A Polícia Civil do Paraná (PCPR) ouviu, nesta quarta-feira (12), a farmacêutica de Curitiba investigada pela venda do curso sobre peeling de fenol. Natalia Becker, influencer de São Paulo (SP) responsável pelo procedimento que resultou na morte de Henrique Chagas, de 27 anos, fez o curso.
A farmacêutica Daniele Stuart foi prestar esclarecimentos sobre suposta prática ilegal de medicina em Curitiba. De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, o procedimento de peeling de fenol é invasivo e apenas por médicos dermatologistas habilitados, preferencialmente em ambiente hospitalar, devem realizá-lo.
Daniele Stuart foi ouvida pela Delegacia de Repressão Aos Crimes Contra a Saúde. A delegada Aline Manzatto falou mais sobre o caso.
“A Polícia Civil já instaurou inquérito policial para apurar possível exercício ilegal da medicina por parte dessa farmacêutica, uma vez que ela fazia também peeling de fenol nas pacientes. Além disso, apura uma possível falsificação de documento particular, tendo em vista a emissão de certificados de cursos por ela ministrados”,
explica a delegada.
A atuação da farmacêutica em Curitiba é investigada pela PCPR após pedido da Polícia Civil de São Paulo, que apura o caso da morte de Henrique Chagas.
De acordo com a delegada Aline Manzatto, nos próximos dias o inquérito do caso de São Paulo será analisado e testemunhas devem ser ouvidas.
Farmacêutica se defende de acusações sobre curso de peeling de fenol
Após o depoimento, Daniele Stuart e seu advogado, Jeffrey Chiquini, concederam entrevista à Rede Massa | SBT.
A farmacêutica afirmou que tem mais de 3000 alunos e ministra o curso de peeling de fenol há um ano e meio. Ela defende que a influencer Natalia Becker não seguiu as recomendações do curso.
“Natalia não cumpriu o protocolo que eu menciono no curso. Nós, que somos da estética, sabemos que o peeling deve ser aplicado em pele íntegra, e Natalia dilacerou o rosto de seu paciente antes da aplicação do fenol, aumentando exponencialmente o risco desse paciente”, afirma.
Jeffrey Chiquini afirmou que Daniele foi prestar esclarecimentos de forma espontânea.
“Queremos contribuir, porque Natalia praticou um crime. Não habilitada para atuar nesse seguimento, comprou fenol por mercado paralelo e aplicou de forma errada a técnica em uma vítima. Se Natalia tivesse seguido o protocolo da professora Daniele, isso não teria acontecido”, diz o advogado.
Peeling de Fenol: entenda o caso
Henrique Chagas, empresário de 27 anos, morreu no dia 3 de junho após fazer um peeling de fenol em São Paulo (SP).
A intervenção estética é considerada invasiva e agressiva. Além disso, promete rejuvenescimento da pele, deixando a pessoa com uma aparência mais jovem. No entanto, o fenol usado para o procedimento é cardiotóxico e pode causar arritmia, parada cardíaca, alergias e risco hepático.
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Os especialistas afirmam que o peeling de fenol em todo o rosto só pode ser feito em centros cirúrgicos.
A causa da morte de Henrique Chagas é investigada e a polícia aguarda o resultado dos exames toxicológico e anatomopatológico para saber se o uso do fenol provocou a morte do empresário.
Natália Becker foi indiciada por homicídio com dolo eventual, ou seja, quando não há intenção, mas se assume o risco de matar.