No Dia Nacional da Consciência Negra, lembrado nesta segunda-feira (20), os especialistas orientam sobre a necessidade de repensar o uso de termos e expressões que reforçam o racismo.
Há casos em que essas palavras são reproduzidas sem que as pessoas tenham o histórico da origem delas.
Vale ressaltar que, para conscientizar sobre o tema, a Defensoria Pública da Bahia lançou o Dicionário de Expressões (Anti) Racistas.
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A cartilha cita expressões como “a coisa tá preta”, em que a cor preta ou negra é usada em uma conotação negativa, e propõe a substituição para “a situação está difícil”.
Além disso, outro exemplo de expressão considerada racista é “cabelo ruim”para se referir ao cabelo crespo ou cacheado.
A publicação também aponta as expressões “mercado negro, magia negra, himor negro e ovelha negra”, em que a palavra ‘negro’ representa algo pejorativo, prejudicial, ilegal. Como alternativa, recomenda-se o uso de mercado clandestino, lista proibida ou humor ácido.
O termo “boçal”, está descrito na cartilha como “referência aos escravizados que não saibam falar a língua portuguesa. Essa desqualificação também é uma das formas de racismo que, segundo o linguista e professor da Universidade Federal do Sul da Bahia Gabriel Nascimento, persiste nos dias atuais.
Influência africana
Uma das maiores demonstrações do racismo na língua portuguesa no Brasil é a falta de estudo da influência das línguas africanas na formação do idioma, segundo Gabriel Nascimento.
“O fato de a gente levar 14 anos na educação formal tentando aprender a diferença entre adjunto adnominal e complemento nominal mostra o quão colonial, o quanto de racismo linguístico a gente tem no nosso português. Porque a gente não identifica a importância das línguas bantus [grupo étnico africano], a sua influência nos falares do Brasil”, afirma o pesquisador.
*Com supervisão de Gabriel Sartini