A primeira projeção de plantio para a safra de verão 2023/24 aponta para uma elevação na área de soja, enquanto redução redução na do milho, no Paraná. Os dados foram divulgados pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento.
As principais culturas graníferas da 1ª safra paranaense 2023/24, também chamada de safra de verão, devem ocupar pouco mais de 6,2 milhões de hectares. No ciclo anterior, elas se estenderam por 6,3 milhões de hectares. A produção foi de 26,5 milhões de toneladas no ano passado e neste primeiro levantamento a projeção indica 25,4 milhões de toneladas.
Uma das justificativas é o El Niño, evento climático resultante do aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico. Na Região Sul do País, a tendência é a intensificação de chuvas, superiores às médias históricas. Desde junho de 2019 o Brasil não registra clima característico desse fenômeno.
“Essa é a primeira leitura de um cenário possível, mas que pode se alterar quando a produção estiver a campo, mesmo porque estaremos sob o efeito do fenômeno do El Niño, com tendência de mais chuvas e menos estiagens como as que levaram boa parte de nossa produção nos últimos anos, particularmente na safra 21/22”,
explicou o chefe do Deral, Marcelo Garrido.
- Soja
A primeira safra da soja em 2023/24 promete ter um aumento bem pequeno na área, saindo de 5.790 mil hectares para 5.801 mil hectares. A produção tende a se reduzir em 2%, caindo de 22,4 milhões de toneladas para 21,9 milhões.
“A última safra foi excepcional”, disse o agrônomo do Deral Carlos Hugo Godinho. Segundo ele, apesar do aumento, alguns produtores deixaram de plantar a oleaginosa em áreas marginais, que foram ocupadas por outras culturas, como a cana-de-açúcar, por exemplo.
- Milho
No milho, a redução de área na primeira safra deve se efetivar em razão do baixo preço do produto. Nos últimos 12 meses a saca baixou de R$ 75,00 para R$ 45,00. “Se o produtor tiver opção ele migra para outra cultura, principalmente a soja”, salientou o analista da cultura no Deral, Edmar Gervásio. Os 379,1 mil hectares ocupados na safra anterior devem cair para 317 mil hectares. A projeção é que se produzam 3,1 milhões de toneladas, contra 3,8 milhões de toneladas em 2022.
Em compensação, a atual safra – 2022/23 – tem estimativa de fechar em 17,8 milhões de toneladas, das quais 14 milhões da segunda safra e 3,8 milhões da primeira. Se efetivar, será a segunda maior da história no Paraná, ficando atrás somente da safra 2016/17, quando foram produzidas pouco mais de 18 milhões de toneladas.
- Feijão
A tendência que se projeta para o feijão primeira safra é de redução de 3,5% em área, de 116 mil hectares para 112 mil hectares. No entanto, a produção pode se expandir em 8,5%, passando de 199 mil toneladas para 216 mil toneladas. “O feijão pode recuperar bastante a sua produtividade”, analisou o economista Methodio Groxko.
Até agora foram plantados 4% da área. Da segunda safra 2022/23 não resta mais nada a campo. Dos 288 mil hectares plantados foram retiradas 465 mil toneladas de feijão. Pelo menos 92% já foram comercializados. O preço para o feijão cores está em torno de R$ 190,00 a saca de 60 quilos, enquanto o feijão preto sai por R$ 223,00.
- Trigo
A área de trigo semeada em 2023 no Paraná é de 1,41 milhão de hectares, 14% superior aos 1,23 milhão de hectares de 2022. Até agora foram colhidos 13%, gerando oferta de 488 mil toneladas. “Desde 2008 não se colhia um volume tão alto em agosto”, destacou Carlos Hugo Godinho. Em várias safras a colheita iniciou apenas em setembro.
O volume supera inclusive a capacidade paranaense de moagem mensal, estimada em cerca de 315 mil toneladas. Com isso, houve pressão nos preços, que recuaram abaixo de R$ 60,00 no mercado de balcão. “São os menores valores oferecidos ao produtor desde agosto de 2020”, disse o agrônomo responsável pela cultura no Deral. A expectativa é colher 4,5 milhões de toneladas no Paraná.
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- Batata, tomate e cebola
A batata teve redução de 5% na área plantada no Paraná, baixando de 15,3 mil hectares para 14,5 mil hectares. A expectativa de produção na safra 2023/24 segue o mesmo percentual, com previsão de 454,5 mil toneladas, contra 479,3 mil toneladas em 2022/23.
O tomate manteve praticamente o mesmo espaço de 2,4 mil hectares, mas a produção mostra tendência de aumentar em 3%, passando de 144,9 mil toneladas para 148,7 mil. Já a cebola retraiu a área em 19% em relação ao ano passado, passando de 3,3 mil hectares para 2,7 mil hectares.
“É um produto que vem sistematicamente reduzindo a área de produção, ainda que haja elevação de produtividade”, disse o engenheiro agrônomo Paulo Andrade, do Deral. A produção para a nova safra está projetada para 94,4 mil toneladas, contra 107,4 mil toneladas no ciclo anterior.
De acordo com o analista das culturas hortícolas no Deral, toda a área de cebola já está plantada. “É a primeira vez nos últimos 15 anos que isso acontece já em agosto”, disse Andrade. No caso do tomate, também é raro que 28% estejam plantados neste período. “Por enquanto o clima está ajudando, mas há sempre um risco caso haja uma geada tardia”.
- Café
A colheita do café da safra 2022/23 alcançou 82% da área de 25,8 mil hectares. No entanto, está atrasada, pois em anos anteriores já teriam sido colhidos 90%. Uma das razões é a florada não uniforme, que se estendeu de agosto de 2022 a janeiro deste ano. A outra é a falta de mão de obra nas regiões cafeeiras. “Esse é um fator preocupante”, disse o economista Paulo Sérgio Franzini, analista da cultura no Deral.
A estimativa é colher 41 mil toneladas, o que renderia 690 mil sacas de café. Segundo Franzini, a comercialização está bastante lenta, em função dos preços baixos praticados pelo mercado, em torno de R$ 760 a saca. Em anos anteriores, entre 15% e 20% já estariam vendidos neste período. Agora o índice está em 5%.