Especialista diz que falta de padronização dos protocolos sanitários confunde população

A falta de padronização dos protocolos sanitários está confundindo a população e pode adiar o da pandemia de covid-19. É o que analisa a farmacologista da Escola Paulista de Medicina, Soraya Smaili, que foi Reitora da Unifesp no período 2013-2021 e é coordenadora adjunta do Centro de Saúde Global (CSG) da universidade e do Centro SOU Ciência, lançado em julho.

“A situação mais preocupante para nós agora é a falta de coordenação nacional de todas as ações. Vemos cada cidade e cada estado fazendo regras diferentes e não temos uma coordenação nacional que orquestre isso, que dê coordenadas firmes, precisas, corretas, baseadas em evidências científicas”, afirma a professora.

“Então, o que acaba acontecendo é que a população fica perdida. Tem cidade que está agora permitindo tirar a máscara em ambientes externos, mas tem que usar em ambiente interno; tem cidade que mantém normas para os distanciamentos, outros já flexibilizaram em ambientes fechados. Isso deixa a população confusa, é muito difícil nos comunicarmos com a população diante de uma falta de coordenação nacional ou de alinhamento e parcerias na condução da pandemia”, completa.

Segundo a professora, há cidades próximas com regras diferentes, como os municípios da Região Metropolitana de São Paulo, por exemplo. O mesmo também ocorre no Rio de Janeiro e em cidades próximas de Curitiba, conforme exemplificado por Soraya. “O ideal seria que nós adotássemos as evidências científicas para alinhar regras e diretrizes claras entre todos os municípios e assim podermos fazer a remoção da máscara de maneira segura e no momento adequado”, pondera.

Com relação à vacinação, também há certa confusão, de acordo com a especialista. Isso porque cada cidade está estabelecendo o seu esquema vacinal e cada estado determina intervalos diferentes entre a primeira e a segunda dose.

Cuidados devem ser mantidos

Soraya também aponta que está havendo uma diminuição no número de casos de covid-19 e de mortes pela doença. A média móvel de mortes está caindo, com números abaixo de 400 há duas semanas. Entretanto, a queda é mais lenta em outubro do que foi em setembro proporcionalmente.

“É importante notar que a queda no número de casos está acontecendo, nós estamos chegando aos números de abril de 2020, mas é preciso continuar a vacinação e principalmente a utilização das máscaras e as medidas de distanciamento de segurança e de controle com as testagens. Tudo isso faz parte de um contexto para chegarmos ao objetivo e ultrapassarmos a pandemia”, alerta.

De acordo com a farmacologista, os números são importantes e o momento é favorável, mas não é hora para descuidar. “Temos que continuar a vacinação, porque o Brasil atingiu pouco mais da metade da população com o esquema vacinal completo. Quando chegarmos a mais de 80-90% da população com as duas doses, com esquema vacinal completo, teremos um panorama um pouco mais sedimentado em relação ao momento epidemiológico e à proximidade da superação da pandemia”, avalia.

Com base neste cenário, a farmacologista considera que anúncios de alguns governantes sobre a retirada do uso obrigatório de máscaras são temerários, porque as pessoas podem entender isso como um relaxamento e como o fim da pandemia, quando a pandemia ainda não terminou. É possível inclusive que o coronavírus permaneça por um tempo circulando. Assim, o uso de máscara é fundamental até que haja a certeza de que não surgirão novas variantes.

Foto: Geraldo Bubniak/AEN

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