COP 27 – O que fazer com mais de 82 milhões de toneladas de lixo produzidas anualmente no Brasil?

Assunto amplamente debatido na COP 27, a gestão de resíduos é essencial para redução dos impactos globais no clima. Como destaque mundial, países africanos lideram iniciativas e ações para redução de lixo, estimulando a economia circular. Mas, em contrapartida, outros locais ainda enfrentam desafios sobre o tema, como o Brasil, onde a produção de lixo corresponde a mais de 82 milhões de toneladas por ano e apenas 2% dela é reciclada, de acordo com dados do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, divulgados em 2022. Como medida, o governo federal anunciou, a meta de zerar os aterros até 2024 e realizar o tratamento correto e reciclagem de resíduos até 2040, temas também apresentados e discutidos na conferência. 

Foto: Divulgação

Porém, como fazer tudo isso em pouco tempo, conectando o meio ambiente e todos os seus impactos? Isso porque a decomposição do lixo aumenta a emissão de carbono, conforme estudo do Departamento de Economia do Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana (Selurb) são 6 milhões de toneladas de dióxido de carbono que vão para a atmosfera com a gestão incorreta dos resíduos.

Além disso, em contato com o solo, o lixo contamina a terra, lençóis freáticos, nascentes e rios de água potável, podendo causar doenças ou mortes. Com o tratamento correto é possível minimizar esses impactos, além de gerar fonte de renda para as pessoas, contribuindo para o impacto social e a economia circular. No território brasileiro, atualmente, há o crescimento de startups e instituições com esse propósito: unir a redução de resíduos com a geração de empregos:

Assim como o Uber e o iFood concentraram os diferentes elos de suas cadeias produtivas em uma plataforma, a 4H está reunindo todos os agentes determinantes para tratar o lixo de forma sustentável. Todos ganham dinheiro: desde uma grande empresa que precisa ter controle na destinação de seus resíduos até os moradores da região que reciclam os materiais. Todos ganham valor: a meta é zerar a destinação de todos os tipos de resíduos para aterros sanitários até 2030. Neste momento, são 40 hubs em formação no país, 4 deles já implantados em uma das principais indústrias de bebidas do país. 

“Somos um ecossistema que conecta aqueles que querem transformar o lixo em ouro. Os Centros de Distribuição de grandes empresas já estão instalados em locais estratégicos. Cada um, ao se juntar à 4H, dá o pontapé para iniciarmos a construção de um hub local, onde integramos todos os agentes necessários para o descarte e venda dos recicláveis. Fazemos uma gestão de ponta a ponta de forma inclusiva e com métricas reais. São práticas verdadeiras de ESG, alinhadas aos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU)”, afirma a CEO da 4H, a arquiteta e urbanista Ana Arsky. 

A 4H (4 Hábitos para Mudar o Mundo) foi criada em 2019, no Distrito Federal. É a primeira empresa do DF certificada pelo Sistema B – uma comunidade global de líderes que usam os seus negócios para a construção de um sistema econômico mais inclusivo, equitativo e regenerativo para as pessoas e para o planeta. “O pensar, o sentir e o agir estão alinhados para colocarmos em prática as intenções das empresas de serem melhores para o planeta. E isso começa com 4 hábitos: separar, reduzir, recuperar e multiplicar”, diz Ana.

Além do Sistema B, a 4H é membro do Instituto Capitalismo Consciente Brasil (ICCB) e da Humanizadas. Está presente no CUBO Itaú, o maior hub de startups da América Latina. É ainda membro cofundador do ∞labs, uma catalisadora de ecossistemas voltados para a economia infinita, uma nova onda de modelos de negócios que chega após o boom das startups. Já passou por programas de aceleração de instituições como Sebrae, Bossanova, Deloitte Brasil e UK,  B2Mamy, Distrito, Seed MG, FiNEP, FAP DF, Planeta Startup da Microsoft e RedeTV!, Amcham e Inovativa de Impacto da Certi.

“O próprio lixo financia o tratamento dele: é auto sustentável”, destaca Ana Arsky

Como funciona – O lixo é autodeclaratório no mundo inteiro e fabricantes de quaisquer produtos, ou até mesmo serviços, descartam resíduos que sobram de seus processos. A 4 Hábitos para Mudar o Mundo, ou apenas 4H, avalia e metrifica o que as companhias têm feito com seu lixo, sendo capaz de colocar em prática um novo processo envolvendo colaboradores, gestores e equipes parceiras. Desta forma, ao final da execução de seu trabalho de alinhamento das ações necessárias, faz com que o volume de recicláveis aumente consideravelmente. 

Para isso, a 4H age em uma jornada dividida em seis etapas. Durante a avaliação (1) é feito, em apenas dois dias, um diagnóstico do potencial de resíduos do estabelecimento. Com o diagnóstico (2) em mãos, tem-se o resultado comparativo com cruzamento de dados dos últimos três meses. Em seguida, é a vez de configurar (3), quando é feita a implantação do suporte, equipamentos e estratégia para descarte correto. Durante o treinamento (4) é realizada a estruturação a partir da comunicação e capacitação presencial dos operadores e educação para os colaboradores. A seguir, na etapa de logística (5), é feita a trilha de coleta de resíduos com rastreabilidade e, então, na plataforma (6), é construído o painel de controle digital e estoque de documentação. 

“Durante cada fase, setores diversos da empresa, como inovação, logística, RH e financeiro, são envolvidos no processo, tornando-o linear, consistente e eficaz”, conta Ana Arsky, cofundadora e diretora executiva da empresa. 

A 4H faz toda a gestão, de ponta a ponta, gerindo os fluxos de  materiais e financeiros, tendo catadores treinados atuando no controle de qualidade. Com isso, ela auxilia a empresa a fortalecer verdadeiramente sua cultura de sustentabilidade. “Esses profissionais possuem habilidades únicas, em qualidade e agilidade. Devidamente remunerados nesse trabalho, o círculo virtuoso se completa e todos saem ganhando”, afirma Ana.

Essas mudanças não impactam apenas quem está diretamente envolvido no processo daquela empresa, mas também ajuda a reverter as mudanças climáticas e a promover igualdade social. “Hoje, a grande maioria das empresas pagam para o serviço de coleta levar para o aterro seu lixo e gerar mais poluição, enquanto é possível, por meio do trabalho da 4H, que elas recebam pagamento pelo seu lixo reciclável possibilitando, ainda, melhorias expressivas na qualidade de vida dos catadores e de suas famílias que têm suas rendas ampliadas a partir do serviço de controle, além do reflexo positivo nas comunidades moradoras das periferias que circundam os aterros sanitários”, explica Ana.

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