A destruição e os problemas causados pelas enchentes no Rio Grande do Sul (RS) já são comparadas por especialistas com os estragos deixados pelo furacão Katrina, que arrasou parte dos Estados Unidos em 2005, 19 anos atrás.
Embora o número de mortos e as áreas atingidas ainda sejam menores, profissionais da saúde já apontam várias semelhanças entre a tragédia no Rio Grande do Sul e o Katrina, que devastou Nova Orleans (EUA) e mais quatro estados norte-americanos. Mais de 1800 pessoas morreram naquela ocasião.
Na comparação entre as inundações no RS e o Katrina, especialistas apontam a falta de políticas de prevenção a desastres ambientais e a falta de coordenação centralizada na tomada de decisões.
Outras semelhanças também entre os dois desastres naturais está o colapso em vários hospitais, falta de medicamentos e outros produtos essenciais para as atuações das equipes de saúde, além da dificuldade logística para médicos e enfermeiros em chegar até as áreas mais afetadas pelas enchentes.
Inundações no RS e Katrina: tragédias parecidas
O médico Welfane Cordeiro Júnior, especialista em medicina de emergência, revelou em entrevista à Folha de S. Paulo um pouco do drama vivido nas duas tragédias.
“Estruturas como hospitais colabaram [colapsaram] em Nova Orleans, eles tiveram que fazer retiradas de pacientes. As equipes não conseguiam chegar aos hospitais. A gente está vendo o mesmo cenário no Sul, hospitais colabando e a dificuldade de as equipes de saúde chegarem”, relata.
A exemplo do que aconteceu durante a passagem do Katrina, pelo menos 17 hospitais do Rio Grande do Sul fecharam por causa dos alagamentos, segundo o governo gaúcho, e outros 75 têm atendimento parcial também em decorrência das enchentes no RS. Pacientes precisam ser transferidos a todo instante para hospitais de outros municípios.
Além disso, vários hospitais estão com falta de até 30% dos profissionais – muitos tiveram suas casas alagadas e tiveram que ser levados para abrigos, ou mesmo continuam ilhados em casa.
Cenário de guerra no Rio Grande do Sul
A falta de um comando unificado que trabalhe de forma coordenada é outro ponto de comparação entre as enchentes no RS e o furacão Katrina.
Outros médicos ouvidos pela Folha de S. Paulo contaram, sob condição de anonimato, que há muita dificuldade principalmente na liberação de medicamentos e outros insumos necessários para ajudar as vítimas das chuvas.
No último fim de semana, eles tiveram dificuldades para retirar medicamentos na farmácia central porque havia a exigência de um farmacêutico no local, mas não havia profissionais disponíveis.
O governo gaúcho já alerta para a falta de itens básicos como luvas, esparadrapo, gaze, soro fisiológico, fraldas e repelentes.
O médico de família André Luiz da Silva, que gerencia dois abrigos em Porto Alegre com quase 2 mil desalojados, descreve a situação como “cenário de guerra”. “Temos informação de que até material de coleta de exame, como garrote e seringa, pode faltar. Está cada vez mais racionado”, desabafa.
Katrina causou mais de 1800 mortes em 2005
Há 19 anos, em agosto de 2005, o furacão Katrina deixou um rastro de destruição em Nova Orleans (Louisiana) e em outros quatro estados norte-americanos. Os ventos de mais de 130 km/h e o excesso de chuvas deixaram várias cidades completamente embaixo da água. Mais de 1800 pessoas morreram em decorrência do desastre.
Coleta de doações do Instituto Solange Massa e parceiros
Os moradores de Curitiba e Região Metropolitana podem entregar as doações de alimentos, roupas e água mineral para serem enviadas ao Rio Grande do Sul em alguns dos parceiros do Instituto Solange Massa. Veja a lista dos pontos de coleta.
O que doar
- água mineral
- alimentos não perecíveis
- itens de higiene
- materiais de limpeza
- ração para pet
- roupas de cama e de banho
- colchões em bom estado
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