Um homem de 41 anos, morador de São Lourenço do Oeste (SC), foi salvo de uma osteomielite fúngica no maxilar, doença extremamente rara e agressiva que necrose o osso e leva à perda dos dentes.
O caso, que se tornou um estudo internacional, aconteceu em Curitiba e foi tratado com sucesso pelo cirurgião maxilo-facial André Zétola, do Instituto Zétola.
Diferente da maioria dos casos, que atinge o sistema nervoso central e leva à morte, a doença afetou o maxilar de Ricardo Fratin. Em um primeiro momento, a infecção fúngica foi combatida e a vida do paciente salva.
Na sequência, o osso maxilar necrosado foi reconstruído utilizando células-tronco do próprio Ricardo, uma técnica inovadora e bem-sucedida.
“Essa doença é extremamente rara e agressiva, necessitando de um tratamento rápido e eficaz”, explica Zétola.
“Em um primeiro momento conseguimos debelar a infecção fúngica, preservando a vida do paciente. E num segundo momento, conseguimos reconstruir todo o osso maxilar dele usando suas próprias células-tronco, o que é uma abordagem inovadora e bem-sucedida. Casos assim reforçam a importância de um diagnóstico precoce, além de ação imediata do cirurgião e da habilidade técnica na condução do tratamento”
André Zétola.
Doença rara e agressiva atinge pessoas com baixa imunidade
A mucormicose, fungo responsável pela osteomielite, é encontrada em solo, bolor de pães, vegetais e frutas em decomposição. Geralmente, não afeta pessoas saudáveis, mas sim indivíduos com imunidade comprometida, como diabéticos, portadores de HIV ou em tratamento quimioterápico.
Ricardo, na época com 34 anos, sofria de depressão profunda por perdas pessoais, o que pode ter contribuído para o desenvolvimento da doença.
Sintomas da osteomielite fúngica no maxilar incluem dor, amolecimento dos dentes, febre, dor de cabeça, letargia, celulite facial, parestesia, secreção nasal e cornetos necróticos.
Caso raro se torna estudo internacional
Após a remoção do osso necrosado e a erradicação da infecção, Zétola utilizou um fator de crescimento para atrair células-tronco do próprio paciente e promover a regeneração óssea.
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Em seis a oito meses, o osso do maxilar se reconstruiu sozinho, permitindo a colocação de implantes dentários.
A complexa e grave situação de Ricardo, transformada em um sucesso médico, tornou-se um estudo de caso internacional.
A primeira etapa do estudo, mostrando o alastramento do fungo antes da segunda cirurgia de remoção óssea, foi publicada na revista científica Journal of Contemporary Diseases and Advanced Medicine (JCDAM). Já o segundo artigo, mostrando a regeneração óssea por células-tronco e após a colocação das próteses, deve ser publicado em breve.