do Paraná, que agora tem cinco dias para decidir se oferece denúncia à Justiça ou se pede à polícia mais indícios que possam comprovar a autoria do crime.
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Intimidação de juíza
A delegada responsável pela investigação também identificou uma possível intimidação de uma magistrada da 1ª Vara da Família de Curitiba em um dos processos envolvendo Ana Paula e Wagner. “Alguns dias depois de determinada audiência, teria ocorrido uma desavença motivada por ele [Oganauskas] contra a juíza desses processos civis”, explica a delegada. “Dois dias depois desse episódio ocorrido em abril, a magistrada recebeu um e-mail de um pseudo repórter solicitando posicionamento devido à atuação dela em um desses processos”, continua a delegada, acrescentando que haveria inclusive um áudio circulando nas redes sociais que apontaria irregularidades no curso judicial.
“Esse pseudo repórter assina e dá seu telefone no e-mail e só depois da prisão do atirador, a juíza entendeu que era exatamente o mesmo nome: atirador do crime era a pessoa que mandou a mensagem pra ela quase dois meses antes intimidando-a”, confirma Tathiana, acrescentando que a própria juíza relatou no inquérito que se sentiu intimidada para modificar sua decisão favorável a Ana Paula naquele processo”.