Conheça as principais lendas urbanas de Curitiba

Assim como toda capital, Curitiba tem uma série de lendas urbanas que são passadas de geração em geração. Estes contos, que combinam fantasia e realidade em uma junção de elementos sobrenaturais com o cenário das cidades, alimentam o imaginário popular dos moradores.

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Cavalo Babão e Maria Bueno, lendas de Curitiba. Fotos: Prefeitura de Curitiba e Clarissa Grassi/Reprodução

Algumas destas lendas são super conhecidas, como a famosa Loira Fantasma e a lenda da Santa Maria Bueno. Mas outras não estão tão presentes no dia a dia dos curitibanos, como a lenda por trás do Cavalo Babão, ponto conhecido do Largo da Ordem.

Em clima de Halloween, o Massa News traz algumas das lendas da capital paranaense. Para isso, o portal conversou com a escritora Luciana do Rocio Mallon, autora do livro Lendas Curitibanas. 

Luciana começou a se interessar por lendas urbanas ainda criança, quando ouvia as histórias contadas pela mãe e outras mulheres mais velhas. Na escola, também pedia para ouvir causos de professores e colegas. Já adulta, quando trabalhava no comércio, ela perguntava para as clientes quais lendas elas conheciam.

A partir destes relatos orais e outras pesquisas, a escritora produziu o livro, que conta com dezenas de lendas urbanas de Curitiba.

“Minhas fontes são várias: pessoas da família, vizinhas, colegas de trabalho, freguesas, conversas aleatórias no transporte coletivo e meios de comunicação em geral”, conta.

Lendas urbanas de Curitiba

Loira Fantasma

Segundo Luciana, o conto da Loira Fantasma de Curitiba é baseado em uma lenda do Sul do país. Ela conta sobre uma mulher loira e bonita, chamada Lurdes, que morava na capital. Certa noite, ela pegou um táxi e foi violentada e morta pelo motorista. O espírito da mulher continuou pela cidade e o homem seguiu trabalhando.

Um mês depois, uma mulher de capa preta parou o carro do taxista, e pediu para ser levada até o Cemitério Municipal. No caminho, ela se revelou como a loira morta pelo homem, e ele morreu após sofrer um ataque ao ver o fantasma.

Leia o texto na íntegra:

A Lenda da Loira Fantasma de Curitiba

Prestem atenção na história que vou contar…
Pois este conto é de arrepiar!
É uma lenda famosa dos anos setenta
E que até hoje faz sucesso e arrebenta!

Lurdes era uma loira muito bonita,
Que morava na cidade de Curitiba!
Certa noite, ao sair muito tarde,
Ela resolveu pegar um táxi sem alarde

Mas o taxista era um psicopata tarado,
Que estava muito perturbado!
Então, ele levou a loira para o matagal
Estuprou e matou a pobre com todo o seu mal!

Mas, o que ele não sabia
É que a loira pertencia
A uma seita de magia!

Por isto, o espírito da loira ainda rondava
A cidade como uma escrava
Um mês se passou e o mesmo taxista
Ainda trabalhava na estrada e na pista

Ele estava trabalhando numa noite de chuva e de frio,
Que a todos causa um tremendo arrepio!
Então, uma mulher com capa preta e escura
Pediu para que o táxi parasse de uma forma dura!

O táxi parou e a mulher entrou no carro com o rosto coberto
No meio daquele caminho deserto
Pedindo para o motorista seguir em direção ao Cemitério Municipal
Com uma voz misteriosa e nada normal

Chegando na rua nebulosa do cemitério
A mulher disse ao motorista com todo o mistério:
“Pode me deixar aqui, minha morada é um túmulo decente…
Mas você gostaria que fosse diferente “

O motorista então falou:
“Não estou entendendo nada
Pare de brincadeira, pois já é madrugada!”

Então, a moça tirou o seu escuro véu,
Que mostrou o seu rosto de um jeito cruel!

A loira assim falou :
“Sou a mulher que você matou com loucura,
Que agora deseja colocar seu corpo numa sepultura! “

O motorista reconhecendo o fantasma
Teve uma ataque de asma
E morreu asfixiado
No seu carro, todo congelado!

Mas o fantasma da loira continuou assustando vários taxistas…
Porém, sua alma nunca deixou rastros e nem pistas.

Luciana do Rocio Mallon

Gato Bóris

Outra das lendas urbanas de Curitiba é a do Gato Bóris, que tem várias versões. A mais conhecida e contada por Luciana fala sobre um gato preto de olhos cor de mel chamado Bóris, que vivia em uma livraria no Largo da Ordem e usava um laço de cetim vermelho no pescoço.

A lenda conta que, nas noites de sexta-feira de Lua Cheia, ele se transformava em um rapaz negro, que usava uma blusa de rock e o mesmo laço de cetim no pescoço. O jovem namorava as moças que passavam pelo local até a meia-noite, quando o feitiço terminava e ele voltava a ser o Gato Bóris.

Maria Bueno

A história da Santa Maria Bueno é muito conhecida em Curitiba e já passou por várias versões, que misturam fatos reais com suposições. Maria Bueno realmente existiu e hoje seu túmulo no Cemitério Municipal recebe várias homenagens.

Na versão contada por Luciana Mallon, a partir de pesquisas históricas e relatos de pessoas mais velhas, Maria Bueno era de Morretes, mas veio morar em Curitiba para cuidar de um casal de idosos. Após a morte deles, ela trabalhou como lavadeira, mas com o pouco dinheiro que ganhava, foi trabalhar em um bordel.

Neste local ela conheceu o soldado Diniz, e os dois se relacionaram. Em uma discussão, o soldado matou Maria Bueno, cortando seu pescoço.

Dias depois, o próprio Diniz morreu da mesma forma, executado por ordem de um militar. A população que conhecia a história começou a orar por Maria Bueno, que se tornou uma santa popular e ganhou fama de milagreira. No seu túmulo no Cemitério Municipal, fiéis oram e pagam promessas.

Veja o poema da lenda de Maria Bueno, escrito por Luciana Mallon:

A Lenda Maria Bueno, a Santa de Curitiba

A divina e mágica Maria Bueno
Nasceu num lugarejo sereno
Chamado Morretes, no Paraná, perto do litoral
No século dezenove, de um jeito muito original!

Ela era a última menina de uma série de sete filhas
Ela era a última destas sete maravilhas
A superstição sempre comenta de uma forma natural,
Que toda a sétima filha nasce com poder paranormal!

Quando era adolescente
Maria, toda inocente
Decidiu entrar para o convento
Mas os religiosos sem sentimento 

Mandaram a menina para Curitiba,
Que era uma terra desconhecida,
Para que ela cuidasse de um casal de idosos,
Que eram velhos, porém caridosos!

Mas, este casal de idosos faleceu
E a pobre Maria Bueno ficou no breu!
Então, ela decidiu trabalhar como lavadeira 
Porém, a vida não era brincadeira!

O dinheiro não dava para comprar pão e nem mel
Então, ela foi obrigada a trabalhar num bordel!

Mas um soldado psicopata e infeliz 
Chamado Diniz
Se apaixonou pela Maria, vestida de meretriz!

Uma noite ele proibiu de um jeito cruel
A amada de trabalhar no bordel!
Porém, Maria não obedeceu 
E o seu algoz se enfureceu

Matando a pobre figura
Sem piedade e sem ternura!
Com uma navalha, ele arrancou o pescoço de Maria,
Causando na população muito medo e agonia!

Dias depois, o próprio Diniz
Morreu da mesma forma infeliz
Decapitado com muito ódio e raiva
Por ordem do comandante Gumercindo Saraiva!

Hoje, Maria Bueno está enterrada num túmulo azul do Cemitério Municipal
Ela é a santa do povo, que faz milagres de um jeito especial.

O Cavalo Babão do Eclipse

Os curitibanos certamente conhecem a Fonte da Memória no Largo da Ordem, mas chamam por outro nome: “Cavalo Babão”. O monumento traz uma cabeça de cavalo na fonte, feita em homenagem aos imigrantes.

E a obra também tem espaço entre as lendas urbanas de Curitiba. Segundo Luciana Mallon, o conto popular fala sobre uma égua de um fazendeiro, chamada Lua, que entrou em trabalho de parto. Era noite de eclipse, e a lenda dizia que os potros que nasciam na noite deste fenômeno ficavam “babões” pelo resto da vida.

Cumprindo a profecia, o animal nasceu babando e continuou assim conforme o tempo passava. O cavalo era maltratado constantemente pelos filhos do fazendeiro, até que este, cansado da situação, pediu para que seus empregados vendessem o animal no Largo da Ordem, no mercado de trocas.

Porém, ninguém queria comprar o cavalo babão. O fazendeiro, então, pediu aos empregados que dessem o cavalo de presente para a primeira pessoa que gostasse dele. E esta pessoa foi um menino de rua que andava pelo Largo da Ordem, que disse querer muito um animal de estimação.

O cavalo levou o garoto até um bosque, até que apontou a pata para um lugar no chão. O menino cavou o local, e encontrou um baú, cheio de ouro e joias.

O garoto comprou um pequeno sítio e tentou construir um monumento ao seu melhor amigo, o cavalo babão. Mas as autoridades não deixaram. Quando o animal morreu, ele prometeu enterrar o amigo no lugar que ele mais gostava: o Largo da Ordem.

“Coincidentemente, no século XX, em meados dos anos noventa, foi inaugurada a fonte de um cavalo babão bem no local onde o bicho desta Lenda Urbana foi enterrado no século XIX”, conta Luciana Mallon.

A Noiva Loira do Belvedere

Esta lenda contada por Luciana Mallon fala sobre uma adolescente loira dos olhos azuis chamada Esther. O passatempo favorito da jovem era ver a estrelas do mirante do Palácio Belvedere, localizado na Praça João Cândido, no bairro São Francisco.

Esther tinha um padrasto que sempre tentava abusá-la, e se escondia no mirante quando ele estava bêbado. Certo dia, o homem a obrigou a se casar com um idoso muito rico. No dia da cerimônia, em uma noite sem estrelas, ela se recusou a entrar na igreja e foi chicoteada pelo padrasto

Ela entrou na igreja e se casou. Chegando na sua nova residência, ainda machucada e de vestido de noiva, foi violentada pelo marido. Depois disso, Esther saiu correndo, se jogou do mirante do Belvedere e morreu.

A lenda conta que a jovem odeia os homens e por isso, nas noites de Lua Cheia, ela seduz rapazes até o mirante e os mata.

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