O policial militar que matou seis familiares e mais duas pessoas na região Oeste do Paraná deixou uma mensagem explicando a chacina, antes de tirar a própria vida. Em áudio enviado à família e amigos após os homicídios, o PM Fabiano Junior Garcia, de 37 anos, pediu desculpas, afirmou que não conseguia viver sem a esposa e afirmou que fez isso “para não deixar peso para ninguém”.
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Os homicídios aconteceram em Toledo e Céu Azul. O PM matou a esposa, os três filhos, a mãe, o irmão e duas pessoas que passavam pela região.
No áudio, o PM citou que a esposa, Kassiele Moreira, provavelmente iria querer se separar e que ele tinha depressão. Além disso, afirmou que estava passando por problemas financeiros e que a mãe dele também estava em uma situação difícil, por isso matou “para não deixar peso para ninguém”. Ouça:
Confira a descrição da mensagem:
“Família me desculpa, me desculpa. Mas eu não ia conseguir viver sem a Kassiele. Me desculpa. Ela já não estava mais suportando o jeito que eu lidava com ela, não estava mais suportando se eu ia dar atenção pra ela ou não, e ela deixou a entender que não fazia questão de continuar comigo. Então se é assim, como eu me dediquei toda a minha vida por ela, e eu dediquei de todo coração mesmo, desisti de pensar em qualquer outra pessoa, pensar em pular a cerca, para poder dar atenção, dar valor para ela. Eu entrei em um momento de depressão, entrei nesse maldito jogo, para mim como uma válvula de escape para a minha depressão e me distanciei dela. E ela se acostumou com isso.
E daí agora ela disse que tanto faz, então se ela tanto faz, ela não quis mais ficar comigo, ela disse que possivelmente iria separar, não iria ficar comigo do jeito que eu sou, eu sou com as coisas do meu jeito, então se é assim, eu já estava querendo fazer isso mesmo, porque eu já não consigo conviver com a situação da minha mãe, problema que tem. Eu vivo financeiramente f*****, alguém iria ter que arcar com as despesas de tudo lá. Então para não deixar peso para ninguém, eu fiz isso”.
O policial era do 19º Batalhão de Polícia Militar de Toledo e estava há 12 anos na corporação.
Corporação afirma que ele não tinha indícios de problemas psicológicos
Em entrevista coletiva, o Comandante-Geral da PMPR, Coronel Hudson Leôncio Teixeira, falou sobre o ocorrido. Teixeira afirmou que Fabiano Garcia teve um dia normal de trabalho, e que tudo aconteceu após o fim do expediente, entre a noite de quinta (14) e a madrugada desta sexta-feira (15).
Segundo o Comandante-Geral, os superiores de Fabiano afirmaram que não havia indícios de que o PM tivesse a intenção de cometer os crimes.
“Não havia indicativos, fora a questão da separação e as dívidas que ele tinha. Era um excelente policial, pelo que foi dito. Causou estranheza, surpresa e decepção para todos nós essa situação”.
Nota da PM
“A Polícia Militar está consternada e lamenta profundamente o ocorrido nas cidades de Toledo-PR e Céu Azul-PR.
O policial militar que prestava serviços no 19º Batalhão em Toledo não tinha histórico que pudesse indicar problemas psicológicos e atuava como motorista do Coordenador do Policiamento da Unidade.
Desde dezembro de 2020 a região conta com o apoio do programa PRUMOS, que disponibiliza atendimento psicológico e social aos militares e dependentes, com profissionais contratados para atuar nas Organizações Policiais Militares”.
Nota da SESP
“A Secretaria da Segurança Pública lamenta o caso ocorrido em Toledo e Céu Azul e informa que as Polícias Civil, Militar e Científica não medirão esforços para apurar a motivação dos fatos.
Foi instaurado inquérito policial nas delegacias de ambas as cidades (Toledo e Céu Azul). Perícias foram realizadas nos locais e equipes de investigação seguem na coleta de informações e realizam diligências para concluir o caso.
Segundo a Polícia Militar, o policial, que prestava serviços no 19º Batalhão, em Toledo, não tinha histórico que pudesse indicar problemas psicológicos.
A Secretaria ressalta ainda que conta com o Programa de Atenção Psicossocial (PRUMOS), implantado em todo o Estado, desde 2020, para oferecer atendimento psicossocial a servidores e familiares. Neste caso, as equipes do PRUMOS de Foz do Iguaçu e Toledo já estão atuando no suporte à família das vítimas. Além disso, uma equipe da capital também irá para a região para fornecer todo o apoio necessário”.