Um homem de 53 anos da Alemanha, que tinha o vírus HIV, além de ter um quadro de leucemia se curou da AIDS. O anúncio do estudo foi feito na segunda-feira (20) na revista científica Nature Medicine e foi realizado por cientistas do Hospital Universitário de Düsseldorf.
A publicação não identifica o nome do homem, mas ele é classificado como “paciente de Düsseldorf”, tinha leucemia, HIV tipo 1 (HIV-1), cujo virus entrou em remissão após ele receber céluas-tronco de um doador com genética resistente ao vírus.
Segundo o médico Guido Kobbe, responsável pelo procedimento, o objetivo era ‘controlar tanto a leucemia quanto o vírus HIV’. O paciente de Düsseldorf tinha leucemia do tipo meloide aguda, que foi diagnosticada em 2011. Seis meses depois, ele começou o tratamento contra o vírus da AIDS.
Em 2013, para conter o avanço do câncer, ele passou por um transplante de medula óssea e, neste momento, os especialistas procuravam por um doador que tivesse o CCR5, uma mutação genética que torna o indivíduo resistente à maioria das cepas do HIV, que culmina no bloqueio da infecção, paralisando a replicação viral.
Cinco anos depois, em 2018, os médicos interromperam o tratamento com o antiviral para saber se ele foi curado e o paciente alemão não tinha traços do virus da AIDS que provocasse uma infecção, apontando para a cura.
“Passados quatro anos da interrupção do tratamento, a ausência de rebote viral e a ausência de correlatos imunológicos da persistência do antígeno HIV-1 são fortes evidências de cura do HIV-1”, relata o estudo dos cientistas
Cinco casos de cura
Em 2009 foi registrado o primeiro caso de cura do HIV a partir de um transplante de medula óssea. Timothy Ray Brown, conhecido por “paciente de Berlim”, foi curado após o tratamento, viveu 12 anos sem o vírus e faleceu em 2020 por conta de um câncer
O segundo caso é de um homem, conhecido como “paciente de Londres”, não apresenta sinais do vírus há 30 meses. Ele passou pelo mesmo procedimento que o primeiro infectado curado em 2011, chamado de “paciente de Berlim”. O tratamento inclui duas sessões de transplante de células-tronco de doadores específicos, com gene resistente ao HIV. O intuito é tornar o vírus incapaz de se replicar no corpo do paciente ao substituir as células de defesa.
O terceiro caso mundial de eliminação de HIV em pacientes foi anunciado em 2022. Uma mulher de 50 anos, que, após receber um transplante de células-tronco, registrou melhora da doença.
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De acordo com os pesquisadores, a paciente precisou receber sangue do cordão umbilical para tratar a leucemia mielóide aguda – um câncer que começa em células formadoras de sangue na medula óssea. Como o doador tinha uma alta taxa de resistência à doença, a mulher apresentou cura do HIV e está livre do vírus há 24 meses.
O quarto caso de cura da AIDS foi em 2019, quando um homem de 66 anos, que tinha diagnóstico de HIV desde 1988, recebeu o transplante de células-tronco e permaneceu em estado de remissão, ou seja, o vírus não voltou.
Transplante de célula-tronco
Considerado um procedimento de alto risco, o transplante de célula-tronco tem o papel de substituir o sistema imunológico de um indivíduo pelo de outra pessoa e, a parti desta ‘troca’, o sistema imunológico com problema passa a se recompor a partir das células-tronco transplantadas.
Para acontecer a cura do vírus da AIDS, o doador deve ter uma anormalidade genética rara, que garante resistência ao vírus HIV.
Essa mutação é conhecida como CCR5-delta 32 no DNA e, ao mesmo tempo, doador e receptor devem ser compatíveis para garantir o sucesso do procedimento.
